Da educação tradicional à pesquisa de ponta em ecologia de incêndios

A trajetória profissional de Jacquelyn Shuman, cientista do projeto FireSense no NASA Ames Research Center, é marcada por uma transição significativa, que a levou a se distanciar da medicina veterinária, uma vocação que inicialmente desejava seguir, para mergulhar nas complexidades da biologia. Ao ingressar na universidade, Shuman redirecionou suas ambições para a área da ciência, tornando-se professora de ciências para alunos do ensino fundamental e médio. Depois de um breve período explorando um campo diferente, a área financeira, ela decidiu retornar à sua verdadeira paixão: a ciência. O ponto de virada em sua carreira ocorreu durante uma disciplina de ecologia florestal ministrada por seu futuro orientador de doutorado, Herman “Hank” Shugart. Esse curso despertou seu interesse por ecossistemas e vegetação dinâmica, temas que a conduziram ao campo da ciência do fogo, culminando na sua atuação na NASA.

Explorações na dinâmica das florestas boreais e sua implicação no clima

O doutorado de Shuman foi centrado nas dinâmicas das florestas boreais na Rússia, onde examinou as alterações deste bioma em resposta às mudanças climáticas e incêndios florestais. Durante sua pesquisa, teve a oportunidade de colaborar com cientistas de diversos países, como Rússia e Canadá, por meio da Northern Eurasia Earth Science Partnership Initiative (NEESPI), onde Hank Shugart atuava como cientista-chefe. Shuman ressalta a importância de ter um mentor sólido e de pertencer à comunidade NEESPI, além de trabalhar ao lado de cientistas mulheres inspiradoras de todo o mundo, como elementos motivacionais fundamentais em sua pesquisa. Após concluir seu doutorado, ela buscou se envolver em ciências colaborativas com impacto global, que a levaram ao National Center for Atmospheric Research (NCAR), onde passou sete anos como cientista do projeto no próximo Experimento de Ecossistemas da Geração. No NCAR, Shuman foi a principal desenvolvedora da atualização do modelo de incêndio do projeto FATES (Functionally Assembled Terrestrial Ecosystem Simulator), que utiliza modelagem computacional para avaliar a estrutura e a função da vegetação em florestas tropicais e boreais após incêndios.

As lições da life pessoal e o esforço contínuo por uma gestão de incêndios mais consciente

O fogo também teve um impacto pessoal significativo na vida de Shuman. Em 2021, o incêndio Marshall devastou bairros nas proximidades de sua cidade natal, Boulder, no Colorado, causando danos superiores a 513 milhões de dólares e consolidando-se como o incêndio florestal mais destrutivo do estado. No entanto, em vez de se deixar dominar pelo medo, Shuman enfatiza a importância do fogo em nossos ecossistemas e defende que a convivência sustentável com o fogo é possível. Ela destaca que a chave para viver de forma segura em um ecossistema que inclui o fogo reside no desenvolvimento de métodos para monitorar, prever e responder aos incêndios e à fumaça de forma eficaz, esforços que a comunidade de incêndios está continuamente buscando aprimorar.

A importância da colaboração na ciência do fogo e sua aplicação prática

Um aspecto crítico da gestão de incêndios florestais é a colaboração. A ciência do fogo envolve não apenas praticantes, como bombeiros e gestores de terras, mas também pesquisadores que atuam como modeladores e previres. Shuman salienta que os esforços mais eficazes surgem quando essa comunidade trabalha de forma coesa. Ela enfatiza a necessidade de integrar as habilidades e expertise de todos os envolvidos, desde aqueles que operam diretamente no campo até os que analisam dados com tecnologias de monitoramento remoto. Proteger comunidades dos impactos dos incêndios florestais é um dos aspectos mais gratificantes da carreira de Shuman, um objetivo que une a comunidade científica. Para ela, a pesquisa em incêndios apresenta questões desafiadoras, mas os envolvidos estão comprometidos em encontrar respostas e soluções.

Inovações e futuro na pesquisa do fogo, com a colaboração de várias comunidades

Atualmente, no NASA Ames Research Center, Shuman atua como cientista do projeto FireSense, um programa que visa proporcionar a ciência e tecnologia da NASA àqueles que operam em campo e às agências responsáveis. Em sua função, ela lidera a aplicação de ferramentas e estratégias para a gestão do fogo, realizando modelagens de ecossistemas que preveem o impacto do fogo, além de suas viagens a incêndios ativos em todo o país, onde pode ajudar a implementar as soluções da NASA em tempo real. Ela acredita que múltiplas comunidades estão começando a reconhecer a importância do trabalho colaborativo para encontrar as melhores formas de avançar na gestão dos incêndios. Para Shuman, é crucial aproveitar o conhecimento coletivo para agir de forma mais eficaz e responsável diante dos incêndios florestais, que trazem tanto devastação a comunidades e ecossistemas, mas também oportunidades para a inovação e o aprendizado conjuntos.

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