Nova Iorque
CNN
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A Stoli Group USA, proprietária da famosa vodka Stoli, apresentou um pedido de falência nos Estados Unidos, enfrentando uma série de desafios que vão desde a diminuição na demanda por bebidas espirituosas até um grande ataque cibernético que prejudicou suas operações. O ambiente de negócios tornou-se ainda mais complexo para a empresa, que também tem enfrentado uma longa batalha judicial contra o governo russo ao longo dos anos.
No documento enviado ao tribunal, a Stoli relatou que está “experimentando dificuldades financeiras”, listando suas obrigações entre $50 milhões e $100 milhões. Apesar do processo de falência, a vodka Stoli e o bourbon Kentucky Owl continuarão disponíveis nas prateleiras das lojas enquanto a empresa navega pelo processo de Capítulo 11, que se refere apenas aos negócios nos Estados Unidos. A situação reflete um fenômeno mais amplo na indústria de bebidas, onde o consumo está mudando constantemente.
Até 2022, a Stoli era comercializada como Stolichnaya nos EUA, um nome que significa “cidade capital” em russo. Contudo, a empresa decidiu encurtar seu título após a invasão da Ucrânia pela Rússia e as boicotações a marcas de vodka russa. O fundador da Stoli Group, o bilionário russo Yuri Shefler, foi exilado da Rússia em 2000 devido à sua oposição ao presidente Vladimir Putin. Essa mudança de nome pode ter sido um esforço para se dissociar de sua ligação com a Rússia num cenário de crescente animosidade entre os países.
Embora a vodka tenha sido amplamente comercializada como uma bebida russa, as instalações de produção da Stoli estão localizadas na Letônia há várias décadas. A Stoli Group opera como uma unidade do grupo SPI, baseado em Luxemburgo, que é proprietário de diversas outras marcas de bebidas e vinhos. O complexo relacionamento entre a Stoli e a Rússia levanta questões sobre identidade nacional e de marca, principalmente em tempos de crises internacionais.
Chris Caldwell, CEO da Stoli Group, declarou que “o Stoli Group tem sido alvo da Federação Russa desde sua formação há quase 25 anos”. Ele mencionou ainda que a empresa e seu proprietário foram nomeados pelo estado russo como “grupos extremistas que atuam contra os interesses da Rússia”. Essa declaração evidencia a resistência da Stoli em continuar suas operações à medida que os laços com a Rússia se tornaram ainda mais frágeis.
Além da batalha judicial, a Stoli também se depara com desafios tecnológicos. Caldwell apontou que a empresa foi “vítima de um ataque cibernético malicioso” que forçou a empresa a operar “completamente de forma manual enquanto os sistemas estão sendo reconstruídos”. Esse tipo de ataque não é um problema isolado; muitos negócios em todo o mundo têm enfrentado a ameaça crescente de criminalidade cibernética, especialmente em setores que lidam com dados sensíveis e operações financeiras.
A situação da Stoli é emblemática de uma tendência maior dentro da indústria de bebidas alcoólicas. Após um período de consumo elevado durante a pandemia, quando as pessoas eram forçadas a ficar em casa, houve uma desaceleração significativa na demanda por bebidas alcoólicas. A Stoli observou uma “queda e suavização da demanda por produtos alcoólicos e bebidas espirituosas pós-Covid, especialmente a partir de 2023 e continuando em 2024”. Essas mudanças no comportamento do consumidor desafiam empresas como a Stoli a se adaptarem ou correrem o risco de se tornarem irrelevantes no mercado altamente competitivo.
À medida que a Stoli enfoca sua reestruturação financeira e suas operações nos Estados Unidos, o que resta saber é qual será o futuro da marca que se tornou sinônimo de vodka no Ocidente, apesar de suas raízes russas. O pivô em torno de danos financeiros, pressão da concorrência e ataques cibernéticos ilustra os desafios únicos que as empresas enfrentam em um mundo em constante mudança, onde até os mais reconhecidos nomes da indústria podem se ver em situações complicadas. Em tempos de crise, tanto as marcas quanto os consumidores são forçados a reconsiderar suas alianças e a identidade, reavaliando o valor que atribuem a nomes e tradições.