A AstraZeneca, renomada empresa britânica de fármacos, acaba de nomear uma nova chefe para sua operação na China. A decisão vem em meio a uma crise gerada pela detenção do ex-executivo Leon Wang, que está sob investigação pelas autoridades chinesas. A nomeação de Iskra Reic para liderar a unidade é vista como uma estratégia para restaurar a confiança dos investidores e assegurar a continuidade das operações no país, um dos mercados mais estratégicos para a gigante farmacêutica.
Em uma declaração oficial, a AstraZeneca comunicou que Iskra Reic, que já desempenhou um papel significativo no desenvolvimento da vacina contra a Covid-19 da empresa, será a nova líder na China, substituindo Wang, que está em “licença prolongada enquanto é investigado em seu país”. A pressão sobre a AstraZeneca aumentou desde a revelação do status de Wang em outubro, despertando reações no mercado e lembrando os investidores de um escândalo de corrupção que abalou a indústria farmacêutica britânica, envolvendo a GlaxoSmithKline, que foi multada em **$489 milhões** na China há uma década. A sensação de déjà vu tem deixado muitos nervosos, temendo que a história se repita.
Em uma tentativa de apaziguar a situação, Reic se mudará para Xangai para assumir a função ampliada, conforme noticiado pela Reuters. Além de liderar a operação na China, ela também continuará sua função atual à frente da unidade de vacinas e terapias imunológicas da AstraZeneca. Essa mudança representa um passo estratégico para a empresa, que busca não apenas estabilizar sua liderança, mas também continuar a oferecer inovações em um mercado competitivo e vital.
Vale lembrar que a AstraZeneca é atualmente a empresa mais valiosa do índice FTSE 100, que inclui as cem maiores companhias listadas na Bolsa de Valores de Londres. No entanto, a situação não é simples. A empresa admitiu publicamente que Wang estava “cooperando com uma investigação em andamento” e, subsequentemente, confirmou que ele havia sido detido. Desde então, os detalhes do caso têm sido escassos, já que a AstraZeneca afirma não ter informações adicionais sobre a situação de seu ex-executivo.
O desafio não se limita apenas à AstraZeneca, uma vez que várias empresas têm enfrentado problemas semelhantes com a justiça na China. O caso de Bao Fan, um proeminente banqueiro de investimentos que desapareceu em fevereiro de 2023, exemplifica um padrão de desaparecimentos que levantam bandeiras vermelhas sobre a segurança das operações comerciais no país. Embora um ano e meio tenha se passado desde seu desaparecimento, até agora não foram apresentadas acusações formais contra ele.
Informações adicionais da Yicai, um veículo de mídia financeira estatal da China, indicam que Wang e outros funcionários da AstraZeneca estão sendo investigados por supostas violações relacionadas a fraudes de seguro. Essa revelação contribui para um clima de incerteza, já que a investigação de fraudes em seguros levou à condenação de aproximadamente **100 ex-funcionários** da empresa, além de outras investigações relacionadas à importação ilegal de medicamentos contra o câncer para a China continental, conforme mencionado pela CFO da AstraZeneca, Aradhana Sarin, em uma teleconferência recente com investidores.
Em um cenário de crescente desconfiança, a AstraZeneca, agora sob a nova liderança de Iskra Reic, terá o desafio de recolher os cacos de uma situação potencialmente desastrosa. Em tempos incertos, a gestão habilidosa é o que pode diferenciar uma empresa entre o sucesso ou o fiasco. Os olhos do mundo estão voltados para a AstraZeneca e, com certeza, todos estarão atentos para ver como a nova presidente na China lidará com essa crise e o impacto que suas decisões terão no futuro da empresa no mercado chinês e global.
— Contribuição de Anna Cooban, da CNN.