A temporada de premiações cinematográficas sempre gera grandes expectativas, e as indicações para o Globo de Ouro de 2025 não foram diferentes. Repleto de surpresas e desconsiderações, este ano trouxe à tona discussões acaloradas entre críticos e amantes do cinema. A ausência de Denis Villeneuve na lista de nomeados para Melhor Direção por Duna: Parte Dois, ao lado de conquistas inesperadas de filmes como The Substance, ocupam o centro do palco nesta edição. O Globo de Ouro, sempre visto como um termômetro para o Oscar, fez alguns acertos e erros que não passaram despercebidos pela comunidade cinematográfica.
Os indicados desta edição refletiram, em sua maioria, as apostas feitas durante a temporada de premiações. Desta forma, algumas escolhas já eram esperadas, como as nomeações de Mikey Madison como Melhor Atriz por Anora e Colman Domingo por Sing Sing. Filmes como Conclave, Challengers e A Real Pain já eram amplamente reconhecidos como os melhores de 2024. Portanto, não foram essas menções que causaram burburinho. Em vez disso, o que deixou muitos perplexos foram as omissões notórias e algumas inclusões inusitadas.
Começando pelas desconsiderações, a ausência de Denis Villeneuve foi um grande choque. Duna: Parte Dois, que conquistou indicações significativas, incluindo Melhor Filme – Drama e Melhor Trilha Sonora Original para Hans Zimmer, não teve Villeneuve reconhecido como Melhor Diretor. O filme, uma obra monumental baseada na obra de Frank Herbert, merecia esse reconhecimento, especialmente considerando que o diretor havia sido indicado anteriormente pelo primeiro filme da série. O que isso significa para o Oscars? Poderíamos presenciar uma reviravolta onde Villeneuve seja, finalmente, indicado para a estatueta dourada após essa desconsideração no Globo de Ouro.
Outra grande surpresa foi a quantidade de nomeações recebidas por The Substance, um filme de horror corporal que desafiou as convenções tradicionais ao arrebatar cinco indicações nas principais categorias, incluindo Melhor Filme – Musical ou Comédia, Melhor Diretor e Melhor Atriz para Demi Moore. Para um filme de horror, e ainda mais com a proposta ousada e surreal que The Substance traz, é um feito e tanto. Essa atenção pode ser uma indicação de que ele será levado a sério em premiações futuras, como o Oscar, especialmente considerando que filmes desse gênero frequentemente ficam fora do radar dos prêmios.
A performance de Clarence Maclin em Sing Sing também foi uma desconsideração notável. Por ter interpretado uma versão mais jovem de si mesmo enquanto vivia a experiência do sistema prisional, muitos esperavam que ele figurasse entre os nomeados para Melhor Ator Coadjuvante. A jornada emotiva e a atuação honesta de Maclin ressoaram positivamente entre críticos e jurados de festivais. Apesar dos elogios e das indicações em outras premiações, fica o questionamento sobre o que leva os votantes a deixar de reconhecer um talento tão autêntico.
Outro fator inesperado foi Heretic, indicado como uma comédia, o que gerou discussões sobre a categorização de gêneros e o uso de elementos de humor em histórias dramáticas. Hugh Grant, que foi nomeado por sua interpretação de Mr. Reed, trouxe à tona a pergunta: será que a definição de comédia está mudando? O ecletismo da narrativa de Heretic fez muitos se perguntarem se o humor negro poderia ser uma nova forma de se interpretar o gênero em círculos de premiação.
A ausência de Saoirse Ronan na lista de indicados para Melhor Atriz também incomodou muitos. Com atuações memoráveis em dois filmes significativos, The Outrun e Blitz, a não indicação surpreendeu fãs e críticos. Sua trajetória anterior em prêmios a tornava uma das favoritas. Isso levanta a questão: o que exatamente os votantes consideram que poderia ter sido um diferencial para a sua não seleção, especialmente quando seu currículo já é proveniente de uma forte temporada com papéis impactantes?
A notícia de que Hans Zimmer, compositor renomado, conseguiu uma indicação por sua trilha sonora em Duna: Parte Dois foi, sem dúvida, uma surpresa, dadas as regras do Oscar que o tornaram inelegível. É uma reafirmação de que, embora os prêmios sigam diferentes critérios, a música de Zimmer continua a ser celebrada e admirada no mundo da cinematografia. Considerando que essa trilha é cheia de material reutilizado da obra anterior, a nomeação pode ser vista como um reconhecimento de sua habilidade em criar um som que ressoa e potencializa a narrativa visual.
As nomeações desta edição do Globo de Ouro foram um misto de acertos e deslizes dignos de discussão entre os amantes da sétima arte. Surpresas inspiradoras e omissões decepcionantes são o que tornam a temporada de prêmios tão envolvente. À medida que nos aproximamos do Oscar, resta saber como essas escolhas influenciarão o campo de competidores. Uma coisa é certa: as discussões sobre o que realmente define um ‘grande desempenho’ ou um ‘grande filme’ continuarão a desafiar e a movimentar esta indústria que tanto amamos.