A cidade de Homs, localizada no centro da Síria, testemunhou uma significativa onda de fugas nesta última sexta-feira, enquanto os rebeldes anti-regime ampliam suas ações, pressionando cada vez mais ao sul, em direção à capital do país, Damasco. O que começou com a captura da cidade de Hama, ao norte, por forças rebeldes, agora se transforma em uma rápida progressão rumo a Homs, que, se tomar, pode significar uma virada decisiva neste prolongado conflito civil sírio.
Imagens gravadas durante a noite de quinta-feira para sexta-feira revelaram centenas de veículos alinhados ao longo das rodovias que levam para fora de Homs, à medida que os civis tentavam escapar da violência iminente proveniente de conflitos esperados entre os rebeldes e as forças do governo sírio. A cidade, marcada por uma história conturbada de confrontos e massacres, sente a pressão de um potencial ataque rebelde que poderia deixar suas ruas ainda mais marcadas pela guerra.
O avanço dos rebeldes na região não é uma coincidência; após capturarem Hama na quinta-feira, as forças rebeldes intensificaram seu foco na cidade de Homs, um ponto estratégico crucial que, se conquistado, poderia dividir o território controlado pelo regime do presidente Bashar al-Assad em dois, formando pockets de controle que dificultariam a comunicação e a logística do governo. A captura de Homs pelos rebeldes não só seria uma conquista militar significativa, mas também um simbolismo de resistência e mudança no panorama político da Síria.
O porta-voz dos rebeldes não hesitou em emocionar seus apoiadores, afirmando: “Nosso povo heroico em Homs, seu tempo chegou”. Estas palavras ecoam em um momento crucial, onde a expectativa de um novo capítulo na história da Síria se torna palpável. A liderança da coalizão rebelde, liderada por Abu Mohammad al-Jolani, expressou sua visão de derrubar o regime de Assad, que já está há décadas no poder. Al-Jolani, em uma entrevista exclusiva à CNN, afirmou que “o objetivo da revolução permanece o mesmo: a queda desse regime”. Posicionando-se como heróis, os rebeldes acreditam que é seu direito utilizar todos os meios necessários para alcançar essa meta.
O contexto social em Homs é complexo; a cidade abriga uma significativa população de alauítas, co-religionários de Assad, muitos dos quais temem represálias de militantes islâmicos que os acusam de dominar o país e de apoiar a repressão do regime contra a rebelião. A iminência de um ataque rebelde pode intensificar esses medos, revertendo uma cidade que experimentou tanto a resistência quanto a opressão ao longo dos anos.
A rápida ascensão rebelde ocorre em um contexto histórico alarmante, onde a ofensiva reavivou uma guerra civil que havia estado em um estado de letargia por anos. Desde o início do conflito em 2011, desencadeado quando Assad tentou reprimir manifestações pacíficas durante a Primavera Árabe, a dinâmica da guerra se intensificou, à medida que vários atores regionais e potências globais como a Arábia Saudita, os Estados Unidos, o Irã e a Rússia entraram no cenário, transformando o conflito em uma verdadeira guerra por procuração.
Com mais de 300 mil civis mortos nos últimos anos, segundo dados das Nações Unidas, e milhões de pessoas deslocadas em toda a região, a situação humanitária na Síria continua a ser um dos mais graves desafios do século XXI. A CNN tentou contatar várias fontes em Homs nesta sexta-feira, mas os relatos sobre um apagão de internet à medida que os rebeldes se aproximavam da cidade indicam que a situação na região se torna cada vez mais precária. Enquanto a luta continua, muitos residentes dos novos territórios capturados celebram suas novas conquistas, finalmente se libertando de um regime opressivo que há tanto tempo governava sob o signo do medo e da repressão.
À medida que a tensão se intensifica e os rebeldes avançam, Homs se torna um ponto focal de uma guerra que já afetou profundamente a vida de milhares de sírios. A comunidade internacional observa esses desenvolvimentos com apreensão e esperança, questionando qual será o próximo movimento neste complexo tabuleiro de xadrez geopolítico.
Com a situação em constante mudança, as repercussões desses eventos podem ter um impacto profundo não apenas na Síria, mas também em todo o Oriente Médio, onde a luta por poder, liberdade e sobrevivência continua a moldar o futuro.
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