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Os diretores Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, conhecidos por seu trabalho conjunto em documentários, decidiram abordar uma nova narrativa ao serem convidados a contar a vida de Christopher Reeve. Esta escolha se baseou nas experiências anteriores com produções como o documentário sobre Alexander McQueen e o filme sobre a história dos Jogos Paralímpicos, intitulado Rising Phoenix. Afinal, por que não fazer algo mais autêntico e sincero, longe da abordagem superficial que muitos podem esperar de biografias de celebridades?
A decisão de contar a história de Reeve surgiu em 2022, quando os filhos dele, William, Matthew e Alexandra, procuraram a dupla de documentaristas para realizar um filme que fosse mais do que uma simples homenagem ao ator. Eles desejavam algo verdadeiro que também abordasse os desafios e as dificuldades enfrentadas por Reeve, especialmente após o acidente que o deixou paralisado em 1995. “Queríamos algo que desnudasse não apenas o herói, mas também o homem”, explicam os diretores.
Intitulado Super/Man, o filme se destaca ao misturar filmagens caseiras da família e materiais da carreira cinematográfica de Reeve, proporcionando uma visão mais íntima de sua vida do que a maioria das pessoas pode imaginar. A narrativa salta entre os momentos de sua infância como ator treinado na Juilliard, seu estrelato como Superman, sua vida como pai e seu ativismo em prol da deficiência. O filme traz depoimentos de pessoas próximas a Reeve, como os atores Susan Sarandon e Jeff Daniels, além de uma rara entrevista com sua antiga parceira, Gae Exton.
“Por que vocês decidiram contar essa história?”, foi uma das perguntas que os diretores se depararam em suas entrevistas. Bonhôte ressalta que a família Reeve buscou soluções que não fossem apenas “um tributo”, mas um olhar mais profundo e realista sobre o que foi a vida de Chris, incluindo suas lutas. “Eles estavam abertos a conversas sinceras, mesmo sobre os momentos mais sombrios”, explicou o diretor. Para Ettedgui, o que importava era a relevância da história de Reeve e seu impacto no público.
A obra também apresenta uma coleção impressionante de vídeos caseiros que a família Reeve compartilhou, muito além das filmagens formais de um documentário, que enriqueceram a narrativa e proporcionaram uma nova perspectiva. “Foi como encontrar ouro em um baú de recordações”, dizem os diretores. Bonhôte destaca que Chris tinha uma câmera e costumava gravar mensagens e diários em vídeo para os filhos, criando um vínculo único que foi aproveitado e explorado de forma insperada no filme.
A escolha da estrutura não linear foi uma decisão consciente por parte dos diretores. Em vez de seguir a trajetória clássica de “antes e depois”, o filme busca superar essa dicotomia, apresentando Reeve em uma continuidade de sua vida. “Sugerimos que o público não se fixasse entre o ‘antes’ e o ‘depois’. O acidente foi uma parte de sua vida, mas não sua definição”, explicou Bonhôte. Ele conclui que Christopher Reeve revelou em seus últimos anos que não queria ser lembrado apenas como o ator que ficou paralisado. Ele queria que sua história fosse uma narrativa de vida contínua, um lembrete de que a superação e o impacto podem ir muito além do que os olhos podem ver.
Assim, o filme foi premiado por várias distribuidoras, inclusive a Warner Bros., responsável pelos clássicos filmes de Superman. Este fato traz um significado adicional à produção, uma vez que o estúdio aplaudiu sua abordagem e apoiou a visão dos diretores. Bonhôte e Ettedgui não temem que a Warner queira controlar a narrativa feita por eles. “Eles simplesmente queriam que entregássemos um filme que fizéssemos com liberdade”, afirmam.
Ao abordar a narrativa e sua complexidade, Ettedgui menciona que “todos já sabemos que ele é o Superman e que teve um acidente, então conseguimos abordar isso nos primeiros minutos do filme”. O que esse documentário faz, efetivamente, é trazer à luz o ser humano por trás do super-herói, abrindo uma porta para as emoções e a vulnerabilidade que se escondem sob a capa de um dos maiores ícones do cinema.
Esta história originalmente apareceu na edição de dezembro da revista The Hollywood Reporter. Para mais detalhes, clique aqui para se inscrever.
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