Revelação de relíquias do início do século XX marca cerimônia especial no Museu Nacional da Primeira Guerra Mundial
No último dia 25 de outubro de 2023, o Museu Nacional da Primeira Guerra Mundial e Memorial, localizado em Kansas City, Missouri, apresentou uma cápsula do tempo centenária que foi desenterrada, revelando um vasto conjunto de artefatos, relíquias e documentos do início do século XX. Este evento, que atraiu a atenção de entusiastas da história e alunos de escolas locais, comemora a visão dos historiadores e curadores que, em 1924, decidiram enterrar este depósito dentro do Memorial da Liberdade, com a intenção de que fosse aberta exatamente 100 anos depois. A cápsula celebra a vitória na Primeira Guerra Mundial e oferece uma visão fascinante da vida naquela época.
Na década de 1920, uma associação de cidadãos proeminentes de Kansas City formou a Associação do Memorial da Liberdade, com o objetivo de construir um monumento que honrasse aqueles que serviram durante a Primeira Guerra Mundial. Na ocasião de sua construção, cerca de 100 mil pessoas se reuniram para uma cerimônia de colocação da pedra fundamental. O evento contou com a presença de aviões sobrevoando a área, a liberação de pombos brancos e a execução de música patriótica que reverberava entre os participantes. É importante destacar que o Memorial da Liberdade se tornou um símbolo da gratidão da cidade aos soldados que participaram da Grande Guerra.
Processo complicado de recuperação da cápsula do tempo
A recuperação da cápsula do tempo, no entanto, revelou-se um desafio considerável para os curadores e colaboradores do museu, conforme comentou Christopher Warren, curador chefe do Museu Nacional da Primeira Guerra Mundial e Memorial. Para localizar a cápsula, foi necessário perfurar a parede da torre do Memorial da Liberdade. Contrariando as expectativas iniciais, a cápsula não estava na localização prevista, obrigando os engenheiros do museu a sondar 45 centímetros de espessa camada de calcário e concreto. A situação tornou-se mais delicada com a descoberta de que a cápsula continha filme de nitrato, um material altamente inflamável produzido na década de 1920.
Durante a cerimônia de abertura, o presidente e CEO do museu, Matthew Naylor, comunicou que o museu possuía uma lista oficial de conteúdos da cápsula, permitindo identificar que o filme era de nitrato. O medo de que o filme pudesse se incendiar ao entrar em contato com o oxigênio, caso não fosse manuseado corretamente, levou o museu a buscar a ajuda da unidade de bombas e incêndios do Departamento de Polícia de Kansas City. A cápsula foi aberta com sucesso, sem qualquer incidente explosivo, e antes da cerimônia de revelação, os funcionários realizaram uma avaliação das condições dos objetos dentro da cápsula. Felizmente, os conteúdos estavam intactos e não havia sinais de danos causados por água ou mofo.
Relíquias centenárias e objetos preservados
Os curadores e funcionários do museu dedicaram cerca de oito horas para abrir meticulosamente as embalagens internas, utilizando pinças e pequenas lâminas de barbear para preservar tanto o conteúdo dos artefatos quanto a embalagem. Entre os itens desenterrados, encontravam-se jornais, uma cópia da Constituição dos Estados Unidos, uma Bíblia e uma cópia da declaração de guerra americana datada de abril de 1917. Além disso, durante a cerimônia, três artefatos foram revelados ao público, sendo um deles um tubo contendo sementes que representavam a comunidade agrícola de Kansas City. Outro item foi um tubo de cartas, que continha mensagens de congratulações de comandantes aliados presentes na cerimônia de inauguração da construção do Memorial da Liberdade em 1921. Uma das cartas foi escrita pelo presidente Calvin Coolidge, o que acrescenta um valor histórico significativo à descoberta. A última peça desvendada foi uma chapa de impressão do Kansas City Star, datada de 1º de novembro de 1921, cuja manchete relatava a presença de 60 mil pessoas em uma parada que percorria uma rota de três milhas.
Um dos aspectos mais intrigantes encontrados na cápsula foi a presença de assinaturas gravadas na parte interna da caixa de cobre. A equipe do museu conduziu uma pesquisa minuciosa para identificar as pessoas por trás dessas assinaturas, mas não conseguiu descobrir suas identidades. No entanto, chegaram à conclusão de que as assinaturas pertenciam a indivíduos envolvidos na construção da cápsula do tempo. “O que isso demonstra é que não foram apenas os membros do comitê que montaram os objetos para a cápsula do tempo,” afirmou Warren. “Foi toda a comunidade, os trabalhadores que na verdade construíram a cápsula e soldaram a tampa, que desejavam participar desta celebração.”
A revelação da cápsula do tempo centenária trouxe à tona uma rica tapeçaria de história e cultura, resgatando memórias e significados que ecoam até os dias de hoje e garantindo que a celebração dos feitos daqueles que serviram durante a Primeira Guerra Mundial continue a ser lembrada e honrada.