Advertência! Este artigo contém spoilers sobre a 7ª temporada, episódio 11 de Outlander.
A série Outlander, exibida no canal Starz, continua a causar furor entre fãs de literatura e audiência televisiva. Com a chegada da sétima temporada, os criadores da série enfrentaram desafios a respeito da adaptação de elementos do livro original da autora Diana Gabaldon para as telas. Em um contexto onde a narrativa caminha para suas linhas finais, ajustes às mudanças foram necessários. No entanto, uma recente transformação na trama levantou questionamentos acerca da autenticidade e da coerência do enredo. Neste contexto, a revelação de que William Ransom é filho de Jamie Fraser, no 11º episódio, se torna o centro de críticas, pois muitos consideram que a solução encontrada pelos roteiristas foi, no mínimo, insatisfatória.
No episódio em questão, finalmente, William Ransom descobre que James Fraser, seu pai, é muito mais do que um mero conhecido. Apesar de o desenrolar da cena tentar captar a surpresa da descoberta, muitos espectadores sentiram que a abordagem utilizada pelos escritores não fez jus ao impacto emocional que esse momento deveria suscitar. Nos livros, William reconhece Jamie como seu pai quando o vê pela primeira vez como adulto e percebe a semelhança física entre eles. Contudo, a série lida com o fato de que os dois já se encontraram várias vezes, tornando essa forma de revelação insustentável. Parece que a solução encontrada se resumiu a diálogos desarticulados, desafiando a lógica interna da série.
A cena se torna ainda mais confusa quando Lord John Grey interrompe um momento romântico entre Jamie e Claire, proferindo uma linha que parecia destoar do habitual: “Seu filho está a caminho.” A escolha de palavras é notablemente estranha, já que Lord John nunca teve dificuldade em reconhecer William como filho de Jamie antes. Ao utilizar a expressão “seu filho”, ao invés de simplesmente mencionar William, a intenção dos roteiristas se torna evidente: eles ansiavam que William ouvisse esse diálogo do lado de fora da porta. No entanto, esse artifício narrativo não apenas quebra a fluidez da conversa, mas também revela uma tentativa apressada de contornar o problema surgido na adaptação.
O problema com essa abordagem é que Outlander poderia explorar alternativas mais sutis e críveis para a revelação da paternidade. Por exemplo, Jamie poderia ter feito alguma pergunta sobre William ou expressado preocupação sobre seu estado, provocando uma curiosidade que levaria o jovem a investigar a verdade sobre sua origem. Além disso, a própria dinâmica entre William e Jamie, que já se conheciam antes da revelação, poderia ter sido um terreno fértil para que William fizesse suas próprias conexões e deduzisse a verdade gradualmente. Ao invés disso, presenciamos diálogos que, em vez de engrandecer a história, apenas evidenciam a falta de um desenvolvimento narrativo mais cuidadoso.
É compreensível que as adaptações enfrentem dificuldades ao transpor conteúdo de livros para a tela, especialmente quando se trabalha com uma obra tão rica e complexa como Outlander. No entanto, a falta de um desenvolvimento mais elaborado para momentos de importância crítica pode prejudicar a experiência do espectador e do leitor. As interações entre os personagens, que deveriam ser repletas de emoção e subtexto, muitas vezes se tornam superficiais. A esperança é de que os episódios subsequentes da sétima temporada abordem as repercussões dessa revelação de maneira mais digna e cuidadosa, proporcionando ao público um desfecho coerente e satisfatório.
O que se espera é que Outlander aprenda com os erros e desafie os roteiristas a serem mais ousados em suas decisões narrativas futuras. Uma narrativa rica em nuances e desenvolvimento de personagens é o que todos desejam, garantindo que os fãs da série e da literatura se sintam satisfeitos. À medida que a temporada se desenrola, a expectativa para ver como essa trama se encaixa no todo é palpável. Os novos episódios de Outlander são liberados semanalmente no canal Starz, às 20h00 (EST).