Recentemente, o número 21 da revista The Avengers, escrito por Jed MacKay e ilustrado por Valerio Schiti, trouxe à tona uma discussão interessante sobre um elemento crucial que tem sido esquecido nas adaptações do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Durante um jantar com os X-Men, Tony Stark, o icônico Homem de Ferro, fez um comentário aparentemente casual que destaca a importância de Edwin Jarvis, o fiel mordomo, na dinâmica da equipe dos Vingadores. Com a frase “se Jarvis não estivesse lá, os Vingadores não teriam sobrevivido”, Stark não só fez uma provocação ao passado, mas também levantou questões que ecoam em toda a história da franquia.
Jarvis, que fez sua primeira aparição como mordomo dos pais de Tony, Howard e Maria Stark, tem sido uma presença constante na vida dos Vingadores desde a década de 1960. Ao longo das diversas formações da equipe, Jarvis tem sido o verdadeiro elo de ligação, responsável por manter a ordem em meio ao caos que a vida de super-herói pode trazer. Tanto nas instalações clássicas da equipe quanto nas mais modernas, Jarvis se mostrou essencial, enfrentando vilões, sendo sequestrado e até mesmo imerso em romances, como o que teve com a Tia May. No entanto, o que realmente torna Jarvis significativo é a consistência que ele representa em um mundo onde tudo está em constante mudança.
A ausência de Jarvis teve efeitos devastadores. Um exemplo claro é a saga da Secret Invasion, onde, no momento mais vulnerável de Tony, Jarvis foi substituído por um Skrull. Essa troca não apenas exacerbou a paranoia de Stark, mas também destacou como a falta de uma figura humana confiável pode impactar negativamente o funcionamento de uma equipe. Em outra fase, quando os Vingadores passaram por reestruturações complexas sob a batuta de Jonathan Hickman, Jarvis também não estava presente, resultando em conflitos internos graves enquanto o multiverso enfrentava seu colapso.
Esses eventos repletos de ação e drama ressaltam a verdadeira necessidade de personagens humanos nas histórias de super-heróis. Jarvis não é apenas uma figura fiel; ele serve como um ponto de ancoragem emocional. Sem ele, as narrativas podem se tornar um emaranhado de eventos fantásticos e tramas complicadas sem nenhum núcleo humano para que os leitores se conectem. A presença de personagens como Jarvis ajuda a equilibrar o extravagante com o ‘real’, oferecendo um contraste necessário que torna as lutas dos super-heróis mais palpáveis.
A singularidade do personagem Jarvis também reside em sua aura nostálgica. O gosto tradicional e seu charme são reminiscências de uma era que, se não mantidas, poderiam ser perdidas na crescente complexidade do universo dos quadrinhos. Enquanto as histórias e personagens se expandem em direções inesperadas, Jarvis continua a servir como um guardião da tradição que ajuda a manter os Vingadores ancorados em seu legado.
Além disso, a necessidade de um personagem como Jarvis é amplamente sentida no MCU. Apesar de a franquia ter introduzido o J.A.R.V.I.S., uma inteligência artificial baseada no Jarvis das histórias em quadrinhos, ele nunca desempenhou a mesma função afetiva que o original. Embora essa AI tenha evoluído e se transformado no Visão, a dinâmica essencial de Jarvis como uma figura humana está ausente, privando a equipe de um componente fundamental que poderia aumentar a profundidade emocional das interações entre os heróis. Nesse sentido, muitos fãs se lembram com carinho da cena do “super-herói em festa” em Vingadores: A Era de Ultron e percebem como um ambiente leve e humano poderia ser enfatizado pela presença de Jarvis.
No contexto atual do MCU, onde a identidade da franquia se encontra sob uma nova avaliação, a introdução de um personagem como Jarvis poderia trazer um novo nível de legitimidade e conexão emocional às histórias. Uma das críticas frequentes à fase recente do MCU é a falta de personagens humanos que possam agir como âncoras no meio das narrativas grandiosas que tendem a se perder em universos alternativos e reviravoltas complexas. Tomando como exemplo o papel de Happy Hogan, interpretado por Jon Favreau, ele fornece um contrapeso ao impulsionar a motivação de Tony e Peter Parker, mas fica aquém da profundidade que Jarvis oferece.
Portanto, se o MCU deseja capturar a essência do que tornou os Vingadores tão cativantes nos quadrinhos, precisarão considerar a inclusão de uma figura que represente essa conexão humana vital. Mesmo em meio ao avanço das tramas fantásticas, existe sempre a necessidade de momentos em que os super-heróis possam ser apenas humanos, quebrando a barreira de um universo tão grandioso e épico. Tony Stark sabe disso melhor do que ninguém, e cabe à marvel ouvir suas próprias lições do passado, colocando os Vingadores de volta em uma trajetória que reflita a importância da amizade, lealdade e da presença humana em cada batalha que eles enfrentarem.
The Avengers, edição #21, está disponível atualmente nas lojas de quadrinhos da Marvel.