Estudo revela alta taxa de sobrevida com tratamento inovador utilizando nivolumab

Um recente estudo clínico revelou que uma nova abordagem de imunoterapia para o tratamento de linfoma de Hodgkin em estágio avançado pode aumentar drasticamente as chances de sobrevivência dos pacientes, incluindo aqueles a partir de 12 anos. A pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista New England Journal of Medicine, demonstrou que a combinação do medicamento imunoterápico nivolumab com três tipos diferentes de quimioterapia resultou em uma taxa de sobrevida livre de progressão de 92% em um período de dois anos. A gravação do tratamento foi realizada durante um ensaio clínico de fase três que ocorreu entre julho de 2019 e outubro de 2022, envolvendo aproximadamente 1.000 indivíduos recém-diagnosticados com linfoma de Hodgkin em estágio III ou IV, sem histórico anterior de tratamento.

Dr. Jonathan Friedberg, autor principal do estudo e diretor do Wilmot Cancer Institute na Universidade de Rochester, destacou em uma coletiva de imprensa que, após dois anos, 92% dos pacientes que receberam nivolumab não apresentaram recaídas, não houve progressão da doença e todos estavam vivos. Segundo Friedberg, o principal critério de avaliação em estudos desse tipo é a sobrevida livre de progressão, pois acredita-se que esse indicador é o melhor preditor para o futuro dos pacientes. O especialista expressou otimismo em relação à durabilidade dos resultados, afirmando que, em geral, se os pacientes permanecerem sem doença por dois anos, é muito improvável que tenham eventos adversos significativos nos anos subsequentes.

Desenvolvimento do estudo e comparação entre tratamentos

O estudo foi realizado em 256 locais nos Estados Unidos e Canadá, sob a co-sponsoria da Bristol-Myers Squibb, responsável por fornecer o nivolumab para a pesquisa. Os pacientes foram divididos aleatoriamente entre dois regimes de tratamento: 496 receberam a combinação do medicamento brentuximab vedotin com os quimioterápicos doxorubicina, vincristina e dacarbazina, enquanto 498 foram tratados com nivolumab e o mesmo conjunto de quimioterápicos. A administração dos tratamentos foi feita inicialmente por infusão intravenosa, seguida por sessões a cada duas semanas durante um ciclo de 28 dias, totalizando seis ciclos.

A nova investigação apontou que o regime com nivolumab apresentou uma taxa de sobrevida significativamente superior em comparação ao regime com brentuximab vedotin. Após dois anos de tratamento, 92% dos pacientes no grupo tratado com nivolumab estavam vivos e sem retração da doença, em contraste com 83% no grupo brentuximab vedotin. Além disso, ao contrário dos pacientes que necessitaram de radiação, que pode causar efeitos colaterais sérios e aumentar o risco de outras doenças, apenas sete pacientes na totalidade do estudo passaram por esse tipo de tratamento.

A pesquisa demonstra que a combinação com nivolumab teve um perfil de efeitos colaterais mais favorável, com menor número de pacientes abandonando o tratamento precocemente e menos mortes ocorrendo durante o seguimento. No grupo tratado com nivolumab, foram registradas sete mortes de qualquer causa, das quais três ocorreram durante o tratamento, enquanto no grupo de brentuximab vedotin foram registradas 14 mortes, com oito delas no período de tratamento. À luz destes dados, a equipe de pesquisadores comentou que a melhoria na eficácia e a redução dos eventos adversos foram clinicamente significativas, o que aponta para um possível avanço na prática médica.

Imunoterapia e o futuro do tratamento contra o câncer

A imunoterapia, representada por medicamentos como nivolumab, já foi aprovada pela FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) para várias outras formas de câncer, incluindo câncer de pulmão de pequenas células, melanoma e carcinoma urotelial. O custo do tratamento com nivolumab para o linfoma de Hodgkin ainda não é totalmente claro, mas uma infusão de 240 miligramas, a dosagem máxima administrada aos pacientes do estudo, tem um preço médio estimado em 7.635 dólares por infusão. A crescente popularidade da imunoterapia nas últimas duas a seis décadas sugere uma revolução no tratamento do câncer, com melhorias significativas observadas em vários tipos de doenças, incluindo o linfoma de Hodgkin.

Seguindo o estudo, os autores planejam continuar a monitorar os pacientes para obter atualizações sobre a eficácia do tratamento e a evolução a longo prazo da doença. Os pesquisadores esperam que a FDA tome uma decisão em breve sobre a inclusão do nivolumab como um tratamento padrão para linfomas em estágio III ou IV. Dr. Friedberg, ao discutir o avanço da imunoterapia, observou que, por muito tempo, os tratamentos não produziam resultados significativos, mas que nas últimas décadas, muitos tipos de câncer começaram a se beneficiar dessa estratégia inovadora. Com o acúmulo de possibilidades terapêuticas, os especialistas agora trabalham para combinar a imunoterapia com abordagens tradicionais, criando uma união que poderia proporcionar uma solução definitiva para a cura do câncer.

Esses resultados têm apelo particular, principalmente em relação à mudança do padrão de tratamento tradicionalmente focado na quimioterapia e radioterapia. Especialistas em hematologia e oncologia, como Dr. Ann LaCasce e Dr. James Armitage, ressaltam que a evidência apresentada pelo novo estudo é robusta e representa um passo importante para mudanças nas diretrizes de tratamento, refletindo o avanço nas opções terapêuticas disponíveis tanto para pacientes adultos quanto pediátricos em todo o território dos EUA.

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