No último sábado, o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol fez uma declaração pública que chocou a nação, ao pedir desculpas pela tentativa de impor a lei marcial por um curto período, logo antes de uma crucial votação no Parlamento sobre seu impeachment. A controversa ação de Yoon levantou preocupações significativas sobre a estabilidade política no país e provocou um aumento nas manifestações populares exigindo sua remoção do cargo.
Em um breve discurso televisionado, Yoon reconheceu a ansiedade pública gerada pela medida e afirmou que não se esquivaria de responsabilidades legais ou políticas em relação à declaração de estado de emergência. Em uma tentativa de acalmar os ânimos inflamados, prometeu não repetir a abordagem extremista que adotou, além de depositar a responsabilidade em seu partido político, o People Power Party, para traçar um novo rumo diante da turbulenta situação política, enfatizando a necessidade de abordar corretamente a situação referente ao seu mandato.
Com a votação marcada para mais tarde naquele dia, a pressão política aumentou. Milhares de cidadãos foram às ruas expressar sua insatisfação, e a possibilidade de impeachment estava se tornando mais concreta. Lawmakers sul-coreanos se prepararam para votar no impeachment de Yoon, em meio a um crescente clamor público pela sua saída do cargo. A votação se tornava ainda mais significativa em um cenário em que muitos críticos consideravam a declaração de lei marcial como uma tentativa de autogolpe, uma ação sem precedentes na história recente do país.
Até o momento, permanece incerto se a proposta de impeachment apresentada por legisladores da oposição conseguiria o apoio de dois terços da Assembleia Nacional, exigido para a destituição de Yoon. Entretanto, a chance máxima para o impeachment se intensificou após o líder do próprio partido de Yoon solicitar a suspensão de seus poderes constitucionais, alegando que ele não possui mais a capacidade de governar de forma adequada e que poderia tomar ações mais radicais, como novas tentativas de imponer a lei marcial.
Para que o impeachment aconteça, seriam necessários 200 dos 300 votos da Assembleia Nacional, enquanto os partidos de oposição que uniram forças para apresentar a moção têm 192 assentos. Isso significaria que eles precisariam ao menos de oito votos do People Power Party, que até então se mostrava resistente a apoiar o impeachment.
A situação chegou a tal estado de tensão que durante o processo legislativo, 18 membros do People Power Party se uniram para votar a favor da ordem unânime que cancelou a lei marcial imposta por Yoon, apenas três horas após seu anúncio, em uma votação que terminou 190 a 0. O clima se agravou quando centenas de tropas armadas cercaram a Assembleia Nacional em uma evidente tentativa de intimidar e influenciar a votação e possivelmente deter políticos da oposição.
O Parlamento teve que se reunir às cinco da tarde, horário local, priorizando a votação sobre uma proposta que geraria um promotor especial para investigar alegações de tráfico de influência envolvendo a esposa de Yoon antes de decidir sobre o impeachment. Essa crise política sinistra resultante da surreal e mal planejada tentativa de Yoon de assumir o controle paralisou a política sul-coreana e causou alarme entre parceiros diplomáticos fundamentais, como o Japão e os Estados Unidos, trazendo à tona questionamentos sobre a continuidade de uma das democracias mais robustas da Ásia.
Além disso, parlamentares da oposição argumentaram que a declaração de estado de emergência não foi simplesmente uma ação negativa, mas um ato de revolta contra a democracia, levando à elaboração da proposta de impeachment alegando charges de rebelião. O líder do People Power Party, Han Dong-hun, não legislador, insistiu que era de vital importância suspender as autoridades presidenciais de Yoon de forma imediata, afirmando que ele poderia potencialmente colocar a República da Coreia e seus cidadãos em grande perigo.
Nos últimos dias, Han alegou ter recebido informações de que, durante o breve período de lei marcial, Yoon ordenou a detenção e arresto de políticos-chave do país com base em acusações de “atividades antiestatais.” O vice-diretor do Serviço Nacional de Inteligência, Hong Jang-won, confirmou durante uma sessão fechada que Yoon realmente solicitou que sua equipe de vigilância prendessem políticos da oposição, incluindo Han, o líder da oposição Lee Jae-myung e o presidente da Assembleia Nacional Woo Won Shik.
Como mencionamos, a situação levou o Ministério da Defesa a suspender diversos comandantes que participaram na tentativa de aplicação da lei marcial. O ex-ministro da Defesa, Kim Yong Hyun, que foi acusado de aconselhar Yoon a impor a lei marcial, agora está sob proibição de viajar e enfrenta uma investigação da promotoria por charges de rebelião. O novo vice-ministro da Defesa, Kim Seon Ho, que assumiu a posição de ministro da Defesa após a saída de Kim Yong Hyun, testemunhou perante o Parlamento que foram suas ordens que levaram os militares a cercar a Assembleia Nacional após a declaração de lei marcial.
Portanto, o cenário na Coreia do Sul se revela extremamente complexo e repleto de incertezas, enquanto o país enfrenta um capítulo crítico em sua história democrática, que poderia impactar não somente o futuro de Yoon, mas também as relações diplomáticas e a estabilidade regional no Nordeste Asiático.