The Far Side, uma famosa série de tiras cômicas criada por Gary Larson, sempre teve o dom de transformar situações cotidianas e aparentemente mundanas em comentários absurdos e hilários. Diferente de outras tiras que possuem personagens principais e recorrentes, como Garfield ou Calvin e Hobbes, Larson se aproveita da liberdade criativa para explorar uma variedade de temas, incluindo a ciência e seus profissionais. No entanto, ao invés de representar os cientistas como ícones de inteligência e racionalidade, Larson muitas vezes opta por mostrar a face mais cômica, e por vezes estúpida, desses indivíduos. Vamos dar uma olhada em dez das tiras mais engraçadas que expõem a falta de bom senso de alguns cientistas em The Far Side.
Fuga em Direção ao Caminhão de Sorvete
Uma das tiras mais marcantes mostra quatro cientistas em um laboratório, imersos em suas pesquisas até que avistam um caminhão de sorvete passando pela janela. Indefinidos por sua curiosidade e desejo infantil, abandonam seus experimentos e correm em direção ao caminhão, completamente alheios ao quão importante seu trabalho pode ser. Essa cena, que simboliza a vulnerabilidade humana e a busca pelo prazer, é não apenas cômica, mas também retrata a fragilidade das prioridades mesmo entre os mais dedicados cientistas.
O Cientista Brincalhão
A próxima tirinha ilustra um dos cientistas trabalhando na construção de um míssil. Um colega, em tom de brincadeira, se aproxima com um saco de papel inflado pronto para estourar. Embora a tira não mostre a destruição iminente, a implicação é clara: a brincadeira irresponsável pode levar a consequências graves, mostrando a estultice dessa piada de mau gosto. O contraste entre o ambiente altamente técnico e a imprudência da brincadeira ilustra o lado humoroso e decadente da lógica científica.
A Invenção Inútil do Cientista
Não é apenas a falta de inteligência que faz as tiras de Larson brilharem; é a satirização do próprio processo científico. Um exemplo perfeito disso é quando um cientista cria um dispositivo inovador com o intuito de entender a linguagem dos cães, apenas para concluir que tudo o que os cães dizem é um metafórico “Oi!”. A reviravolta cômica não só ridiculariza o trabalho árduo e os recursos financeiros gastos na invenção, mas também nos força a considerar o verdadeiro valor de nossa curiosidade científica.
Hipocrisia Científica em Alto Nível
Em outra tira, Igor, assistente de um famoso cientista, tenta se divertir com um boneco do Lobisomem enquanto lida com Frankenstein. A hipocrisia do cientista, que está tentando trazer à vida um monstro feito de partes de cadáveres enquanto critica Igor por suas brincadeiras, é um dos aspectos hilários que fazem essa tira digna de nota. A incapacidade do cientista em reconhecer sua própria estranheza torna a piada ainda mais deliciosa.
Experimentos Estranhos e Fracassados
Uma cena particularmente estranha envolve um grupo de cientistas testando se os animais “se beijam”. Após várias tentativas, um cientista eventualmente tenta beijar uma vaca, mas recebe um golpe em resposta. Aqui, a tira captura não apenas a futilidade do experimento, mas também a inesperada realidade de que consentimento e respeito são fundamentais, mesmo no reino científico. Essa subversão humorística transforma a ciência em um campo de confusão e desentendimentos.
Na Pré-História: Um Cientista Neandertal
Levando-nos de volta aos dias primitivos da Terra, uma tira apresenta um cientista neandertal nomeando um mamute após observar através de um microscópio rudimentar. Com um toque óbvio de humor, a tirinha questiona o nível de inteligência mesmo em uma época em que a sobrevivência era o foco principal. O neandertal poderia muito bem ser uma metáfora para todos os cientistas que, em alguns casos, parecem esquecer o óbvio, desafiando nossa percepção de progresso.
A Superação de Medos em um Experimento Bizarro
Um dos cientistas decide enfrentar seus medos colocando-se em uma caixa suspensa cheia de cobras, o que, como é óbvio, não termina bem. A tentativa hilariante de superar medos por meio dessa abordagem perigosa e ineficaz reforça a ideia de que muitas vezes aqueles dedicados à ciência podem ser, ironicamente, os mais destorcidos.
Cientistas Caninos e Sua Dificuldade com Simplicidades
Imagine um cenário onde cães antropomórficos se reúnem em uma sala para estudar algo simples como a operação de um botão de porta. O absurdo aumenta quando um dos cães se distrai com um gato do lado de fora. Essa tirinha sutilmente questiona a capacidade até mesmo dos mais sábios entre os cães ao lidarem com tarefas humanas aparentemente simples, tornando a ciência um alvo hilário de análises vazias e ineficazes.
Interpretação Errada de Ditados Populares
Por último, a cena em que um grupo de cientistas tenta comprovar que “o riso é o melhor remédio” rindo de um paciente doente é talvez uma das tiras mais representativas do humor de Larson. A inabilidade deles em interpretar o significado literal da frase evidencia uma falta de κοινός (comum) senso, oferecendo uma crítica brilhante à interpretação errônea de signos científicos e culturais.
Uma Ironia Sobre Cientistas de Foguetes
Por fim, a tirinha em que um grupo de cientistas constrói um foguete malfeito e menciona, “não somos bem cientistas de foguete” ressalta a ironia de que aqueles que deveriam dominar o campo da ciência também podem tropeçar nas mais básicas normas de lógica. Ao manter um nível de humor acessível, Larson efetivamente standardiza o conceito de que qualquer um pode ter momentos de profunda ignorância, independentemente do seu domínio acadêmico.
Em suma, The Far Side continua a ser uma fonte inesgotável de humor que desmistifica o campo da ciência. Gary Larson, com seu toque inimitável, convida os leitores a rirem de si mesmos e de seus preconceitos sobre os cientistas, lembrando-os de que, no fim das contas, todos podem ter seus momentos de pura tolice.