Organização de cibersegurança chinesa solicita revisão de produtos da Intel no país
Recentemente, a Cybersecurity Association of China (CSAC), um influente grupo do setor, publicou uma declaração contundente que destaca preocupações com a segurança nacional, sugerindo que os produtos da Intel vendidos na China deveriam passar por uma rigorosa revisão de segurança. A alegação se concentra na crítica de que a Intel, fabricante norte-americana de semicondutores, estaria “constantemente prejudicando” a segurança e os interesses do país. Essa declaração, embora vindo de uma entidade do setor, tem conexões estreitas com o governo chinês, o que pode levar a uma reação significativa da Cyberspace Administration of China (CAC), reguladora poderosa do ciberespaço no país.
Reações do mercado e impactos nas finanças da gigante tecnológica
Na quarta-feira, após a divulgação das acusações, as ações da Intel fecharam com uma queda de 1,5%, em um dia em que o setor tecnológico como um todo enfrentou vendagens. As preocupações levantadas pela CSAC indicam que um pedido formal para uma revisão de segurança poderia resultar em ramificações financeiras negativas para a Intel, considerando que mais de um quarto de sua receita anual provém do mercado chinês. No cenário atual, a CSAC enfatizou a necessidade de “iniciar uma revisão de segurança de rede nos produtos da Intel vendidos na China, a fim de salvaguardar efetivamente a segurança nacional da China e os direitos legítimos dos consumidores chineses.”
O contexto dessa demanda se torna ainda mais preocupante, dado que no ano passado a CAC já havia restringido a compra de produtos da Micron Technology, outro grande nome do setor de semicondutores, por operadores de infraestrutura crítica no país, após determinar que os produtos da Micron não haviam conseguido passar em suas revisões de segurança. Com isso, um movimento similar contra a Intel não seria surpreendente e poderia agravar a situação financeira da empresa em um mercado que já enfrenta desafios significativos em sua cadeia de suprimentos, especialmente na área de chips para inteligência artificial.
Desafios da indústria de semicondutores e tensões geopolíticas
As alegações contra a Intel se intensificam em um momento em que a China sente a pressão de uma campanha liderada pelos EUA que visa restringir seu acesso a equipamentos e componentes críticos para a fabricação de chips. A administração Biden justifica suas ações com a necessidade de conter a modernização militar da China, o que faz com que o cenário de relações comerciais entre os dois países pareça cada vez mais frágil. Dan Coatsworth, analista de investimentos da AJ Bell, comentou que “quanto mais falamos sobre restrições comerciais e tarifas, mais provável será que o lado oposto reaja em uma situação de represália.”
A CSAC, em sua crítica, vai ainda mais longe, apontando vulnerabilidades nos processadores Intel, incluindo aqueles utilizados em aplicações de inteligência artificial, como os processadores Xeon. A associação conclui que a Intel exibe “defeitos significativos em termos de qualidade do produto e gerenciamento de segurança”, tomando uma atitude que, segundo eles, é extremamente irresponsável em relação aos clientes. Além disso, lançaram sérias alegações de que os sistemas operacionais que integram todos os processadores Intel estariam vulneráveis a portas dos fundos criadas pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), colocando em risco a infraestrutura de informações críticas não apenas da China, mas de países ao redor do mundo.
Impacto de uma possível proibição temporária de produtos da Intel
Uma eventual proibição, mesmo que temporária, da comercialização de produtos da Intel poderia agravar ainda mais a escassez de chips de inteligência artificial no mercado chinês. A China enfrenta dificuldades em encontrar alternativas viáveis aos produtos líderes de mercado da Nvidia, que atualmente estão proibidos de serem exportados para o país. Vale ressaltar que, apesar das tensões, a Intel conquistou, neste ano, pedidos para seus processadores Xeon de várias agências vinculadas ao estado chinês, o que indica que as relações comerciais, embora desafiadoras, ainda possuem aspectos cooperativos.
À medida que os eventos se desenrolam, o cenário global dos semicondutores e a dinâmica de competição entre Estados Unidos e China continuarão a evoluir, impactando não apenas as empresas, mas também a segurança e a economia de ambas as nações.