A nação africana de Gana está prestes a vivenciar um momento decisivo em sua história política. Neste sábado, os cidadãos irão às urnas para eleger o próximo presidente em um cenário marcado por tensões econômicas, polarização política e a expectativa de um retorno, à moda Trump, do ex-presidente John Mahama. O atual governante, Nana Akufo-Addo, se vê fora da corrida eleitoral, pois já cumpriu seu limite de dois mandatos consecutivos. Com esse pano de fundo, os principais concorrentes se destacam como figuras proeminentes dos dois principais partidos do país: o Partido Patriótico Novo (NPP), que está no poder, e o Congresso Nacional Democrático (NDC), que agora busca recuperar sua influência.

As pesquisas de opinião indicam um acirramento da disputa entre o atual vice-presidente Mahamudu Bawumia, de 61 anos, e John Mahama, de 66 anos, que tenta um retorno ao cargo que ocupou de 2012 a 2017. Analistas apontam que os eleitores estão cada vez mais focados nas dificuldades econômicas que Gana enfrenta atualmente, o que será crucial para determinar o vencedor. O crescimento econômico estagnado e a inflação elevada, que despontou como um dos principais problemas do eleitorado, parecem estar no topo da lista de preocupações dos ghanenses. De acordo com Godfred Bokpin, economista e professor na Universidade de Gana, a economia será uma prioridade na avaliação dos eleitores. “É preciso garantir que a próxima administração tenha abordagens eficazes para as dificuldades econômicas”, afirmou.

Desafios econômicos e sociais enfrentados por Gana

Nos últimos anos, a população ghanense tem enfrentado um aumento alarmante na pobreza, agravado por uma crise de desemprego e pelo crescimento descontrolado da mineração ilegal de ouro, conhecida localmente como “galamsey”. Especialistas afirmam que a degradação ambiental decorrente dessa atividade tem gerado preocupações sobre a qualidade de vida das comunidades locais. A situação é ainda mais premente com o aumento dos preços dos alimentos, fator que, segundo o Banco Mundial, impulsionou a pobreza em várias camadas sociais. “Estamos vivendo sob pressão econômica”, declarou Kwame Asah-Asante, professor de ciência política na Universidade de Gana, ressaltando a urgência em que a questão do desemprego deve ser tratada nas discussões eleitorais.

A inflação de Gana atingiu impressionantes 54,1% em dezembro de 2022, o mais alto em mais de duas décadas, levando a protestos públicos sobre supostas falhas na administração econômica. A falta de resposta do governo aos problemas sociais, como a carestia generalizada, vem sendo amplamente criticada. Durante a campanha, a abordagem de Bawumia a esses desafios será um fator determinante em sua possibilidade de vitória. Ele foi visto como o rosto das políticas de gestão econômica do governo e embora tenha se distanciado de algumas das críticas, permanece sob a pressão de demonstrar resultados concretos que transcendam a retórica.

Enquanto isso, Mahama pretende usar as insatisfações populares para moldar sua mensagem de campanha. Ele promete uma “reinicialização” do país, propondo uma governança mais responsável e promovendo um governo eficiente capaz de trazer alívio para a população empobrecida. O ex-presidente também se comprometeu a erradicar a mineração ilegal e criar uma economia de 24 horas para estimular o emprego. “Nosso objetivo é trazer um governo que ouça a população”, afirmou durante um comício.

Cenário eleitoral e expectativas para o futuro de Gana

Mais da metade dos 34 milhões de ghanenses estão registrados para votar, e muitos anseiam por uma mudança significativa. O sistema eleitoral do país exige que um candidato obtenha mais de 50% dos votos para conquistar a presidência, caso contrário, uma segunda rodada de votação será necessária. A expectativa é de uma eleição acirrada entre Bawumia e Mahama. A aceitação pacífica dos resultados e a continuidade da tradição democrática do país são vistas como fundamentais para a estabilidade futura de Gana.

“Acredito que o povo ghanense vai votar em peso pela democracia. Espero que o perdedor aceite a derrota e respeite as regras do jogo”, disse Asah-Asante, reforçando a esperança de que a escolha do novo líder não apenas reverberará nas políticas nacionais, mas também na vida cotidiana da população. Entre as promessas, Bawumia destacou a redução do custo de vida e a estabilização de preços de alimentos, enfatizando a necessidade de cuidados com a mineração para proteger o meio ambiente. Enquanto isso, Mahama enfatiza sua experiência e a importância de ativar novamente os motores do crescimento econômico após anos de estagnação e dificuldades.

O pleito deste sábado representa não apenas uma escolha política, mas um divisor de águas que determinará o rumo econômico e social de Gana nos próximos anos. Os cidadãos, atentos e mobilizados, estão prontos para se manifestar nas urnas na esperança de que um novo governo possa trazer mudanças significativas e um futuro próspero para todos.

Com certeza, a presença de desafios e a falta de recursos são aspectos centrais da história atual de Gana. E, enquanto os eleitores se preparam para decidir quem conduzirá o barco em tempos difíceis, o mundo observa de perto, esperando que a democracia ghanense continue a florescer, mesmo em meio às tempestades políticas e econômicas.

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