O mágico universo de Oz, repleto de cores, musicalidade e personagens cativantes, finalmente ganha novas dimensões com a recente adaptação cinematográfica de “Wicked”, que estreou em 22 de novembro de 2024. O filme, dirigido por Jon M. Chu, rapidamente quebrou recordes de bilheteira e conquistou tanto os fãs do musical da Broadway, lançado em 2003, quanto novos espectadores que se encantaram com a história de suas protagonistas, Glinda e Elphaba. Os temas de amizade, aceitação e a luta por identidade presente nessa narrativa não apenas foram aclamados, mas se tornaram a base sólida que sustenta a trama. Embora apresentando um enredo envolvente, é na relação entre as duas protagonistas que verdadeiramente reside o coração da história.
Incluindo uma série de momentos memoráveis, a obra retrata uma amizade que desafia normas sociais e preconceitos. A conexão entre Glinda, vivida por Ariana Grande-Butera, e Elphaba, interpretada por Cynthia Erivo, transparece em diversas cenas fundamentais que, mais do que entrelaçar suas vidas, acabam por moldar seus futuros. Desde o início, o longa estabelece um terreno fértil para a construção desse laço, levando a platéia a se apaixonar pela complexidade da amizade feminina. Não é apenas uma história sobre duas meninas; é uma exploração profunda sobre como os relacionamentos podem ser tanto acolhedores quanto desafiadores.
Momentos essenciais da amizade entre Glinda e Elphaba
Um dos primeiros, e indiscutivelmente, dos mais poderosos momentos da amizade entre as protagonistas ocorre na cena de abertura, a famosa canção “No One Mourns the Wicked”, onde Glinda, mesmo sem a presença física de Elphaba, expressa um profundo sentimento de culpa pela celebração da morte da amiga. Embora todos ao seu redor festejem a queda da “Bruxa Má do Oeste”, o olhar de Glinda revela uma dor interna, simbolizando a tristeza por suas escolhas e a percepção de suas consequências. Ao recordar a infância difícil de Elphaba como uma excluída, Glinda constrói um convite à empatia, ressaltando que a vida da amiga “não poderia ter sido fácil”. Esse primeiro vislumbre da complexidade de seus sentimentos marca o início de uma jornada que explora a fragilidade e a força da amizade.
Os momentos de luz e sombra continuam a surgir quando Glinda, após uma série de mal-entendidos, faz uma reparação significativa ao decidir se juntar a Elphaba na dança no Ozdust Ballroom. Essa cena não é apenas sobre a dança; é um símbolo de aceitação e solidariedade, numa fase onde Elphaba enfrentava zombarias. A decisão de Glinda em se unir à dança representa a escolha deliberada de estar ao lado da amiga em um momento vulnerável, estabelecendo um padrão de apoio mútuo, que se tornaria uma das pedras angulares da relação delas ao longo da narrativa.
A manhã seguinte traz uma nova camada à amizade, quando Elphaba dá um passo surpreendente após o incidente da dança: ela defende Glinda diante de Madame Morrible, sua mentora. Mesmo em um cenário em que poderia se glorificar, opta por ajudar Glinda a ter a chance de estudar magia, mostrando uma generosidade nada comum. Essa cena, onde a rivalidade inicial se transforma em suporte genuíno, é um forte testemunho de como a amizade pode florescer mesmo em terrenos difíceis, o que mais tarde se revelaria crucial para ambas as personagens.
Apontamentos sobre vulnerabilidade e autoaceitação
Com a amizade em desenvolvimento, possuímos também momentos de vulnerabilidade. A primeira conversa verdadeira entre Glinda e Elphaba, onde compartilham segredos e medos, é um marco nessa construção de intimidade. Glinda, mesmo sendo muitas vezes vista como superficial, demonstrou uma imensa sensibilidade ao apoiar Elphaba durante uma revelação dolorosa sobre sua família. Essa interação traz à tona a importância da conexão emocional e ajuda ambos a crescer e evoluir. É no diálogo que a essência de suas personalidades se revela, dando aos espectadores uma visão mais profunda de quem elas realmente são.
Outro momento maravilhoso de amizade se dá na canção “Popular”, que, apesar de divertido e leve, carrega uma mensagem profunda de aceitação. Quando Glinda faz uma transformação na aparência de Elphaba, essa cena também sugere uma descoberta sobre a beleza natural que existe dentro de cada uma delas. Mesmo em meio ao humor e à magia, é uma lição sobre a verdadeira essência e aceitação, mostrando que a verdadeira amizade é aquela que celebra o que somos, independentemente da aparência.
Conflitos e reconciliações: As lições de uma amizade complexa
A obra culmina em um dos momentos mais impactantes da narrativa, quando Elphaba e Glinda, em “Defying Gravity”, se veem em um dilema sobre suas diferentes jornadas. É uma canção de empoderamento, mas também um teste à sua amizade. Mesmo seguindo caminhos distintos, a sinceridade de seus votos de felicidade uma para a outra reafirma o amor profundo que existe entre elas. A crescente tensão entre seus destinos, somada ao respeito mútuo por suas escolhas, desafia a ideia de que uma separação significa um final. Essa mensagem poderosa ecoa pela audiência, mostrando que relacionamentos verdadeiros evoluem e se adaptam.
Em um gesto final de carinho, Glinda oferece a Elphaba um manto – um símbolo de proteção e amor genuíno antes de sua partida. Esta cena encerra um ciclo de amizade, amor e apoio, evidenciando que, independentemente dos caminhos escolhidos, o vínculo permanecerá. Glinda não apenas se despede do que elas eram juntas, mas também do futuro que cada uma deve trilhar sozinha, cercada pelas inseguranças e esperanças de uma nova jornada.
“Wicked” é, sem dúvida, um filme que ilustra a complexidade e a beleza da amizade por meio de momentos que evocam risos, lágrimas e, acima de tudo, reflexões. Com sua mágica narrativa e personagens cativantes, continua a ser uma fonte de inspiração para aqueles que valorizam as relações humanas.