OpenAI anunciou, com grande alarde, o lançamento de Sora, sua mais recente ferramenta de AI generativa capaz de criar vídeos hiper-realistas a partir de texto, uma verdadeira revolução na produção de conteúdo audiovisual.
Num comunicado feito na segunda-feira, a OpenAI detalhou que o gerador de texto para vídeo está agora disponível para o público, embora a criação de contas esteja temporariamente suspensa devido à intensa demanda por acessos.
O momento de lançamento dessa tecnologia é crucial, uma vez que a indústria de entretenimento está se adaptando a inovações que prometem reduzir consideravelmente os custos de produção. Apesar do receio, a aceitação do uso de inteligência artificial em Hollywood tem sido gradual. Em setembro, a Lionsgate anunciou uma parceria com a Runway, visando desenvolver um novo modelo de AI generativa para auxiliar nos processos de produção, o que ilustra a movimentação do setor para abraçar essas novas possibilidades. Esta colaboração foi seguida pela notícia de que James Cameron se juntou ao conselho da Stability AI, criadora do modelo Stable Diffusion, bem recebido por muitos na indústria de efeitos visuais.
Sora permite que os usuários criem vídeos com até 1080p de resolução e 20 segundos de duração, com opções de formatos widescreen, vertical e quadrado. Além disso, a ferramenta oferece a possibilidade de os usuários carregarem seus próprios ativos para remixar e mesclar vídeos, ampliando as possibilidades criativas ao gerar conteúdo totalmente novo a partir de um simples prompt de texto.
Atualmente, Sora será incluída em contas já existentes do ChatGPT Plus e Pro sem custo adicional. Este novo serviço permite que os usuários gerem até 50 vídeos em resolução 480p ou menos vídeos a uma qualidade mais alta. Isso representa uma vantagem competitiva significativa em um mercado onde a produção de conteúdo é cada vez mais acelerada e exigente.
Na última atualização sobre o ChatGPT, a OpenAI afirmou que atualmente existem mais de 200 milhões de usuários ativos semanalmente na plataforma, com planos de introduzir uma nova assinatura, o ChatGPT Pro, que custará US$ 200 mensais e incluirá acesso ilimitado a recursos como OpenAI o1, GPT-4o e o modo Avançado de Voz. A companhia continuará também oferecendo o plano Plus, que custa apenas US$ 20 por mês, garantindo acesso antecipado a novas funcionalidades.
Contudo, o caminho para o sucesso de Sora não tem sido isento de desafios. Inicialmente, a ferramenta foi restrita a um grupo seleto de testadores de segurança, que contribuíram apontando vulnerabilidades relacionadas à desinformação, preconceitos e outros problemas, além de um grupo de artistas, designers e cineastas, que forneceram feedbacks para melhorias. Recentemente, um pequeno grupo de artistas que testavam Sora vazou o acesso à ferramenta em protesto ao tratamento recebido como “testadores de bugs gratuitos” de uma empresa avaliada em US$ 150 bilhões. Em uma carta aberta, eles expressaram sua insatisfação, afirmando que “centenas de artistas fornecem trabalho não remunerado por meio de testes de bugs e feedback, enquanto a empresa coleta enormes lucros.”
Os vídeos produzidos pela Sora podem ser usados em diversas aplicações, incluindo efeitos visuais e animação, representando um marco nas potencialidades criativas da AI. Um estudo recente, realizado com 300 líderes na indústria, revelou que três quartos dos respondentes afirmaram que as ferramentas de AI apoiaram a eliminação ou a redução de empregos em suas empresas. Nos próximos três anos, estima-se que cerca de 204.000 posições poderão ser impactadas, afetando principalmente engenheiros de som, dubladores, artistas conceituais e trabalhadores na área de efeitos visuais.
Além disso, a OpenAI não divulga mais as fontes de dados utilizadas para treinar seus sistemas, algo que tem gerado polêmicas e ações judiciais. Artistas, autores e publicações estão processando a empresa liderada por Sam Altman, sob alegações de que utilizaram suas obras sem autorização e sem compensação. O desfecho dos tribunais sobre a legalidade do uso de obras protegidas — uma doutrina legal que permite o uso de obras com direitos autorais sem licença — pode ter implicações significativas para o futuro da líder em AI.