A Ladder, startup de fitness baseada em Austin, Texas, que desenvolveu um aplicativo de treinamento de força bastante popular, está levantando sérias acusações contra a Peloton. A alegação é de que a gigante do fitness copiou o trabalho da Ladder com o lançamento de seu novo aplicativo Strength+, que saiu da fase beta na quarta-feira. Esse desdobramento não apenas gera polêmica no setor, mas também ilustra a crescente rivalidade entre essas duas empresas que competem pela atenção de entusiastas de atividades físicas de todo o mundo.

Após receber feedback de testadores beta do aplicativo da Peloton, que afirmaram que a interface, a sensação e a funcionalidade do novo aplicativo eram extremamente semelhantes às do aplicativo da Ladder, a empresa decidiu investigar mais a fundo. O resultado da investigação revelou que 15 membros das equipes de produto, engenharia e design da Peloton estavam utilizando o aplicativo da Ladder desde janeiro de 2024. É importante ressaltar que ter funcionários de uma empresa rival utilizando um aplicativo popular de treino não é uma evidência irrefutável de cópia, sendo uma prática comum entre profissionais da saúde e do bem-estar.

Porém, em uma postagem em seu blog, a Ladder expressou um certo “lisonjeio” ao notar que a equipe da Peloton estava “realmente, realmente (realmente) inspirada no que estamos fazendo por nossos membros”. Para reforçar suas alegações, a Ladder publicou um gráfico demonstrando a frequência com que os funcionários da Peloton utilizaram seu aplicativo. Em um tom mais provocativo, a empresa afirmou em uma publicação no X que “se você esperava que nós reclamássemos sobre a forma como a Peloton copiou nossa interface e experiência do usuário tela por tela — pedimos desculpas, mas você ficará desapontado”. Essa estratégia mostra inteligência ao acusar indiretamente a Peloton de plágio.

Até o momento, a Peloton não forneceu uma resposta oficial ao pedido de comentário sobre a situação. Essa expectativa em relação à resposta da Peloton gera um clima de tensão no setor, onde a inovação e a originalidade são fundamentais.

É válido mencionar que a Ladder não é exatamente a underdog nessa história. Embora a Peloton tenha emergido como um sucesso durante a pandemia, a empresa enfrentou desafios significativos nos anos seguintes, conquistando menos clientes conforme muitos retornavam às academias. Problemas crônicos, como questões de cadeia de suprimentos e recalls de produtos, ainda afetaram bastante seus resultados. Em maio, a Peloton demitiu 400 funcionários e ocorreu uma mudança de CEO pela segunda vez, após a substituição de John Foley em 2022 e demissões que totalizaram cerca de 2.800 colaboradores.

Em contraste, a Ladder acaba de concluir uma rodada de financiamento da Série B no valor de US$ 105 milhões, anunciada em novembro, sendo que US$ 90 milhões desse montante foram oriundos de investimentos da General Catalyst. É notável que, durante esse período, a empresa alegou que seus usuários registraram 90 milhões de entradas em um diário de treino e completaram mais de 15 milhões de exercícios. A Ladder gera receita a partir de uma assinatura mensal de US$ 29,99 em iOS, um modelo que provou ser eficaz. Dados da empresa de inteligência de aplicativos Appfigures revelam que os downloads do aplicativo da Ladder cresceram 69% em termos anuais de janeiro a novembro de 2024 em comparação ao mesmo período em 2023, enquanto os downloads da Peloton caíram 33% no mesmo período.

Em outras palavras, a Ladder está aproveitando a situação em torno do lançamento do novo aplicativo da Peloton e transformando isso em uma oportunidade de marketing e publicidade. De forma irônica, a empresa usa “inspiração” de uma campanha publicitária bem conhecida: a campanha “Get a Mac”, que ocorreu no início dos anos 2000, onde o Mac foi personificado como “o cara legal” versus o PC, que representava um personagem mais formal. Assim, a Ladder lançará sua própria campanha publicitária chamada “Ladder Versus”, que aplica esse conceito à comparação entre os aplicativos da Peloton e da Ladder. Para isso, a empresa publicou uma série de vídeos no YouTube intitulados “Ladder Versus Peloton”, onde a Peloton é representada por um típico “guy da academia”, enquanto o personagem da Ladder é um dos diversos treinadores que parecem mais “descolados”.

Ao ser contatada para comentar sobre o assunto, a Ladder admitiu que está basicamente promovendo sua campanha publicitária com suas alegações. Quando perguntada se iria processar a Peloton, um representante da Ladder afirmou: “Na Ladder, nossa missão sempre foi tornar o treinamento de força acessível a todos. Embora tenhamos nos divertido muito com essa campanha e apreciemos a resposta positiva da nossa comunidade, continuamos a focar no que é mais importante — nossos membros”. Essa abordagem demonstra um equilíbrio entre divertimento e seriedade ao lidar com questões do setor, ao mesmo tempo em que transmite a ideia de que a Ladder está ciente de sua posição crescente no mercado de fitness.

À medida que essa disputa avança, resta saber como a Peloton reagirá a essas alegações e como o público perceberá cada uma das marcas durante essa batalha publicitária.

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