Na atualidade, a guerra na Ucrânia continua a exigir um tributo horrendo tanto do lado ucraniano quanto do lado russo. A batalha em curso pela região de Kursk, no território russo, exemplifica a dureza desse conflito. Embora a luz do dia em Kursk testemunhasse uma manhã sem tiros, o cenário de guerra era palpável. Um ataque relâmpago nas primeiras horas de um domingo em Kursk foi interrompido de maneira brusca por um ataque de drone que inutilizou cinco soldados russos, que tentavam se camuflar entre as árvores. Este ataque, baseado em tecnologia atual, reflete não apenas a vulnerabilidade das forças russas, mas é também um testemunho da resistência obstinada dos soldados ucranianos.
O comandante de unidade Oleksandr, do 225º batalhão de assalto, falou sobre a vértice de caos que caracteriza a situação de combate. “Tenho a impressão de que os russos têm pessoas ilimitadas”, declarou em um café na cidade ucraniana de Sumy, mais de 11 horas após o ataque. Este sentimento captura a essência do que os soldados ucranianos enfrentam: uma retaguarda aparentemente interminável de tropas que, independente de sucessivas derrotas, continuam a ser enviadas na linha de frente. “Eles mandam grupos e quase ninguém sobrevive. E no dia seguinte, novos grupos aparecem. Os próximos russos não parece que sabem o que aconteceu com os anteriores”, detalhou Oleksandr, evidenciando a aparente falta de comunicação entre as tropas russas.
Os soldados ucranianos, por sua vez, lidam com o estrondo constante das explosões, tornando quase impossível manter uma conversa normal. A pressão física e emocional dessa situação é exacerbada pela intensa batalha que dura quase quatro meses. A invasão de agosto de 2024, reconhecida como uma rara vitória tática e estratégica para a Ucrânia, custou enormes recursos em termos de homens e material. No entanto, esse custo elevado tem gerado críticas, pois as perdas4 têm contribuído para a recente ofensiva russa na linha de frente de Donbas.
Outro ponto importante mencionado por analistas durante a operação em Kursk é o potencial que isso oferece a Kyiv nas futuras negociações de paz, desejadas por muitos, especialmente com a possibilidade de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, possa intervir. Para garantir essa vantagem, a manutenção do controle sobre a região de Kursk pelo menos até a primavera torna-se crucial. O ato de reter essa área é considerado fundamental para fortalecer a posição negociadora da Ucrânia em quaisquer tratativas de paz que possam ocorrer futuramente.
Confiados, os soldados ucranianos, incluindo Oleksandr, manifestam uma determinação feroz e uma confiança nas habilidades de sua unidade para manter o controle da região. Contudo, existe também uma incerteza que permeia seu discurso. “Não sei qual é o objetivo real,” confessou Oleksandr. “Talvez pertençamos a essa área por meses e decidamos sair no final, por exemplo… Se o objetivo for mantê-la por um certo tempo, nós o faremos”, refletiu, evidenciando ao mesmo tempo a determinação e a confusão que permeiam a estratégia ucraniana.
O coração do conflito em Kursk é tão palpável que a perspectiva da participação internacional na forma de apoio e garantias de segurança é mais relevante do que nunca. Individualmente, Oleksandr fez um apelo direto à liderança ocidental, pedindo que honrem as promessas feitas a Kyiv sob o memorando de Budapeste de 1994, que Brasília para que o país abandonasse suas armas nucleares. “Vocês nos tiraram nossas armas nucleares? Prometeram-nos proteção”, exigiu. “Mantêm sua palavra. Estamos sendo massacrados”, expressou com uma ênfase que deixa claro o desespero sentindo por suas tropas.
Recentemente, voltou a atenção para a dinâmica das forças russas em Kursk. As tropas que enfrentam são uma mescla de soldados russo-treinados e mercenários de várias origens, inclusive do continente africano. No entanto, há uma ausência notável de soldados norte-coreanos enviados pelo Kremlin, conforme relatado. Zelensky, presidente da Ucrânia, reiterou que tais forças estão frequentemente sendo usadas como “carne de canhão”, reforçando a brutalidade e a desumanização que permeiam a guerra.
O cenário da linha de frente em Kursk continua sendo tenso, com Ondestrições russo aexperimentando uma derrota por parte de uma unidade ucraniana composta por veteranos que não descansam há dias. Três semanas antes, Oleksandr enfrentou um ataque massivo que envolveu 40 veículos blindados e cerca de 300 soldados de infantaria, onde sua unidade conseguiu neutralizar 50 soldados adversários. Este retrato de um campo de batalha é apenas uma parte da realidade desconcertante que tanto os soldados ucranianos quanto a população civil têm que enfrentar diariamente.
Assim, enquanto os ecos da guerra continuam a soar em Kursk, esboços de esperança e determinação da parte de Oleksandr e seus companheiros ainda persistem. Reverberando entre o horror e a resiliência, a batalha pela região ressalta a natureza multifacetada da guerra moderna, em que cada dia traz novas complexidades e desafios. E em meio a tudo isso, a indagação permanece: qual será o custo final desta luta e o que o futuro reserva para a Ucrânia?