Nos últimos meses, o cenário das audiências de canais de notícias a cabo nos Estados Unidos experimentou uma oscilação dramática, especialmente após as eleições presidenciais de 2024. Histórias de quedas acentuadas em viewership proliferaram nas mídias, criando uma narrativa de crise que merece uma análise mais aprofundada. Um dos canais mais afetados é a MSNBC, que viu sua audiência noturna despencar em cerca de 52%. Tal queda não é um fenômeno novo; para aqueles que acompanham o mercado de notícias, sabemos que as flutuações nas audiências são uma constante após os eventos eleitorais.
O que ocorre com a audiência de canais como Fox News, CNN e MSNBC após eleições? A resposta está na natureza dos eventos eleitorais e seu impacto psicológico sobre os espectadores. Desde 2004, as audiências desses canais sofreram uma média de queda de 38% no mês seguinte às eleições, um fenômeno que se perpetua de ciclo em ciclo. Após a eleição de Donald Trump em 2016, por exemplo, a MSNBC viu uma queda de 41% na audiência, refletindo uma tendência a se afastar após a decisão do eleitorado.
Dado o recente panorama, em que a audiência primária da MSNBC caiu para uma média de 661.000 telespectadores, o que corresponde a menos da metade de sua média de visualização em outubro, é crucial entender os fatores que contribuem para essa mudança. No entanto, para muitos, essa situação não é motivo para pânico, mas uma parte normal do ciclo político nos EUA. O outono de 2024 trouxe uma queda acentuada de visualizações nas principais emissoras de notícias por razões que incluem reflexões do eleitorado e mudanças no foco da cobertura mediática.
Os números, embora alarmantes à primeira vista, se assemelham a padrões observados após eleições anteriores. O primetime da cobertura eleitoral, por exemplo, registrou uma audiência de 42.29 milhões de espectadores em 5 de novembro de 2024, uma queda acentuada de 26% em relação aos 56.92 milhões de espectador de 2020, o que é intrigante considerando que este foi o menor número de audiência desde que a Nielsen começou a registrar todos os espectadores em 2000. Os impactos são nítidos; CNN e Fox News relataram uma queda alarmante de 31% na audiência na noite das eleições, porém, ambos os canais também têm reportado um aumento de audiência em suas plataformas digitais, mostrando que a adaptação ao ambiente digital é uma resposta positiva aos desafios tradicionais que enfrentam.
A resiliência de algumas redes, como o próprio Fox News, que viu um pequeno aumento de 7% em sua audiência primária pós-eleitoral em relação ao seu desempenho em outubro, complica ainda mais essa equação. Por outro lado, a CNN viu um declínio ainda mais severo, com uma perda de 46%. O que isso significa para o futuro das emissoras? Uma recuperação pode ser esperada nos próximos meses, com padrões anteriores sugerindo que as audiências devem começar a retornar de forma gradual à medida que novas narrativas e eventos emergem. O que se torna claro é que tanto a CNN quanto a MSNBC têm um histórico de recuperação após quedas significativas em suas audiências.
É importante mencionar, no entanto, que o futuro incerto das redes pode ser exacerbado por fatores externos como cortes de assinatura de canais a cabo e o crescimento implacável de plataformas de streaming. A Comcast, empresa-mãe da MSNBC, está planejando estratégias adicionais que podem impactar o canal, o que adiciona uma camada de complexidade ao cenário que já é desafiador. A constante luta da CNN contra problemas de audiência destaca as vulnerabilidades que as redes enfrentam no contexto atual da mídia.
Neste contexto dinâmico, refletir sobre as audiências da televisão por cabo nos Estados Unidos se torna não apenas um exercício de números, mas um mergulho nas complexidades que envolvem a psicologia do telespectador, mudanças estruturais nas redes de transmissão e a evolução das preferências de consumo de mídia. A análise dos dados sugere que as redes têm as ferramentas para se recuperar e prosperar se posicionarem adequadamente suas ofertas de conteúdo futuro. Se as experiências passadas e as tendências atuais forem qualquer indicação, os ventos da mudança estão sempre soprando nesse setor.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição de 4 de dezembro da revista The Hollywood Reporter. Para receber a revista, clique aqui para assinar.