Na sua primeira entrevista de televisão após a eleição presidencial, Donald Trump abordou diversos tópicos que prometem marcar seu novo mandato, especialmente ações relacionadas à imigração e a possibilidade de conceder perdões a apoiadores envolvidos nos tumultos do dia 6 de janeiro de 2021. O ex-presidente expôs suas intenções de implementar uma abordagem de deportação em massa e eliminar a cidadania por direito de nascimento, enquanto se mostra disposto a estabelecer um diálogo com os democratas sobre a proteção dos imigrantes infantis conhecidos como Dreamers durante a entrevista veiculada pelo canal NBC.

O diálogo com a repórter Kristen Welker foi amplo e permitiu que Trump detalhasse algumas das medidas que considera prioritárias. Ele reafirmou sua promessa de agir rapidamente em relação à imigração assim que assumir o cargo, ressaltando a necessidade de tratar dos Dreamers. “Estes são indivíduos que foram trazidos para o país ainda muito jovens, e muitos deles já estão em idade madura. Eles não falam a língua de seu país de origem. Sim, precisamos fazer algo a respeito disso”, disse Trump, marcando seu posicionamento mais claro sobre o assunto até o momento.

O ex-presidente expressou sua disposição para trabalhar junto aos democratas, embora tenha destacado que a colaboração se torna complexa em razão das dificuldades que eles impõem a propostas que visem melhorar as condições de imigração. “Se conseguirmos chegar a um plano — e os republicanos estão muito abertos para com os Dreamers — mas é muito difícil devido à posição dos democratas”, complementou Trump durante a apresentação, que foi gravada na sexta-feira e exibida na íntegra no domingo.

Embora Trump tenha defendido uma abordagem mais conservadora em relação à imigração, também disse que suas ações de deportação visariam principalmente aqueles com antecedentes criminais, mas deixou em aberto a questão de outros grupos que poderiam ser afetados sem oferecer uma definição clara. “Acredito que você tem que fazer isso”, mencionou ele, referindo-se à deportação de todos que entraram ilegalmente no país.

Durante a entrevista, o ex-presidente foi questionado sobre a deportação de famílias com status migratório misto e fez claras suas intenções de não separar famílias. “Não quero quebrar famílias. A única maneira de evitar isso é enviar todos de volta juntos. E é isso que teremos que fazer”, detalhou Trump.

Trump também reafirmou seu desejo de encerrar a cidadania por direito de nascimento, uma questão polêmica que gerou discussões acaloradas durante sua presidência anterior. O ex-presidente indicou que pretende buscar uma maneira de fazer isso através de uma ação executiva. “Precisamos mudar isso, ou talvez voltar ao povo, mas precisamos acabar com isso. Somos o único país que o tem”, afirmou, introduzindo um tema que ficou em pauta durante sua campanha e que promete ser revisitado.

Investigação e perdões: um novo foco para a administração Trump

Outro ponto de destaque na entrevista foram as possíveis investigações sob a administração de Trump, especialmente em relação a membros do Congresso e a sua contraparte atual, o presidente Joe Biden. Embora Trump tenha declarado que não pretende buscar “retribuição”, deixou espaço suficiente para que seus futuros componentes de gabinete decidam se ações devem ser tomadas contra políticos adversários.

Ele fez comentários sobre a necessidade de colocar atrás das grades aqueles que conduziram as investigações contra ele durante os tumultos ocorridos no Capitólio, apontando que muitos dos envolvidos estão há anos em uma situação terrível. “Essas pessoas estão lá há três ou quatro anos em um lugar sujo e nojento que não deveria nem estar aberto”, alegou Trump. O Departamento de Justiça revelou que cerca de 1.200 indivíduos enfrentaram penas por suas ações relacionadas ao protesto de 6 de janeiro, com mais de 645 recebendo sentenças de prisão.

Na entrevista, Trump também expressou a ideia de perdoar seus apoiadores infratores do dia fatídico, indicando que consideraria a concessão de perdões logo no primeiro dia de seu novo governo, reiterando sua intenção de limpar a impressão negativa que ficou da revolta no Capitólio. “Se eles estão lá a tanto tempo, e as condições são tão ruins, eles merecem uma segunda chance”, disse Trump.

Sobre investigações voltadas para Biden, Trump não descartou a possibilidade, mas considerou que preferiria focar em um futuro promissor ao invés de se apegar ao passado. “Quero fazer nosso país bem-sucedido. Não estou buscando retornar ao passado. A retribuição virá através do sucesso”, afirmou, preparando o terreno para um discurso de unidade durante sua inauguração.

A entrevista, que deu aos espectadores um vislumbre do que está por vir na administração Trump, também deixou claro que, apesar de suas propostas polêmicas, o ex-presidente busca um equilíbrio entre ações rigorosas de deportação e alguma forma de alívio para os Dreamers, estabelecendo um elo potencial de diálogo que poderá ter um impacto significativo no clima político do país.

Por fim, resta saber se efetivamente essas promessas de uma presidência mais conciliadora se concretizarão, dado o histórico de Trump de alternar entre tentativas de criar unidade e uma retórica frequentemente polarizadora. A expectativa é alta e o futuro da imigração e da justiça nos Estados Unidos está, mais uma vez, sob o olhar atento da opinião pública.

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