Recentemente, o presidente Joe Biden anunciou um perdão surpreendente a seu filho Hunter, o que gerou uma onda de críticas entre os democratas. A decisão deixou muitos admiradores do presidente perplexos, especialmente porque Biden havia afirmado repetidamente que não tomaria tal medida. Com sua família ao redor, incluindo Hunter, durante o feriado de Ação de Graças em Nantucket, Massachusetts, o presidente fez o anúncio em uma movimentada noite de domingo, levando a muitas reações de desapontamento em sua própria base política.
Diversos ex-assessores de Biden, que trabalharam de perto com ele no passado, expressaram sua incredulidade em relação à declaração do presidente de que um perdão para seu filho estava fora de cogitação. “Qualquer um que estivesse perto dos altos escalões sabia que ele provavelmente faria isso. Por que fingir o contrário?”, questionou um ex-assessor sênior da Casa Branca. Outro ex-oficial sênior da administração disse que estavam “certos” de que o presidente acabaria por conceder o perdão. A evidência de que as coisas estavam se encaminhando para esse resultado já era clara para muitos.
Enquanto isso, Hunter Biden e seus advogados sempre acreditaram que a possibilidade de um perdão era viável, em meio a longos desafios legais. O presidente Biden, por sua vez, havia, até recentemente, mantido uma postura firme contra qualquer possibilidade de usar seu poder de perdão em relação ao filho. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, tinha afirmado claramente em 7 de novembro que um perdão para Hunter não estava sendo considerado.
A decisão de Biden não apenas alterou sua postura pública, mas também criou um dilema para a imagem política dele e o moral da sua base. Como um dos presidentes mais leais ainda a sua família, Biden detém um histórico de proteger seus parentes, o que levanta questões sobre até que ponto esse laço familiar pode prejudicar suas responsabilidades políticas. Em junho, Hunter foi condenado por ter adquirido e possuído uma arma ilegalmente enquanto era usuário de drogas, e mais tarde se declarou culpado por nove acusações de impostos não pagos, que totalizavam cerca de 1,4 milhão de dólares em impostos.
As vozes de desapontamento entre democratas aumentaram em nível nacional. O representante Greg Landsman, um democrata de Ohio, expressou seu apoio à sua posição como pai, mas também destacou que decisões como essa podem prejudicar a credibilidade do serviço público. “Mas como alguém que quer que as pessoas acreditem novamente no serviço público, isso é um retrocesso”, disse Landsman. O senador democrata do Colorado, Michael Bennet, foi ainda mais contundente, afirmando que Biden colocou “interesses pessoais à frente do dever”, o que prejudica a percepção de que o sistema de justiça é justo e igual para todos.
Na verdade, a decisão de Biden gerou um debate acalorado no seio de seu partido, levando muitos a se perguntarem por que o presidente ficou tão firme em sua posição contrária a um perdão. Outro democrata, o representante Greg Stanton do Arizona, foi direto ao dizer que apesar de respeitar o presidente, ele acha que esse movimento foi o “caminho errado”. “Isso não foi uma perseguição politicamente motivada”, disse Stanton. “Hunter cometeu crimes e foi condenado por um júri de seus pares.”
A recente reversão de Biden nesta questão foi tão inesperada que alguns ex-oficiais da Casa Branca especularam que a situação teria sido muito menos explosiva se o presidente não tivesse sido tão veemente sobre suas intenções anteriores. “Eu me pergunto se havia uma maneira de ser menos rigoroso quanto a isso, e mais como: ‘Não estamos gastando nosso tempo pensando nisso’”, ponderou um ex-funcionário da administração.
Por último, é importante notar que Biden não está sozinho nesse tipo de controvérsia. Ao longo da história dos EUA, presidentes de ambos os partidos têm exercido seu poder de perdão em situações semelhantes, embora a maneira como fizeram isso sempre tenha suscitado debates sobre politicagem e moral. O antigo presidente Donald Trump, por exemplo, também usou seu poder de perdão para ajudar amigos e aliados, e Bill Clinton perdoou seu meio-irmão em seu último dia de mandato.
No entanto, a questão central para muitos democratas permanece: o que essa decisão significa para o futuro da administração Biden? Será que a lealdade familiar prevalecerá sobre as obrigações e a moral política que foram tão criticadas anteriormente? À medida que a nova legislatura se aproxima e as eleições presidenciais de 2024 se aproximam, essa pergunta permanece no ar, e Biden terá que encontrar um equilíbrio entre sua lealdade familiar e as expectativas de seus seguidores e partidários.