O mundo da arte e do entretenimento perdeu um de seus grandes talentos com o falecimento de Alvin Rakoff, o cineasta canadense que fez história no cinema e na televisão. Ele faleceu no dia 12 de outubro, aos 97 anos, em sua residência em Chiswick, bairro de Londres, onde estava cercado por familiares. A confirmação de sua morte veio por meio de seu publicitário de longa data. Alvin Rakoff deixa um legado impressionante de mais de 100 produções, abrangendo TV, cinema e teatro, que marcaram a trajetória artística de várias gerações.
Rakoff nasceu em Toronto, Canadá, no dia 6 de fevereiro de 1927. Ele era o terceiro de sete filhos de Sam e Pearl, que administravam uma loja de produtos secos em Baldwin Street. Suas experiências de infância, particularmente na época da Grande Depressão, foram mais tarde retratadas em sua segunda obra literária, intitulada “Baldwin Street”. Ele se formou na Universidade de Toronto em Psicologia, e mesmo tendo iniciado sua carreira como repórter, rapidamente se sentiu atraído pelas artes cênicas. Durante uma viagem a Nova Iorque, teve a oportunidade de assistir à produção original da Broadway de “Um Bonde Chamado Desejo”, escrita por Tennessee Williams, o que o inspirou a buscar sua primeira oportunidade no setor de entretenimento. Este ímpeto inicial o levou a tornar-se roteirista para a Canadian Broadcasting Corporation (CBC), emissora pública de seu país.
Após decidir se dedicar à direção, Rakoff mudou-se para o Reino Unido em 1952, onde vendeu seu primeiro roteiro para a BBC, se tornando o produtor e diretor mais jovem do departamento de dramas da emissora. Seu primeiro trabalho marcante como diretor foi “Waiting for Gillian” em 1954, que intensificou sua trajetória que culminaria com a direção de “Requiem for a Heavyweight”, em 1957, onde lançou o jovem Sean Connery em seu primeiro papel de destaque, com um ainda desconhecido Michael Caine também fazendo parte do elenco. Além de Connery e Caine, Rakoff foi um mentor para várias outras estrelas que surgiram na indústria, incluindo Alan Rickman, que foi escolhido para seu primeiro grande papel em “Romeu e Julieta”, em 1978, e trabalhou com artistas renomados como Judi Dench, Fiona Shaw e Simon Russell Beale.
No decorrer de sua carreira, a colaboração de Rakoff com Laurence Olivier é uma das mais notáveis, especialmente na realização do drama “A Voyage Round My Father”, que lhe rendeu seu segundo Prêmio Emmy. Mesmo após essa produção, Rakoff e Olivier continuaram associados em outros projetos, como “Mr. Halpern and Mr. Johnson” e “A Talent for Murder”, ambos filmados em 1983. Esse relacionamento fortaleceu a proximidade entre Rakoff e os ambientes artísticos, permitindo que ele colaborasse com vários talentos internacionais ao longo de sua carreira, desde Peter Cushing até Ava Gardner e Richard Harris, entre muitos outros. Ao longo de sua carreira, enfrentou os altos e baixos da indústria, mas sempre foi reconhecido por suas contribuições, não só como diretor, mas também como roteirista e produtor.
Embora Alvin Rakoff tenha construído uma carreira repleta de sucessos, sua vida pessoal também o definiu. Casado por 30 anos com Sally Hughes, ele é pai de dois filhos de seu primeiro casamento com Jacqueline Hill: Sasha e John, que se destacou como produtor de filmes. Rakoff será lembrado não apenas por seu trabalho inovador na tela, mas também por seu caráter e pela maneira como influenciou e apoiou a próxima geração de artistas. Seu falecimento marca a perda de um ícone da gestão cultural e criativa do século XX, deixando um legado que perdurará através das obras que realizou, bem como na lembrança de todos que tiveram a sorte de conhece-lo e trabalhar ao seu lado.