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Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, compartilhou suas impressões sobre Donald Trump durante seu primeiro mandato na Casa Branca. Em uma entrevista com a renomada jornalista Christiane Amanpour, da CNN, Merkel observou que Trump demonstrou uma “fascinação pelo poder absoluto” de autocratas como o presidente russo Vladimir Putin e o líder norte-coreano Kim Jong Un. Essa admiração, segundo ela, se destacou na forma como Trump se referia a esses líderes, mesmo considerando suas críticas.

No contexto de uma conversa mais ampla, Merkel comentou sobre seu novo livro, “Liberdade”, que reflete sobre seus 16 anos à frente da maior economia da Europa. Este período foi marcado por diversas crises, incluindo questões econômicas, migração, mudanças climáticas e a pandemia de Covid-19. A invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, logo após a saída de Merkel do cargo, levantou questionamentos sobre a dependência da Alemanha em relação ao gás russo e trouxe à tona algumas de suas decisões sob uma perspectiva mais crítica.

Em suas palavras, “A maneira como ele falava sobre Putin, a forma como mencionava o líder norte-coreano – além das observações críticas que fez – sempre havia uma espécie de fascinação pelo poder absoluto que essas pessoas exerciam.” Essa observação se desdobra em um panorama preocupante, onde Merkel descreve a democracia liberal como “sob ataque” atualmente.

Merkel lembrou-se da primeira vez em que se encontrou com Trump na Casa Branca, em 2017. Durante essa visita, os dois líderes foram solicitados a apertar as mãos para uma foto, mas Trump aparentemente ignorou o pedido, embora tenham se cumprimentado em outras ocasiões. Ela assinalou que Trump “vive da atuação não convencional” e frequentemente tenta “marcar território” com suas ações e declarações.

No livro, Merkel menciona que Trump parecia “claramente fascinado” por líderes como Putin, observando que sua postura indicava um desejo de contornar instituições parlamentares que ele via como obstáculos. A ex-chanceler lembrou que “na democracia – bem, isso não pode ser conciliado com os valores democráticos.” Suas observações ressoaram com comentários feitos por vários oficiais americanos que trabalharam diretamente com Trump, incluindo John Kelly, que descreveu o ex-presidente como “uma definição geral de fascista.”

Merkel se mostrou relutante em comentar as declarações de Kelly, ressaltando que não queria fazer julgamentos públicos a respeito. Enquanto isso, a CNN contatou um representante de Trump para obter um posicionamento sobre as afirmações de Merkel.

Merkel discute a relação com Putin e o desafio das negociações de paz

Putin, com quem Merkel desenvolveu laços mais próximos do que muitos outros líderes europeus, também teve um papel significativo em seu governo. Ela recordou um episódio em que Putin, ciente de seu temor a cães, levou seu grande labrador para uma reunião entre os dois em 2007, um ato que Merkel descreveu como uma tentativa de testar a força e a resistência emocional dela.

Com a relação entre Moscovo e a Europa se deteriorando desde a cúpula da OTAN em 2008, quando a Aliança Atlântica declarou que a Ucrânia e a Geórgia poderiam um dia se juntar à aliança militar, Merkel se mostrou cética quanto à possibilidade de uma resolução pacífica. Ela revelou sua convicção de que Putin não permitiria essa expansão e criticou a decisão de colocar esse tema na agenda da cúpula, dada a divisão interna do governo e da população da Ucrânia na época.

O conflito na Ucrânia, que já dura quase quatro anos, trouxe à tona questões sobre a capacidade dos líderes europeus de reconhecer e responder à agressão russa. Merkel alertou que negociar com Putin é um empreendimento arriscado, citando uma ocasião em que confrontou Putin sobre a invasão da Crimeia, onde o Kremlin tentou inicialmente desviar a responsabilidade, sugerindo que os soldados envolvidos não eram parte do exército russo.

No entanto, Merkel revelou que Putin admitiu mais tarde que “ele tinha mentido” sobre a operação. A situação continua a evoluir e o retorno de Trump ao cenário político, que prometeu acabar com a guerra em um dia, suscita perguntas sobre a credibilidade e a eficácia de tal abordagem. Em contrapartida, Merkel enfatizou a necessidade de garantir a segurança para a Ucrânia em qualquer negociação futura.

Apesar da paz temporária que prevaleceu durante sua administração, o legado de Merkel tem sido questionado, particularmente em relação à dependência da Alemanha de gás russo, que, segundo críticos, fortaleceu a economia de Moscovo e ampliou sua influência na Europa. Convicta de que o julgamento das decisões deve considerar as circunstâncias do passado, Merkel ressaltou a importância de não emitir julgamentos precipitados sob a lente das condições atuais.

Em conclusão, as reflexões de Merkel trazem uma perspectiva importante sobre as complexidades da política contemporânea e a luta constante entre forças democráticas e autocráticas no mundo. Sua experiência fornece lições valiosas, especialmente num momento em que as instituições democráticas enfrentam desafios significativos.

Merkel e Trump se encontram no Salão Oval da Casa Branca em Washington, D.C., em 17 de março de 2017

Merkel e Trump se encontram no Salão Oval da Casa Branca em Washington, D.C., em 17 de março de 2017. Créditos: Saul Loeb/AFP/Getty Images.
A autobiografia de Merkel 'Liberdade' em exibição em Berlim, Alemanha, 26 de novembro de 2024.
A autobiografia de Merkel ‘Liberdade’ em exibição em Berlim, Alemanha, 26 de novembro de 2024. Créditos: Annegret Hilse/Reuters.

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