Desempenho do mercado imobiliário na China e resposta do governo
A economia chinesa enfrenta um cenário desafiador, com as ações do setor imobiliário despencando após o anúncio de um pacote de estímulos que, segundo especialistas e investidores, se mostra insuficiente para abordar os problemas sérios enfrentados pelo setor. Na última quinta-feira, as ações do índice imobiliário CSI300 caíram 5%, revertendo ganhos ganhos recentes e culminando em uma atmosfera de desilusão entre os investidores. A resposta dos mercados reflete uma crescente preocupação com a estagnada economia do país e a aparente falta de medidas eficazes que abordem a crise da habitação. Ao longo do último verão, dados econômicos desalentadores geraram incertezas acerca da capacidade da China de alcançar sua meta de crescimento de 5% para 2023. Em resposta a esse cenário preocupante, o líder Xi Jinping decidiu implementar um pacote de estímulos, focado principalmente em medidas monetárias, na última semana de setembro.
Desde essa decisão, analistas têm especulado sobre a possibilidade de um pacote adicional de estímulos que poderia chegar a 10 trilhões de yuan (aproximadamente 1,4 trilhões de dólares) como uma medida vital para restaurar a confiança na segunda maior economia do mundo. Entretanto, a coletiva de imprensa realizada pelo Ministério da Habitação não atingiu as expectativas depositadas pelo mercado. Larry Hu, economista-chefe da Macquarie na China, afirmou que as medidas anunciadas eram de natureza incremental e, embora pudessem aliviarem a pressão financeira sobre os desenvolvedores, não seriam suficientes para estabilizar o mercado imobiliário. Esse sentimento de frustração foi evidente, já que os investidores rapidamente reagiram com uma venda em massa das ações do setor, refletindo um ceticismo generalizado em relação à eficácia das iniciativas governamentais.
Medidas de estímulo e suas implicações no setor imobiliário
Durante a coletiva, o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural prometeu quase dobrar os empréstimos bancários para projetos imobiliários designados, prevendo um total de 4 trilhões de yuan (561 bilhões de dólares) até o final de 2024. Além disso, um “whitelist” de projetos de construção foi criado em janeiro, permitindo que os bancos concedam empréstimos direcionados para projetos que precisam ser concluídos e entregues aos compradores. O Ministro da Habitação, Ni Hong, expressou otimismo em relação à recuperação do mercado imobiliário, afirmando que a implementação de tais medidas seria uma prioridade futura. No entanto, Xiao Yuanqi, diretor-adjunto da Administração de Supervisão Financeira, revelou que, até a data de 16 de outubro, os empréstimos aprovados para projetos da “whitelist” já totalizavam 2,23 trilhões de yuan (313 bilhões de dólares).
As preocupações em torno do setor imobiliário são substanciais e amplamente reconhecidas como a raiz de muitos dos problemas econômicos que a China enfrenta atualmente. Este setor, que já representou cerca de 30% da atividade econômica do país, agora responde por apenas um quarto da economia e cerca de 70% da riqueza das famílias. A situação se deteriorou de forma alarmante, particularmente desde 2019, quando o mercado imobiliário começou a esfriar em decorrência de uma repressão governamental ao endividamento dos desenvolvedores. A crise resultante causou queda acentuada nos preços imobiliários e uma desconfiança crescente entre consumidores e investidores. As pessoas têm buscado preservar seu patrimônio através da venda de ativos e do corte de consumo e investimentos, o que, por sua vez, contribuiu para um impacto negativo no crescimento econômico da nação.
Conclusão: A necessidade de ações mais robustas para impulsionar a economia
Diante deste panorama complexo, as medidas anunciadas pelo governo chinês, embora positivas, podem ser vistas como insuficientes para endereçar as raízes dos problemas que assolam o setor imobiliário e a economia como um todo. A capacidade do governo de restaurar a confiança no setor é de suma importância, especialmente considerando que a estabilidade econômica da China depende da recuperação do mercado imobiliário. O foco deve ser em estratégias mais abrangentes e holísticas que possam atacar os desafios de maneira efetiva, a fim de garantir que o país possa não apenas atingir sua meta de crescimento, mas também criar um ambiente mais saudável para o desenvolvimento econômico a longo prazo. Assim, a balança entre o estímulo econômico e a estabilidade financeira torna-se uma questão crítica para os formuladores de políticas chineses nos meses seguintes.