A Tiger Global, conhecida por ter sido um dos principais players no frenesi de capital de risco durante a pandemia, está novamente sob os holofotes, desta vez por conta da performance decepcionante de seu décimo quinto fundo, o PIP 15. Com uma proposta de investimento arrojada, esta firma nova-iorquina alcançou grande notoriedade ao aportar quantias substanciais em startups, inflacionando as avaliações de empresas em ascensão. Contudo, uma nova divulgação que se tornou pública recentemente, através do sistema de aposentadorias dos professores da Califórnia (CalSTRS), lança luz sobre os resultados adversos que os investimentos da Tiger Global experimentaram, especialmente em comparação a outras gestoras, que obtiveram retornos moderados durante o mesmo período.
Em 2021, a Tiger Global fez 315 investimentos em startups, segundo dados da PitchBook. O entusiasmo desenfreado pelo investimento em empresas novatas levou a uma série de guerras de lances, elevando consideravelmente as avaliações cácás pequenas startups. Ao final de 2021, a empresa convenceu seus investidores a comprometerem impressionantes $12,7 bilhões no PIP 15, com o objetivo de continuar este ciclo de investimentos. No entanto, essa tática ousada foi um fardo mais tarde. À medida que o Federal Reserve dos EUA começou uma rápida elevação das taxas de juros em 2022, o mercado de capital de risco se tornou notoriamente mais restrito, consequentemente, as avaliações das startups desmoronaram. Assim, encerramos 2023 com um panorama desolador, onde as startups ainda lutam para justificar os altos valores que ostentavam em 2021.
Com os dados atualizados até 30 de junho de 2024, as perdas acumuladas do fundo PIP 15 da Tiger Global alcançam mais de 15%, colocando este fundo no décimo percentil inferior de todos os fundos de capital de risco levantados em 2021. Entre os investimentos que sofreram cortes significativos, destacam-se a queda de 45% na avaliação da empresa Superhuman, uma desvalorização de 72% do motor de busca DuckDuckGo e uma impressionante perda de 94% na plataforma de mercado de tokens não fungíveis OpenSea. Essa severa desvalorização suscita preocupações sobre a viabilidade futura das empresas da qual a Tiger fez parte, levando a um experimento amargo onde o entusiasmo do passado agora se revela como uma armadilha.
Apesar de uma gestora de capital de risco, geralmente, levar cerca de dez anos para que os retornos sejam traduzidos em ganhos reais — seja através de vendas ou saídas — o que é evidente é que outros fundos do portfólio da CalSTRS têm mostrado um desempenho muito mais robusto. O quinto fundo da Valor Equity Partners, por exemplo, apresentou retornos financeiros positivos de 15,7%, conforme o mesmo relatório que revelou os dados da Tiger. Outras gestoras e fundos também se destacaram, como OakHC/FT, IVP e GGV, que alcançaram retornos de 8,7%, 4,1% e 2,8%, respectivamente. Neste contexto, a performance adversa da Tiger se torna ainda mais alarmante, acentuando um contraste entre as promessas do capital de risco do passado e a realidade de hoje.
A Tiger Global enfrentou desafios significativos: a empresa buscou levantar $6 bilhões para seu décimo sexto fundo, mas posteriormente teve que revisar esta meta para $5 bilhões. No entanto, a coleta de capitais não teve o sucesso esperado, resultando em um fechamento prematuro do fundo em apenas $2,2 bilhões. É importante notar, seguindo os dados da PitchBook, que mesmo que essa quantia continue a ser significativa, ela se mostra insuficiente comparada às ambições da empresa que se materializavam anteriormente.
Ainda assim, a Tiger Global não está completamente fora do jogo. Com um considerável montante de capital disponível, a firma participou de 24 acordos de capital de risco neste ano, incluindo investimentos em empresas de destaque como Waymo, OpenAI e Scale AI, segundo dados da PitchBook. Porém, a sombra da reputação negativa gerada por suas apostas erradas durante o auge da pandemia continua a pairar sobre a Tiger Global, indicando que desvencilhar-se desse estigma representará um obstáculo substancial.
Por fim, é relevante mencionar que alguns dos principais responsáveis pela estratégia de investimento acelerada da empresa já deixaram a firma. John Curtius, um dos investidores de destaque, partiu em 2022 para fundar sua própria gestão de investimentos, a Cedar Investment Management, enquanto Scott Shleifer, atual responsável pelo capital de risco, assumiu um papel de conselheiro. As saídas refletem uma tentativa de revitalização e reposicionamento da Tiger Global no mercado.
Assim, enquanto 2024 traz novas esperanças para o mercado de investimentos, a trajetória da Tiger Global evidencia que as lições aprendidas durante tempos de excessivo otimismo devem ser consideradas psintur e reavaliadas. A jornada da Tiger não é apenas uma história de talentos e investimentos; é um lembrete poderoso da volatilidade inerente ao mundo das startups e ao apetite imenso por inovação.