Longos anos de sofrimento parecem finalmente chegar ao fim na Síria, com a derrubada de um dos regimes mais brutais do mundo. A população síria, que suportou décadas de repressão sob a liderança de Bashar al-Assad, está celebrando nas ruas a queda de um governo que perpetuou violências indescritíveis e desumanidade.

Durante mais de 50 anos, a família Assad governou a Síria com mão de ferro. As práticas de mass incarceration, tortura e assassinatos extrajudiciais deixaram marcas profundas na sociedade. A brutal civil war iniciada em 2011 não apenas devastou o território, mas também se tornou um eixo de radicalização e sede para grupos extremistas, como o ISIS. Essa situação alarmante acendeu um conflito de proporções internacionais e resultou em uma crise de refugiados, com milhões de sírios forçados a deixar suas casas.

No último domingo, após 13 longos anos de guerra civil, os rebeldes anunciaram em um comunicado transmitido pela televisão estatal que Damasco estava “liberada”, provocando a fuga de Bashar al-Assad para a Rússia. A simples menção de tal fato pode soar como um sonho clandestino para muitos que viram sua vida ser desfeita pelas mãos de um regime opressor.

Imagens revelaram prisioneiros sendo libertados das infames instalações de detenção de Assad, enquanto rebeldes e civis saqueavam o palácio presidencial. Um contraste gritante foi evidenciado nas filmagens que mostraram o estilo de vida luxuoso de Assad e sua vasta coleção de carros de luxo.

Com a queda do regime, muitos sírios esperam ansiosamente por um novo capítulo em sua história. No entanto, a incerteza sobre o futuro ainda paira no ar, como uma nuvem persistente que se recusa a se dissipar.

O que ocorreu realmente?

Os rebeldes, com uma aliança armada notável, avançaram em todo o território sírio nos últimos 11 dias, capturando cidades-chave e reacendendo um conflito que por anos parecia estagnado. Essa nova coalizão rebelde, liderada pelo grupo militante Hayat Tahrir al-Sham (HTS), lançou um ataque surpresa e rapidamente tomou o controle da maior cidade da Síria, Aleppo, em 30 de novembro, com uma resistência mínima do exército sírio.

Embora os jatos sírios e russos tenham atacado os rebeldes em Aleppo e Idlib, as forças de oposição dominaram a cidade de Hama e seguiram rapidamente em direção a Homs, um ponto de acesso essencial à capital, Damasco. Quando Homs caiu nas mãos dos rebeldes, a marcha para Damasco foi inegável.

A fuga de Assad confirmou a fragilidade do seu regime, e um aviso de Rússia indicou que ele e sua família foram concedidos asilo político em Moscovo.

Quem são os rebeldes?

A nova coalizão rebelde, chamada “Comando de Operações Militares”, é composta por diversos grupos islâmicos e facções moderadas. Apesar das diferenças, todos estão unidos na tarefa comum de combater o regime de Assad, o ISIS e as milícias apoiadas pelo Irã. A liderança é exercida por Abu Mohammad al-Jolani, chefe do HTS, um ex-afiliado da al-Qaeda na Síria.

Apesar da rotulação de terrorista dada pela comunidade internacional, como os EUA e a Turquia, Jolani declarou vitória em nome de toda a nação islâmica.

Quem é Bashar al-Assad?

Bashar al-Assad ascendeu ao poder após a morte de seu pai, Hafez al-Assad, que governou a Síria desde 1970. Como ex-oftalmologista formado em Londres, seu regime foi marcado pela repressão severa e violação sistemática de direitos humanos, incluindo o infame ataque com gás sarin em Ghouta em 2013.

Por que isso ocorreu e o que vem a seguir?

A queda do regime Assad não acontece em um vácuo; a intervenção internacional e mudanças nas dinâmicas de poder regionais são fatores críticos. A Rússia, fortemente comprometida com a guerra na Ucrânia, diminuiu seu apoio à Síria, enquanto o Irã enfrenta pressões internas e externas.

Especialistas questionam se o que se segue à derrubada de Assad será realmente uma era de mudança, ou se a Síria está sendo preparada para uma nova forma de autoritarismo. À medida que as comunidades sírias celebram esta reviravolta política surpreendente, o futuro ainda parece incerto, pedindo a todos os envolvidos que reflitam sobre as lições do passado e as possibilidades do futuro.

CNN contribuiu para este relatório.

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