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Após um hiato de 12 anos, Walter Salles, renomado cineasta brasileiro, retorna com uma obra que promete ressoar profundamente no coração do público. O filme, intitulado I’m Still Here, é uma narrativa que se passa em meio ao sombriamente reconhecido período da ditadura militar no Brasil, trazendo à tona temas de resistência e resiliência. O retorno de Salles é, sem dúvida, esperado por aqueles que apreciam seu talento ímpar em contar histórias que combinam a intimidade da experiência humana com questões sociais amplas.
O filme começa com uma cena idílica de uma família vivendo suas melhores vidas nas ensolaradas praias do Rio de Janeiro. É um momento de felicidade, cheio de dança e risadas, mas o espectador é deixado com uma ansiedade palpável, ciente de que a alegria é efêmera. Logo, essa calma é brutalmente interrompida quando a figura paterna é levada por agentes da ditadura. Esta virada dramática não é apenas um ponto de virada na trajetória da família, mas também um reflexo sombrio do que muitos brasileiros vivenciaram durante esse período de repressão e violência.
Salles consegue criar uma narrativa que, embora profundamente ancorada na realidade brasileira, ressoa universalmente. A história é inspirada em eventos reais, especialmente nas experiências do verdadeiro congressista Rubens Paiva, que foi sequestrado e aparentemente desaparecido. I’m Still Here é uma meditação sobre a sobrevivência e a luta pela justiça, onde personagens enfrentam a opressão não com gritos, mas através de ações subversivas e um fortalecimento silencioso da vontade de viver.
A recepção da estreia nos Estados Unidos foi nada menos que devastadora. Durante o Festival de Cinema de Nova York, o público reagiu com lágrimas enquanto assistia a cenas que falam sobre dor e perda, mas também sobre a capacidade humana de se reinventar. Salles observa que a essência política do filme é expressa através da força do espírito humano e do desejo inabalável de uma família por justiça e compreensão. O enredo passa ainda pelas décadas, revisitando a vida dos personagens após a queda da ditadura, mostrando como eles lidam com um passado que ainda os assombra.
Ademais, Salles destaca a transformação de sua protagonista, Eunice, que é interpretada por Fernanda Torres. Inicialmente, um símbolo da mulher submissa que apenas serve aos deveres domésticos, Eunice se torna uma figura de resistência, usando seu amor e determinação para lutar pelo marido desaparecido. Esta jornada não apenas reflete um crescimento pessoal, mas também um comentário estimulante sobre o papel das mulheres na sociedade brasileira. Torres, em suas próprias palavras, descreve sua personagem como uma mulher que “se torna Achilles e luta em sua própria guerra, silenciosa mas poderosa”.
Salles também faz questões para além da tela, provocando reflexões em um cenário atual onde o autoritarismo surge novamente em várias partes do mundo. Ele menciona que, ao falar sobre o passado, se abre espaço para decisões melhores sobre o futuro. A narrativa de Salles, portanto, não é apenas um retorno ao cinema, mas uma poderosa declaração de que a arte pode e deve ser uma ferramenta de resistência contra a opressão.
Com o lançamento de I’m Still Here, a esperança é que a história reverberará por toda a América Latina e em lugares onde a liberdade ainda luta para ser conquistada. O filme não é apenas um relato de eventos passados, mas uma convocação à consciência e à ação. O público é chamado a não esquecer os horrores da história e a se levantar contra a repetição dos mesmos erros. Afinal, o que está em jogo não é apenas a memória de um povo, mas a luta contínua pela justiça e pela verdade.
O impacto e a relevância desta obra certamente ecoarão na trajetória cinematográfica de Salles, reafirmando sua posição como uma das vozes mais significativas do cinema contemporâneo. O filme, cuja estreia está marcada para dezembro, promete não apenas impactar os espectadores, mas também trazer à luz discussões necessárias sobre direitos humanos e a memória coletiva de um povo que ainda carrega cicatrizes de um passado doloroso. Assim como ele retornou após anos, Salles convida todos a refletirem sobre seus próprios retornos e o que significa realmente estar aqui.
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