A Fly Ventures, uma renomada capital de risco sediada em Berlim, Alemanha, deu um passo significativo em sua trajetória de investimentos ao anunciar o lançamento de seu terceiro fundo, que conta com um expressivo valor de €80 milhões. Esta nova empreitada ocorre somente três anos após a captação anterior de €53 milhões, realizada em 2020, demonstrando não apenas a confiança do mercado na Fly Ventures, mas também o forte potencial de crescimento nas áreas de tecnologia empresarial e deep tech na Europa.
Com uma abordagem focada em fundadores técnicos, a Fly Ventures afirma que seu Fund III foi excessivamente subscrito, conseguindo levantar todos os recursos em um único fechamento. Esse crescimento, embora modesto em comparação com o tamanho do fundo anterior, reflete a decisão da empresa de se manter como um fundo boutique, priorizando qualidade sobre quantidade em seus investimentos.
Gabriel Matuschka, um dos fundadores da Fly Ventures, explicou em entrevista ao TechCrunch que a abordagem da empresa sempre foi olhar para áreas que não estavam, na maioria das vezes, nos holofotes, como a ciência dos materiais e a inteligência artificial. “Gostamos de fazer coisas que, na época, outras pessoas pensam: o que… ciência dos materiais e IA?! Hoje em dia, mais pessoas estão fazendo isso, mas nosso plano de ação é investir em tais áreas dois ou três anos antes que qualquer um deles se preocupe”, disse Matuschka, enfatizando a visão vanguardista que a Fly Ventures busca ter no mercado.
A Fly Ventures, fundada por Gabriel Matuschka e Fredrik Bergenlid, foca em um modelo de investimento que vai de €1 a 4 milhões em rodadas que variam entre €2 e 10 milhões, principalmente na fase de surgimento das startups. O time da Fly, composta por Matuschka, Bergenlid, Marie Brayer e Matt Wichrowski, atua sob um modelo de GP igualitário, distribuído entre Berlim, Londres, Paris e Zurique, promovendo uma abordagem colaborativa nos investimentos.
Matuschka destacou a importância das regiões envolvidas, dizendo que a dinâmica entre Berlim e Londres, com a adição de Munique, possibilita uma cobertura mais ampla das inovações tecnológicas na Alemanha e no Reino Unido. Ele observou que Munique possui um ecossistema robusto para tecnologia mais técnica. Paris, por sua vez, viu um crescimento acelerado no lado técnico nos últimos anos, o que motivou a inclusão de Marie Brayer na equipe, que está sediada na capital francesa.
Em termos de setores, a inteligência artificial já representa cerca de 45% dos investimentos da Fly, enquanto aplicações verticais e tecnologia industrial respondem por 35% e ferramentas de desenvolvimento/infraestrutura por 20%. Isso demonstra uma clara preferência da empresa por áreas que são não apenas inovadoras, mas também essenciais para o futuro das indústrias na Europa.
O portfólio da Fly Ventures inclui startups inovadoras como a Inato, que opera um mercado de ensaios clínicos, a Salv, focada em prevenção de lavagem de dinheiro, e a GitGuardian, especializada em cibersegurança. Outra startup notável é a Wayve, que recentemente conseguiu levantar $1.05 bilhão em uma rodada de Série C, liderada pelo SoftBank, para avançar na tecnologia de direção autônoma com aprendizado autônomo.
A Fly Ventures também fez investimentos significativos em Lakera, uma startup de Zurique que visa proteger empresas de vulnerabilidades associadas a modelos de linguagem, e na Orbital Materials, uma empresa do Reino Unido que desenvolve modelos fundamentais para a ciência dos materiais. Esses investimentos não apenas demonstram a estratégia bem-sucedida da Fly Ventures, mas também sua posição como uma força influente no ecossistema tecnológico europeu.
Ao olhar para o futuro, a Fly Ventures se posiciona como uma capital de risco que não se contenta em seguir as tendências existentes, mas que busca criar novas frentes de inovação com foco em fundadores técnicos. Isso não apenas a diferencia no mercado, mas também a coloca na posição de moldar o futuro das startups européias e, potencialmente, impactar o cenário tecnológico global.
