O cenário em Damascena é marcado pela efervescência política e social após a surpreendente queda do regime de Bashar al-Assad, que governou a Síria por cinco décadas. Em um ato simbólico, a histórica Mesquita dos Omíadas exibe uma bandeira vermelha, branca, preta e verde, enquanto do outro lado da capital, o palácio do ex-presidente arde em chamas. O clima de festa é palpável nas ruas, onde centenas de cidadãos celebram a vitória da “grande revolução síria”, como anunciado por um âncora em um canal de notícias local. Isso ocorreu após 13 anos de sacrifício e resistência contra a opressão. A queda do regime foi brusca, ocorrendo em questão de dias, e deixou muitos a se perguntar: como a dominação de meio século chegou ao fim tão rapidamente?

Nos últimos dias de novembro, a ação decisiva começou com um ataque das forças rebeldes em Aleppo, que se apresentava como um sinal claro das hostilidades crescentes. Em 27 de novembro, rebelde sira-se um ataque em grande escala, resultando em 37 mortes entre as forças do regime e militícias aliadas, enquanto as forças rebeldes tomaram 13 vilarejos, incluindo locais estratégicos como Urm al-Sughra. O que começou como uma resposta a bombardeios do regime tornou-se um ataque coordenado e poderoso. Três dias depois, a primeira cidade sob controle do governo estava prestes a cair.

No dia 30 de novembro, os rebeldes avançaram sobre a cidade de Aleppo, uma das maiores do país, marcando um ponto de virada significativo no conflito. A cidade, que havia estado sob controle do regime desde 2016, foi rapidamente tomada pelas forças rebeldes. Sucessivos relatos indicavam que o exército sírio estava em retirada, com autoridades reconhecendo que “grande número de terroristas” os forçaram a redeslocar suas forças. As cenas de tumulto e celebração nas ruas eram visíveis e a mensagem estava clara: a revolta estava se espalhando como fogo, com pessoas se unindo em apoio aos rebeldes.

Com a segurança na capital rompida e as forças do regime desmoronando, a ofensiva não mostrou sinais de desaceleração. Em 5 de dezembro, os rebeldes avançaram em direção a Hama, que já estava em poder do regime por mais de uma década. Com a cidade em chamas e os milicianos celebrando sua conquista, cada vitória impulsionava ainda mais a luta pela liberdade. Destacando a relação entre as vitórias, um rebelde declarou em um vídeo que estavam, de fato, libertando sua nação. O impulso da revolta estava inegavelmente acelerando, atraindo a atenção mundial para o que parecia ser uma nova era de luta pela liberdade na Síria.

Seis dias depois, em 6 de dezembro, a cidade de Daraa, berço da revolução de 2011, foi nova reafirmada sob controle rebelde, junto com uma série de outras cidades durante os dias seguintes. Um porta-voz do principal grupo rebelde, Hayat Tahrir al-Sham (HTS), aproveitou a oportunidade para proclamar o significado dessas vitórias, afirmando que a luta pela libertação da Síria extensa e profundamente ligada à demanda da população por direitos humanos e dignidade. “Esta é uma nação que continuará a reivindicar seus direitos até que eles sejam restaurados”, disse ele do coração da revolta.

À medida que os dias se passavam, logo em 7 de dezembro, Homs, também sob domínio do regime, caiu sob o controle rebelde. Um porta-voz do HTS não hesitou em comemorar o que considerou uma operação histórica de libertação, afirmando a conquista de quatro cidades em menos de 24 horas. E assim, a maré virava. Em 8 de dezembro, as forças rebeldes finalmente entraram em Damasco, o que trouxe a notícia de que Assad havia deixado a capital e fugido para a Rússia com sua família, simbolizando o colapso final de seu regime.

O anúncio de vitória para o povo sírio ressoou em todo o mundo, ecoando como um clamor de libertação e esperança. Sob a liderança de Abu Mohammed al-Jolani, a vitória foi proclamada como uma vitória não apenas para a Síria, mas para toda a nação islâmica. Os rebeldes celebraram a libertação da cidade e a queda de um regime que havia exercido controle tirânico por décadas. O que restou desse regime foi uma série de chamas e ruínas, marcadas por bandeiras de revolta e gritantes por esperança de novos começos. O futuro da Síria permanece incerto, mas aqueles que lutaram por mudança agora ocupam um lugar na história como símbolos de resistência e desafio.

As reações globais a essa revolução ainda estão se desenrolando. A sociedade síria, marcada por anos de guerra civil, agora enfrenta o desafio colossal de reconstrução. As vozes de liberdade e luta continuam a ecoar nas ruas, levando uma nova esperança a uma população cansada, mas resiliente. O regime de Assad, que durou por décadas, tornou-se uma lição sobre a força do povo quando unido por um objetivo comum, deixando um legado que será lembrado por gerações.

CNN’s Eyad Kourdi, Mostafa Salem and Mohammad Tawfeeq contributed to this report.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *