Quantas informações você realmente possui sobre Martin Van Buren, o oitavo presidente dos Estados Unidos? A verdade é que seu nome não costuma ser mencionado em discussões sobre os grandes líderes da história americana. Servindo entre 1837 e 1841, Van Buren enfrentou um período sombrio em sua presidência, marcado por uma severa recessão financeira que lhe rendeu o apelido de “Martin Van Ruin”. No entanto, um novo livro intitulado Martin Van Buren: America’s First Politician, escrito por James M. Bradley, vem à tona para iluminar a história deste político obscuro e detalhar aspectos surpreendentes de sua vida que muitos desconhecem, como sua participação inesperada em um episódio de Seinfeld.
A ideia de que Van Buren seria uma figura irrelevante pode ser desafiada ao se explorar sua influência na política moderna. Bradley afirma que “Van Buren foi o principal responsável por transformar o partido de massa na principal forma de expressão política na América”. Ele praticamente fundou o Partido Democrata, hoje, o partido político mais antigo do mundo. Outros elementos fundamentais que associamos às campanhas e partidos políticos — como convenções, plataformas e, sim, propaganda — nasceram sob sua orientação.
A história por trás do terno atemporal de Van Buren pode não estar nos livros de história, mas sua capitalização na imagem pública está. Uma das aclamadas citações na série Seinfeld que incidentemente referencia o ex-presidente destaca uma alucinação sobre como ele era “malvado”, algo que não se sustenta de acordo com os estudos mais recentes. No episódio de 1997 chamado “The Van Buren Boys,” é mencionado um gangue fictício que usa o nome do presidente. O personagem Kramer faz referência ao presidente dizendo, “Oh sim. E eles são tão cruéis quanto ele era”. Entretanto, qualquer análise atenta revela que, embora Van Buren tenha sido ardiloso e até mesmo implacável na busca pelo poder político, ele nunca foi conhecido por ser maldoso. Ele era, na verdade, uma figura amigável e sociável tanto em público quanto entre seus colegas.
Um fato curioso é que Van Buren era careca e, como se pode imaginar, não gostava nem um pouco disso. Os documentos analisados por Bradley revelam que ele buscava desesperadamente formas de reverter sua calvície. O livro traz à luz recibos de um farmacêutico de Washington que vendia um produto chamado Oldridge’s Balm of Columbia, que prometia prevenir a queda de cabelo em apenas 48 horas. Embora o produto tenha sido um sucesso de vendas, ele não foi suficiente para salvar o cabelo de Van Buren, que acabou compensando a falta do mesmo com grandes costeletas, que o compararam ao super-herói Wolverine da série Veep.
Outro aspecto intrigante da trajetória de Van Buren é seu estado ancestral. Ele é o único presidente americano que não tem laços genéticos com João, Rei da Inglaterra, do século XIII, que foi um dos signatários da Magna Carta em 1215. A maioria dos presidentes dos Estados Unidos, segundo genealogistas, possui descendência do monarca britânico, mas Van Buren é uma exceção curiosa, sendo o único presidente de origem puramente holandesa, sem conexões com a realeza britânica.
Se as conexões familiares de Van Buren são interessantes, suas experiências na Casa Branca são, no mínimo, excêntricas. Uma tradição iniciada por Thomas Jefferson, onde especialistas em queijos enviavam suas iguarias para o presidente, levou a um incidente memorável. Antes de Van Buren assumir o cargo, um queijo criado por um produtor de Nova York pesava nada menos que 1.400 libras. Ao se mudar para a Casa Branca, Van Buren se deparou com o aroma do queijo impregnado nas cortinas e móveis, o que demandou semanas de limpeza.
Além disso, Van Buren popularizou o termo “OK”, que ainda ressoa em nossos dias. Embora o acrônimo não tenha sido criado por ele, os partidários usaram um de seus apelidos, “Old Kinderhook” (Van Buren nasceu em Kinderhook, Nova York), durante a fervorosa campanha eleitoral de 1840, utilizando frases como “He’s OK” e “I’m With OK”, estabelecendo uma marca que se perpetua até hoje.
Por fim, Van Buren tinha um gosto por luxos inimagináveis para a época, mesmo considerando suas origens humildes. Sua mansão em Nova York dispunha de encanamento interno, um luxo para a década de 1840, além de uma banheira de malaquita e um vaso sanitário de Wedgwood, uma fina porcelana inglesa. Sua extravagância era alvo de piadas entre os visitantes, mas o vaso sanitário de Wedgwood ainda pode ser encontrado no Martin Van Buren National Historic Site em Kinderhook, Nova York.
O livro Martin Van Buren: America’s First Politician, de James M. Bradley, está disponível para compra, oferecendo uma perspectiva fascinante sobre um presidente frequentemente esquecido, mas que teve um impacto significativo na forma como a política é entendida e praticada nos dias de hoje. Portanto, se você ainda tinha dúvidas sobre a relevância de Van Buren, é hora de revisitá-lo e descobrir a riqueza de sua história.