A recente entrevista de Lucy Letby, a enfermeira neonatal britânica condenada por matar sete bebês e tentar assassinar seis outros, trouxe à tona novas questões sobre um caso que continua a chocar a sociedade. A informação foi confirmada pela polícia de Cheshire, que afirmou que Letby foi interrogada em prisão sob cautela em relação a investigações em andamento sobre mortes infantis e “colapsos não fatais” ocorridos no Countess of Chester Hospital e no Liverpool Women’s Hospital.
O advogado de Letby, Mark McDonald, declarou que ela concordou em participar da entrevista, reafirmando a sua posição de inocência. De acordo com o BBC, McDonald expressou surpresa com o momento em que a polícia decidiu vazar essas informações, afirmando: “As alegações devem ser levadas a sério, mas o tempo deste novo vazamento nos surpreende”. O caso gerou grande repercussão na mídia, pois o histórico de Letby – envolta em um dos crimes mais graves da história da medicina britânica – atraía tanto a atenção do público quanto a da justiça.
Letby, de apenas 34 anos, foi condenada em agosto de 2023 por vários crimes cometidos entre junho de 2015 e junho de 2016 no Countess of Chester Hospital. As mortes dos sete bebês ocorreram quando foram administrados excessos de leite, ar, insulina ou fluidos, conforme relataram os promotores. O tribunal a sentenciou a prisão perpétua e ela é considerada uma das mais prolíficas assassinas de crianças da história do Reino Unido.
A polícia de Cheshire agora está investigando cerca de 4.000 bebês que estiveram internados no Countess of Chester Hospital e no Liverpool Women’s Hospital, onde Letby teve dois postos de trabalho anteriores. Em uma audiência em novembro, o pediatra consultor Stephen Brearey afirmou a um inquérito público que é provável que Letby tenha assassinado ou agredido mais crianças do que aquelas pelas quais foi condenada.
Brearey, que fez observações durante a investigação, disse que possuí dúvidas de que a enfermeira tenha começado a matar ou ferir recém-nascidos apenas em junho de 2015. Para ele, as ações de Letby podem ter se desenrolado ao longo do tempo, alterando o que se percebia como anormal nas práticas diárias de um setor neonatal. “Se tivéssemos um termômetro para medir o nível de trabalho e a quantidade de eventos que não conseguimos entender, ele provavelmente teria mostrado um aumento considerável nos anos anteriores”, declarou Brearey.
A situação levanta questões não apenas sobre a segurança em unidades neonatais, mas também sobre a eficácia das práticas de supervisão e dos protocolos hospitalares. A angústia dos pais e a luta por justiça continuam a ser temas centrais nesse trágico episódio da história da saúde no Reino Unido. Muito se pergunta: quantos outros sinais passaram despercebidos e como obstruções administrativas podem ter permitido que Letby agisse livremente durante tanto tempo?
A realidade é que este caso destaca a necessidade de mecanismos de proteção mais robustos e eficazes para garantir a segurança das crianças em instituições de saúde. As famílias precisam de confiança em que seus filhos estão em boas mãos, enquanto a sociedade exige respostas e, acima de tudo, justiça. O inquérito público não só tem o potencial de reabrir feridas, mas também de lançar luz sobre um problema que, se não observado, pode ter consequências devastadoras.
Se você suspeitar de abuso infantil, é crucial entrar em contato com as autoridades. Você pode ligar para a Childhelp National Child Abuse Hotline pelo número 1-800-4-A-Child ou 1-800-422-4453, disponível 24 horas por dia, em mais de 170 idiomas.