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Em um desenvolvimento inesperado na cena teatrais de Sydney, “Raygun: The Musical”, uma produção que prometia fazer sucesso ao se basear na controversa performance da dançarina australiana Rachael Gunn, conhecida como Raygun, foi abruptamente cancelada apenas algumas horas antes de sua estreia. O cancelamento ocorreu depois que advogados da dançarina tomaram medidas legais contra a produção, levando a criadora do espetáculo, a comediante Steph Broadbridge, a comunicar a situação nas redes sociais.
Broadbridge, que também havia planejado fazer parte do elenco, revelou em um vídeo no Instagram que os advogados de Gunn entraram em contato com o local da estreia e ameaçaram com ações judiciais. A repercussão desse evento expõe não somente as tensões entre a liberdade artística e os direitos de propriedade intelectual, mas também a crescente importância das redes sociais na comunicação de tais crises.
O musical, que deveria estrear no Kinselas, visa narrar a história de Rachael Gunn, cuja apresentação nos Jogos Olímpicos de Paris gerou uma onda de memes e controvérsias nas redes sociais, afetando sua imagem e a percepção das competições de dança de rua. Com 37 anos, Gunn é uma figura central e controversa neste novo campo esportivo que está ganhando status olímpico. Em sua apresentação, Gunn incorporou passos inusitados, como um “pulo de canguru” e movimentos de contorcionismo, mas acabou não marcando pontos contra competidores internacionais, perdendo em todas as suas batalhas olímpicas.
Broadbridge se manifestou, afirmando que “eles estavam preocupados que eu estivesse prejudicando a marca dela, algo que eu nunca teria intenção de fazer”. A comediante também mencionou que a equipe de Gunn estava inquieta com o fato de as pessoas acreditarem que a dançarina estivesse associada ao musical, o que gerou mais tensão entre as partes. Segundo Broadbridge, ela ficaria emocionada se Gunn assistisse ao musical em outro momento, embora a dançarina não estivesse envolvida na produção.
Em um ato de boa fé, Broadbridge anunciou que os ingressos já comprados seriam reembolsados em 10 dólares australianos, o que equivale a cerca de 6,45 dólares americanos. A arrecadação do evento seria destinada a uma instituição de caridade que apoia mulheres e crianças afetadas pela violência doméstica e pela falta de moradia, um gesto que evidencia a responsabilidade social por trás da produção. A decisão de cancelamento vem acompanhada de um tom de lamento, não apenas pela produção que não se concretiza, mas pela tentativa de contribuir para uma causa social.
Um elemento curioso nesse drama é a alegação de que a equipe jurídica de Gunn registrou um aviso de marca registrada para o pôster do musical, que apresentava a silhueta do famoso “pulo de canguru” da dançarina. Isso levanta questões sérias sobre a defesa da propriedade intelectual em campos criativos novos e em evolução. Broadbridge manifestou sua perplexidade em relação a essa ação, citando que dançar passos olímpicos sem treinamento formal em breakdance seria algo impossível.
Os temas da musicalidade e da cultura do breakdance foram explorados com um humor leve em canções como “Você Pode Ser uma B-girl, Mas Sempre Será uma A-girl Para Mim” e “Eu Estaria Ganhar, Mas Me Machuquei”, que prometiam trazer um tom divertido e critico ao espetáculo. No entanto, a mudança do nome do musical para “Breaking: The Musical” reflete um esforço de Broadbridge para manter a produção em pé, mesmo diante de adversidades legais.
Em resposta à situação, a equipe de gestão de Gunn declarou que está comprometida em proteger a propriedade intelectual da dançarina e afirmou que a ação de sua equipe não visa diminuir as contribuições de outros, mas garantir que a marca e o trabalho de Gunn sejam respaldados em futuras iniciativas. A tomada de posições proativas nesse ambiente, onde cultura e direitos autorais se entrelaçam, é uma tendência crescente que reflete o respeito à originalidade criativa.
Após a controvérsia, Broadbridge expressou arrependimento por qualquer negatividade que Gunn tenha enfrentado por conta do musical. Ela reiterou que seu objetivo era celebrar a imagem de Gunn e promover sua carreira, não prejudicá-la. Essa situação é um lembrete claro de como a interseção entre a arte e a lei pode criar desafios para criadores que simplesmente desejam entreter e inspirar o público.
CNN’s George Ramsay contributed to this report.