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Em uma entrevista que foi ao ar no domingo, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que não tem planos de remover Jerome Powell do cargo de presidente do Federal Reserve (Fed). As palavras de Trump surgem em um contexto de especulações e tensões que cercam sua relação com a instituição financeira, especialmente considerando o histórico de críticas que ele fez a Powell ao longo de seu primeiro mandato.
Na apresentação do programa “Meet the Press with Kristen Welker”, da NBC, Trump foi questionado se planejava substituir Powell, e sua resposta foi clara: “Não, eu não acho. Não vejo isso acontecendo.” Esta pronúncia marca um momento significativo, pois é a primeira vez desde as eleições presidenciais que Trump expressa publicamente apoio ao atual presidente do Fed. Na mesma entrevista, quando indagado se teria intenções de pedir a renúncia de Powell, Trump simplesmente respondeu: “Não, não tenho.”
Esse apoio de Trump a Powell não é uma novidade absoluta, já que em julho ele havia afirmado que não o demitiria, caso fosse vitorioso nas eleições. Em novembro, um conselheiro sênior de Trump reiterou que ele permitiria que Powell completasse seu mandato. Contudo, essa relação não é desprovida de tensão; Trump já havia ameaçado a remoção de Powell em várias ocasiões no passado, especialmente após o aumento das taxas de juros pelo Fed em 2018. Chegou a referir-se a Powell como “o inimigo” em 2019, em meio a um clima econômico instável.
Outro aspecto importante a se considerar é que Trump, embora tenha criticado Powell, também elogiou suas ações quando estava em um momento mais calmo do mercado, como quando o Fed cortou as taxas de juros para zero durante a crise causada pela pandemia de COVID-19. Essa ambiguidade no relacionamento entre o presidente eleito e o presidente do Fed ilustra as complexidades das políticas econômicas em tempos de crise.
A realidade legal da remoção de um presidente do Fed
A questão da demissão de Jerome Powell está cercada por obstáculos legais significativos. Em uma coletiva de imprensa menos de 48 horas após a eleição de Trump, Powell teve que responder a uma pergunta direta sobre a possibilidade de renunciar se Trump pedisse, ao que ele respondeu, de forma assertiva, que isso “não é permitido pela lei”. Essa afirmação destaca a proteção legal que a figura do presidente do Fed possui, que impede que um presidente, como Trump, simplesmente decida pela demissão sem justificação adequada. Para que ocorra a remoção, é necessário que haja uma justificativa válida, o que frequentemente envolve um processo legal longo e complicado que poderia terminar na Suprema Corte dos Estados Unidos.
Trump está em busca de influência sobre as taxas de juros
Recentemente, Trump tornou a criticar o Fed e Jerome Powell argumentando que certos cortes de taxas de juros seriam motivados por considerações políticas. Ele comentou, em fevereiro em uma entrevista ao Fox Business Network, que o Fed estava considerando cortes nas taxas para ajudar a “talvez eleger algumas pessoas”. Essa possibilidade de controversa sugere um desejo de Trump de ter maior controle sobre as políticas do banco central.
Além disso, Trump expressou seu desejo de que, se não pudesse demitir Powell, ele gostaria que o Fed consultasse a Casa Branca antes de tomar decisões sobre taxas de juros. “Sinto que o presidente deve ter pelo menos uma palavra a dizer nesse processo. Eu me sinto fortemente assim”, disse Trump em uma conferência de imprensa em agosto. Isso demonstra um reconhecimento por parte de Trump sobre o papel e a independência do Fed, mas também uma vontade de influenciar a política monetária de forma mais direta.
A independência do Federal Reserve é fundamental para garantir que as decisões de política monetária sejam tomadas de modo a sustentar um crescimento econômico saudável e manter a inflação baixa. Embora a discussão sobre a possível interferência da Casa Branca seja válida, é crucial que qualquer mudança nesse arranjo institucional seja feita com cautela e, preferencialmente, com o respaldo do Congresso.
Concluindo, a relação entre Donald Trump e o presidente do Fed, Jerome Powell, está longe de ser simples. A sinalização de Trump, ao afirmar que não tem planos de demitir Powell, pode acalmar os mercados financeiros, que tradicionalmente reagem de forma sensível a incertezas sobre a liderança do Fed. Entretanto, a tensão subjacente nas críticas passadas de Trump sugere que a vigilância sobre a política monetária e suas implicações econômicas continuará a ser um tema quente durante sua administração.
Fontes: CNN
Contribuições de Elisabeth Buchwald, Bryan Mena e Kayla Tausche para este relatório.
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