Londres
CNN
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O mercado global de aviação está prestes a alcançar um marco histórico: a previsão da International Air Transport Association (IATA) indica que a receita do setor deve ultrapassar a marca de um trilhão de dólares em 2024. Para contextualizar, isso corresponderá a um aumento significativo, à medida que o número de passageiros deve atingir um recorde de 5 bilhões em todo o mundo. Este crescimento notável surge em um momento em que o setor está se recuperando da severa crise enfrentada durante a pandemia de COVID-19.
De acordo com as previsões da IATA, a lucratividade média por passageiro também deverá aumentar consideravelmente. Em 2024, espera-se que as cias. aéreas obtenham aproximadamente 7 dólares em lucro por passageiro, um salto impressionante em comparação com os 2,25 dólares obtidos há apenas 18 meses. Para este ano, a expectativa é que o lucro por passageiro alcance 6,40 dólares. Esses números refletem uma recuperação robusta em um setor que experimentou três anos consecutivos de prejuízos, acumulando perdas de quase 187 bilhões de dólares entre 2020 e 2022, devido às restrições severas de viagem durante a pandemia.
A demanda por viagens continua a se recuperar com força, uma vez que as restrições de viagem impostas pela COVID foram amplamente levantadas. Essa recuperação não apenas restaurou os lucros da indústria, mas também permitiu que as empresas aéreas aumentassem os preços das passagens, refletindo um aumento na disposição dos consumidores para viajar. Essa dinâmica pode ser vista não apenas na quantidade, mas também na qualidade dos serviços prestados, com as cias. aéreas buscando eficiência e inovação em suas operações.
As previsões da IATA indicam que as companhias aéreas do Oriente Médio provavelmente estarão na liderança em termos de lucros por passageiro, com uma estimativa de 24 dólares, seguidas pelas empresas dos Estados Unidos, com 12 dólares, e as europeias, com 9 dólares de lucro por passageiro. No entanto, as companhias aéreas na África, América Latina e na região da Ásia-Pacífico devem enfrentar rentabilidade inferior à média do setor. Essa diferença é um reflexo das distintas estruturas de custos, eficácias operacionais e contexto econômico de cada região.
Durante uma apresentação pré-gravada, o diretor-geral da IATA, Willie Walsh, descreveu esse impressionante marco de receita como “ótimas notícias” para a indústria. Contudo, ele alertou que a rentabilidade líquida do setor ainda permanecerá “extremamente magra”, totalizando 36,6 bilhões de dólares. Este cenário pode ser intensificado por atrasos na entrega de aeronaves por parte de grandes fabricantes, como a Airbus e a Boeing. Walsh ressaltou que os problemas na cadeia de suprimentos têm um impacto significativo na base de custos das companhias aéreas, criando uma incerteza quanto ao futuro das operações e, por extensão, à experiência do consumidor.
As complicações surgem, pois não se trata apenas de contar dólares e passageiros; o caos na cadeia de suprimentos tem gerado uma falta crônica de aeronaves, forçando as empresas a operar aviões mais antigos e menos eficientes em termos de combustível por períodos prolongados. Isso tem gerado custos operacionais e de manutenção crescentes e, além disso, afeta negativamente o meio ambiente, uma preocupação crescente entre os consumidores e reguladores.
Questões de geopolítica também podem pressionar os custos das companhias aéreas, com vastas extensões de espaço aéreo fechadas para voos comerciais. Essas interrupções não apenas forçam as companhias a traçar rotas mais longas, mas também contribuem para atrasos em um panorama já desafiador. Walsh expressou preocupações sobre como a mudança iminente de governo nos Estados Unidos poderia interferir nos esforços do setor para alcançar zero emissões de carbono até 2050. Ele indicou que os benefícios observados sob a administração Biden podem não se sustentar no contexto político futuro.
Cientistas alertam que, para limitar o aquecimento global a não mais do que 1,5 graus Celsius, as emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo devem ser reduzidas a zero até 2050. O setor de aviação representa cerca de 2,5% das emissões globais de carbono, de acordo com dados de pesquisas. Portanto, o futuro da aviação sustentável dependerá não apenas da vontade do setor, mas também do apoio contínuo e de políticas públicas favoráveis à sustentabilidade.
Adicionalmente, em uma atualização empolgante, o Alaska Air Group, que possui a Alaska Airlines e a Hawaiian Airlines, anunciou a sua intenção de iniciar voos diretos de Seattle para Tóquio e Seul no próximo ano. Com a aquisição da matriz da Hawaiian em setembro, o grupo está almejando um bilhão de dólares em lucros adicionais até 2027, mostrando que, em meio aos desafios, novas oportunidades sempre se apresentam. Este é um momento de esperança e renovação na aviação, onde cada nova rota pode simbolizar um passo em direção a uma recuperação ainda mais robusta.
Os desafios se acumulam enquanto o setor se adapta. Walsh pontua que questões de cadeia de suprimentos estão criando um ciclo vicioso de custos crescentes, afetando a operação e a experiência do consumidor. Com a indústria em um ponto de inflexão, todos os olhos permanecem voltados para as companhias aéreas, que agora buscam não somente a lucratividade, mas também a sustentabilidade e resiliência em um mundo em constante mudança.