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A nomeação de Karoline Leavitt como nova secretária de imprensa da Casa Branca para o presidente eleito Donald Trump trouxe à tona questões sobre suas posições e ações após os eventos tumultuados de 6 de janeiro de 2021, quando um grupo de apoiadores de Trump invadiu o Capitólio dos Estados Unidos. Leavitt, que já se destacou por seus comentários em apoio ao então vice-presidente Mike Pence naquele dia fatídico, deletou mensagens que celebravam a certificação das eleições de 2020 por Pence. A mudança em sua postura, assim como sua recente candidatura à Câmara dos Representantes, revela as tensões e transformações dentro do Partido Republicano diante da narrativa de fraude eleitoral perpetuada por Trump e seus aliados.
Karoline Leavitt, que tinha apenas 23 anos na época, foi uma das vozes emergentes dentro da administração Trump, tendo trabalhado brevemente no Escritório de Imprensa da Casa Branca antes de aceitar um cargo ao lado da deputada Elise Stefanik de Nova York. Após o tumulto em 6 de janeiro, Leavitt elogiou Pence, que chamou de “um dia sombrio na história do Capitólio dos Estados Unidos” ao certificar os resultados das eleições, e compartilhou um vídeo em suas redes sociais reconhecendo a coragem de um oficial da polícia do Capitólio, a quem se referiu como “um herói”. No entanto, essas postagens logo foram deletadas, o que gerou dúvidas sobre sua verdadeira posição em relação aos eventos que se desenrolaram naquele dia.
O que é ainda mais intrigante é a rápida transformação de Leavitt, que, pouco tempo depois, se posicionou como uma firme negacionista das eleições. Durante uma entrevista em setembro de 2021, afirmou: “Eu sou a única candidata nesta corrida a dizer que o presidente Trump venceu em 2020, e vou trabalhar todos os dias para garantir que cheguemos ao fundo disso”. Sua retórica, que se intensificou ao longo de sua campanha fracassada pelo Congresso em 2022, refletiu a virada do Partido Republicano para apoiar Trump, mesmo após o ataque ao Capitólio, demonstrando a influência persistente de sua figura na política americana.
Leavitt não hesitou em questionar a legitimidade da vitória de Joe Biden na eleição de 2020, afirmando em outra entrevista em outubro que “se auditássemos todos os 50 estados, definitivamente não encontraríamos que Biden ganhou seus 81 milhões de votos legitimamente”. Esse tipo de afirmação, que se tornou comum entre os que negam a legitimidade das eleições, destaca uma tendência alarmante que perpetua a divisão política no país e deslegitima a confiança em processos democráticos fundamentais.
Após a derrota para o representante democrata Chris Pappas, por quase 10% nas eleições gerais, Leavitt uniu-se ao Comitê de Ação Política (PAC) de Trump e posteriormente se tornou a secretária nacional de imprensa da sua campanha. Neste contexto, é crucial notar que Leavitt se tornará a mais jovem secretária de imprensa da Casa Branca aos 27 anos, uma marca histórica que talvez não seja exatamente comemorada por todos os segmentos eleitorais.
A trajetória de Leavitt, que passou de defensora dos processos democráticos a uma proeminente figura do negacionismo eleitoral, não é um caso isolado, mas sim parte de uma tendência mais ampla entre os republicanos. Inicialmente, muitos líderes do partido tentaram distanciar-se de Trump após os acontecimentos de 6 de janeiro, porém, à medida que o ex-presidente reforçou seu controle sobre a base partidária, muitos rapidamente mudaram suas posturas, unindo-se a ele em sua narrativa.
Com Leavitt assumindo um papel crucial no círculo de comunicação de Trump, suas postagens deletadas relacionadas ao ataque ao Capitólio e seus comentários contraditórios resultarão inevitavelmente em um exame rigoroso. A habilidade de Leavitt em equilibrar as mensagens a favor de Trump enquanto mantém alguma credibilidade nas salas de imprensa será um teste de suas capacidades e a sua influência nas futuras narrativas do partido.
Trump elogiou a escolha de Leavitt, descrevendo-a como “inteligente”, “firme” e “eficaz”. À medida que a dinâmica da sala de imprensa se molda sob sua liderança e a de Trump, o público também se pergunta como essas mudanças afetarão a confiança do eleitorado nas informações divulgadas, especialmente em um contexto onde a desinformação se tornou uma questão central.
Karoline Leavitt acena para apoiadores durante um evento de campanha em 29 de setembro de 2022, em Manchester, New Hampshire. Crédito: Charles Krupa/AP
Leavitt não comentou diretamente a CNN sobre este relato, e a equipe de transição de Trump não abordou os tweets deletados, preferindo voltar a propagar alegações infundadas de fraude nas eleições de 2020. “Karoline estava completamente correta ao afirmar que houve irregularidades nas eleições de 2020 e que qualquer caso de fraude deve ser investigado para proteger e preservar a santidade de nossa democracia”, disse Steven Cheung, diretor de comunicação de Trump.
As publicações removidas por Leavitt, no entanto, seguem um padrão de retórica adotado por vários republicanos, que para fomentar uma narrativa de desconfiança nas instituições democráticas, apagam ou distorcem suas postagens anteriores em uma tentativa de reescrever a história.
Conforme observa-se a trajetória de Leavitt, a dualidade de suas atitudes em relação ao que considerou heroísmo em 6 de janeiro e sua adesão ao negacionismo das eleições é um reflexo de um partido em transformação, que ainda busca identidade em um cenário político polarizado e incerto. Onde antes havia um compromisso em apoiar a democracia, agora há um envolvimento com narrativas que as desafiam. É um teste não apenas para os indivíduos envolvidos, mas para toda a base do Partido Republicano.
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