A inovação no setor alimentício está em alta, e a startup de tecnologia alimentar Planet A Foods, sediada em Munique, é o exemplo perfeito disso. A empresa, que anteriormente era conhecida como QOA, conseguiu levantar impressionantes US$30 milhões em uma rodada de financiamento Série B, após uma captação anterior de US$15,4 milhões em fevereiro. Este investimento recém-adquirido é um passo estratégico para a industrialização de sua produção de ChoViva, um chocolate alternativo, sem cacau e com menor impacto ambiental. O objetivo é escalar sua capacidade de produção em cerca de 7,5 vezes, preparando-se para um crescimento significativo nos próximos anos.

Atualmente, a Planet A Foods produz aproximadamente 2.000 toneladas de ChoViva anualmente. Entretanto, com o novo capital, a startup planeja aumentar essa quantidade para mais de 15.000 toneladas, à medida que expande sua capacidade produtiva e inicia sua operação em mercados internacionais, além dos três principais mercados europeus em que já está presente: Alemanha, Áustria e Suíça. Além disso, a empresa já está associando sua produção a grandes marcas como Lambertz, Lindt e Rewe Group, além de ter parcerias com a Deutsche Bahn, que oferece delícias de chocolate aos passageiros em seus trens.

A inserção no mercado americano é uma das prioridades da Planet A Foods. A abertura de uma instalação de produção nos Estados Unidos está nos planos da empresa, que também espera lançar seus produtos no Reino Unido e na França até o primeiro trimestre de 2025. Este movimento demonstra a ambição da startup em se tornar um ator relevante no setor de chocolates alternativos, especialmente em uma época em que a demanda por opções sustentáveis e éticas é cada vez mais urgente.

Desafios e soluções na produção de chocolate sem cacau

A trajetória da Planet A Foods não é isenta de desafios. A produção de chocolates tradicionais, à base de cacau, apresenta sérios problemas ambientais, principalmente devido ao modo como o cultivo é realizado, muitas vezes invasivo para áreas de floresta tropical. Além disso, a demanda global por cacau está cada vez mais alta, superando uma oferta que se torna cada vez mais frágil e repleta de questões éticas, resultando em custos elevados e incertezas quanto ao futuro dessa importante commodity.

Planet A Foods se propõe a resolver esse dilema ao fornecer uma alternativa de chocolate que pode ser incorporada em produtos alimentares como cereais, doces e bolos, sem os danos associados à produção de cacau. De acordo com a startup, essa mudança de paradigma pode evitar a emissão anual de cerca de 500 milhões de toneladas de CO2, substituindo a produção em larga escala do cacau por um método sustentável que evita a desflorestação e prioriza o abastecimento local dos ingredientes.

Os ingredientes utilizados na produção do ChoViva foram escolhidos com foco em sua capacidade de serem cultivados localmente. Isso resulta em uma pegada de carbono até 80% menor em comparação com o chocolate convencional. “Não somos contra o chocolate,” ressalta o cofundador e CEO Dr. Maximilian Marquart. Ele destaca que o objetivo é atacar aplicações de lanches convencionais, como M&Ms e Snickers, que frequentemente utilizam chocolate de qualidade inferior.

Crescendo com responsabilidade e inovação

A economia também favorece a adoção do ChoViva pela indústria alimentícia, já que seu preço é menos suscetível à volatilidade que impacta o cacau, um recurso limitado. Para garantir essa transição, a Planet A Foods precisa ampliar significativamente sua capacidade de produção, uma tarefa que pode ser desafiadora no atual cenário de demanda crescente.

Atualmente, a capacidade de produção do ChoViva ainda é apenas uma fração do total global de c acau, que gira em torno de 4 a 5 milhões de toneladas anualmente. A equipe da startup já adquiriu as máquinas necessárias para a industrialização e está evaliando outras formas de atender à demanda, como a expansão para a Ásia, onde observam um grande interesse por seus produtos.

Apesar dos desafios enfrentados, a ambição da Planet A Foods permanece alta. “Estamos automatizando e melhorando os processos, além de planejar uma nova instalação nos Estados Unidos”, revela Maximilian. Ele observa que é crucial para a empresa manter uma abordagem focada, já que, como startup, não podem “conquistar o mundo sozinhos”. Portanto, os principais mercados em que pretendem se estabelecer são o Reino Unido e os EUA, mas a demanda proveniente da Ásia não é descartada.

Inovação em pesquisa e desenvolvimento

Além de expandir a produção, os novos fundos também serão alocados em pesquisa e desenvolvimento, com o objetivo de criar uma alternativa à manteiga de cacau, outro ingrediente crucial na indústria alimentícia. Outro desafio que a startup está disposta a enfrentar é a substituição do óleo de palma, que gera consideráveis problemas de sustentabilidade. O Dr. Maximilian afirma que a empresa está desenvolvendo uma plataforma de fermentação que possibilita a produção de manteiga de cacau bioidêntica, com propriedades semelhantes às convencionais.

Este método, que envolve o uso de microrganismos geneticamente modificados, deverá passar por aprovações rigorosas, especialmente na Europa, antes de chegar ao mercado. Se tudo ocorrer conforme o planejado, a Planet A Foods pode não apenas revolucionar a produção de chocolate, mas também desencadear uma mudança significativa nas práticas de sustentabilidade do setor alimentício em todo o mundo.

Este esforço inovador da Planet A Foods ilustra como a busca por soluções sustentáveis pode transformar um setor tradicional e, simultaneamente, atender à crescente demanda por alternativas menos poluentes e mais éticas. À medida que a empresa avança em sua jornada, acompanhar seu progresso será inspirador para todos que se preocupam com o futuro do meio ambiente e com a qualidade dos produtos que consumimos diariamente.

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