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O que leva uma pessoa a assistir a filmes de terror? De fato, eu sou uma das que foge deles! Justamente por conta do susto, obrigado! No entanto, me pergunto: o que faz outras pessoas gostarem tanto? A ciência sugere que essa busca é uma maneira de experienciar o medo verdadeiro em um ambiente seguro. Um jeito elegante de lidar com nossa própria mortalidade, ou seja, uma forma de não sermos devorados pela vida, ou quem sabe, pela morte.

O gênero de terror está mais vivo do que nunca, mas me atrevo a afirmar que o true crime se tornou o novo terror da nossa geração. Por onde quer que se olhe, o público contemporâneo está envolvido em explorar seu destino e sua mortalidade por meio de livros, documentários, podcasts, filmes e séries de televisão.

Agora, qual é a conexão entre tudo isso e a tão aguardada série da Amazon Prime Video, intitulada The Sticky? A resposta está nas raízes do roteiro, que foi inspirado pelo “grande roubo de xarope de bordo canadense”, onde, acreditem ou não, quadrilhas do Norte do Canadá roubaram quase 20 milhões de dólares canadenses em xarope.

O crime verídico foi, na verdade, bastante metódico e um tanto tedioso. Os criminosos acabaram sendo capturados (pelo menos alguns deles) e cumpriram penas de prisão (ainda menos). A narrativa poderia ser contada de inúmeras maneiras e, se seguíssemos a tendência atual da TV, tudo indica que o ideal seria ser sombrio, assombroso e até mórbido. Afinal, brainstorming não tem ideias erradas! Contudo, para aqueles que acreditam que já existe terror demais no mundo real, nós decidimos seguir um caminho diferente. Que tal tratarmos o verdadeiro crime de um jeito mais carinhoso, desesperado, e, pasmem, de alguma forma, bem engraçado?

Naturalmente, a história real não é divertida, mas quando me permiti divergir um pouco dos fatos, todas essas qualidades inesperadas apareceram nas entrelinhas. Sempre procurei contar histórias de superação e de pessoas lutando contra as dificuldades, assim como muitos de nós enfrentamos. Pessoalmente, isso ressoa comigo, pois, em certa época de minha vida, eu também era pequeno e me via cercado por muitas paredes (muitas das quais não eram acolhedoras – uma dica: evitem as de cimento, sempre preferem as de madeira macia como o aspen ou o pinho branco, se possível).

A partir desse ponto, começamos a construir a série. Quem, em sua sanidade, teria a audácia de roubar xarope de bordo não só como solução, mas como única saída possível? It ensaiando a verdadeira essência da história – precisamos ignorar o crime em si e focar nos personagens ficcionais, porque a resposta se torna clara. E mais ainda: era fundamental que os três protagonistas não fossem guiados pela mesma motivação. Se o fizermos, a narrativa se tornaria repetitiva e em última análise, não seria divertida. A bênção da série está em acompanhar três personagens completamente diferentes, com agendas variadas visando o mesmo tesouro, mas por razões que divergem dramaticamente. Portanto, é o contraste que traz a comédia à tona.

Com base nessa fundação, tornou-se possível explorar os aspectos sérios e como cada personagem lida com suas realidades emocionais sem que o enredo se complique excessivamente. Assim, ao explorarmos as realidades da psique de cada um deles, o humor pode coexistir confortavelmente no âmbito do “true crime”. Os protagonistas não são apenas peças de um tabuleiro de xadrez, eles são influenciados por suas inseguranças e limitações. E, ironicamente, muitas vezes são eles que criam seus próprios obstáculos.

Expus a Brian que o tom da série deveria ser como se nós dois fôssemos obrigados a roubar 500 vacas. Temos certeza de que conseguiríamos fazer parte disso! Ao menos parcialmente! Claro que, certamente não conseguiríamos levar todas elas para casa – muitas acabarão fugindo ou não sobreviverão. Mas imaginemos que nossas vidas dependessem disso, garantiríamos que a missão fosse cumprida. Mais ou menos. E mesmo que ao final todo esse processo não fosse engraçado para nós, o trauma, a horrenda experiência se apresentaria como um grande filme de terror, repleta de endorfinas em nossa mente. Por outro lado, quem assistisse ao nosso “roubo” com certeza daria risadas à valer (ou teria uma crise de riso dos que presenciassem os acidentes em seu trajeto).

E, claro, conta sempre um elenco de peso para dar vida a toda história. Margo Martindale é um verdadeiro tesouro nacional e tem a capacidade de atuar em dramas e comédias com a mesma maestria. Chris Diamantopoulos trouxe uma energia faminta para a realidade de seu personagem, um baixo nível de um mafioso de Boston, que não sabíamos que precisávamos. Por outro lado, Guillaume Cyr possui uma vulnerabilidade que o torna adorável, não importa o que faça em cena. Além disso, os três atores tinham a intuição de que não estavam ali para fazer piadas. Conversamos muito sobre isso: nenhum de seus personagens se considera engraçado. Assim como muitas boas comédias espontâneas, o humor se desenvolve nas partes mais silenciosas da atuação.

Então, por que não deixar de lado o horror? Jamie Lee Curtis, que também é produtora executiva e faz uma participação especial na série, quem sabe… Vocês podem lidar com a própria mortalidade por conta disso! Mas por minha conta (em dólares canadenses), gostaria de ver um verdadeiro bando desesperado realizando um crime absurdo ao encontrar doçura numa realidade extremamente amarga.

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Ed Herro é o co-criador da série The Sticky, agora disponível para streaming na Prime Video.

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