No cenário glamoroso e, muitas vezes, tumultuado das personalidades do século XX, destacam-se três figuras que viveram um enredo digno de um drama operático: Jacqueline Kennedy, a icônica primeira dama dos Estados Unidos; Aristotle Onassis, o magnata grego do transporte marítimo; e Maria Callas, a lendária soprano que encantou plateias ao redor do mundo. O relacionamento entre esses três protagonistas é o foco de novas informações reveladas, especialmente através da perspectiva de Kiki Feroudi Moutsatsos, ex-secretária pessoal de Onassis, que foi testemunha ocular de um dos mais fascinantes triângulos amorosos da história. Este enredado romance, que começou em 1957, transcendeu os limites do que seria aceitável na sociedade da época, com consequências que reverberam até os dias de hoje.

Maria Callas e Aristotle Onassis se conheceram durante uma época em que ambos estavam casados, mas isso não os impediu de desenvolver um intenso relacionamento que durou até a morte de Onassis em 1975. Moutsatsos destaca que “eles não podiam viver um sem o outro”, revelando a força do laço que uniu os dois, mesmo em meio à dor e às complicações causadas por suas vidas pessoais. O insólito é que, mesmo após Onassis ter se divorciado de sua primeira esposa e se casado com Jackie Kennedy em 1968, os encontros com Callas não cessaram. Moutsatsos comenta que Onassis tomava cuidados especiais para proteger esses momentos, embora Jacqueline estivesse ciente da situação. Ao que parece, a recomendação de Artemis, irmã de Onassis, a Jackie era de “ignorar” a relação com Callas, uma atitude que reflete a resiliência e inteligência emocional da ex-primeira-dama, que preferiu lidar com a dor internamente.

O recente filme intitulado “Maria”, dirigido por Pablo Larraín e estrelado por Angelina Jolie, explora essa tempestade emocional. A obra oferece uma nova lente pela qual o público pode vislumbrar a complexidade deste triangulo amoroso, que se tornava cada vez mais carregado enquanto Callas lutava para lidar com sua posição precarizada como amante e figura pública. Moutsatsos, que começou a trabalhar para Onassis com apenas 17 anos, criou uma conexão íntima com todos os desdobramentos da vida do magnata, documentando suas experiências em seu livro “The Onassis Women”, que planeja relançar em breve.

Durante seu relacionamento, Onassis e Callas frequentemente se encontravam em Paris, onde suas residências estavam localizadas a uma curta distância uma da outra, permitindo que seus encontros fossem secretos, mas ainda assim notórios entre os funcionários. Moutsatsos relata que era comum ouvir brincadeiras sobre Onassis “muito cansado” devido às visitas constantes de Maria, facilitando o entendimento de sua natureza secretiva. “Sabíamos a cada momento o que eles estavam fazendo”, afirma, e ela tinha a missão de agendar as viagens de todos, incluindo Jackie Kennedy e a filha de Onassis, Christina, que constantemente informavam sobre sua agenda.

A relação entre Onassis e Callas era marcada por altos e baixos; Callas, de acordo com Moutsatsos, frequentemente se sentia insegura e ciumenta, especialmente quando os rumores e escândalos sobre Onassis se espalhavam pela mídia. A quantidade de atenção que sua amante recebia às vezes causava tensões que levavam a brigas acaloradas. Jackie, em contrapartida, desenvolveu um jeito mais reservado, mantendo-se impassível mesmo quando a dor da traição lhe atingia. Este contraste no comportamento e na maneira de lidar com a situação ilustra a complexidade emocional dessas duas mulheres, cada uma lidando com a traição de Onassis de formas distintas.

Depois da morte de Onassis em 15 de março de 1975, Maria Callas sofreu profundamente. A relação com o magnata greco foi uma parte fundamental de sua vida pessoal e o impacto da perda a deixou “desesperada”, conforme foi descrito por Moutsatsos. A luta de Callas para encontrar sua própria identidade e valor após a morte de Onassis demonstra a crueza do amor e a intensidade das relações que ela tinha, ambas repletas de glamour, dor e sacrifício.

Angelina Jolie, que interpreta Maria Callas no filme “Maria”, compartilha que sua interpretação foi alimentada por uma extensa pesquisa a respeito da soprano, enfatizando a importância de entender a figura humana por trás da artista. “Minha esperança é que o público descubra mais sobre ela através desse trabalho”, comentou Jolie, ecoando o desejo de expor a vulnerabilidade e a força da mulher por trás da célebre voz. O filme está programado para estrear nos cinemas e em seguida na plataforma Netflix, permitindo que mais pessoas explorem essa narrativa envolvente e complexa a partir de 11 de dezembro.

O relato de Moutsatsos e a adaptação cinematográfica lembram que, às vezes, as histórias mais poderosas são aquelas que revelam os meandros das relações humanas a partir de perspectivas inesperadas, desafiando as noções convencionais de amor e lealdade. O enredo entre Jackie Kennedy, Aristotle Onassis e Maria Callas, com suas intensas emoções e sua luta por aceitação, continua a fascinar e provocar reflexões sobre o verdadeiro significado de amor e sacrifício.

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