A crescente tensão no Oriente Médio tem chamado a atenção do cenário internacional, especialmente as recentes hostilidades entre Israel e Hamas, que se intensificaram nas últimas semanas. A administração Biden, em suas últimas semanas no poder, tem trabalhado incansavelmente para estabelecer um cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns antes da cerimônia de posse de Donald Trump, marcada para 20 de janeiro deste ano. Fontes bem informadas sobre as discussões relatam que a colaboração entre a equipe de Biden e a nova administração de Trump tem se mostrado mais próxima do que se imaginava.
Após um recente cessar-fogo entre Israel e Hezbollah no Líbano, as negociações para um acordo sobre Gaza recomeçaram rapidamente, embora de maneira discreta. No entanto, essa ausência de visibilidade é marcada por um histórico de tentativas frustradas, que deixaram os oficiais dos EUA céticos em relação às chances de sucesso. Ambos os lados, Biden e Trump, têm interesses em comum: enquanto Biden deseja um desfecho positivo em sua gestão, Trump busca iniciar seu segundo mandato com uma resolução para os conflitos no Líbano e em Gaza, além da libertação dos reféns mantidos pelo Hamas, o que reacendeu um quadro de negociação que parecia estar estagnado.
De acordo com cinco fontes que estão acompanhando as conversas, houve uma coordenação muito próxima entre as duas equipes, com a administração Biden mantendo Trump e sua equipe atualizados sobre o trabalho sensível e meticuloso para alcançar um acordo. As discussões estão sendo lideradas por funcionários chave, incluindo Bill Burns, diretor da CIA, e Brett McGurk, do Conselho de Segurança Nacional, enquanto Steve Witkoff, o recém-nomeado enviado do Oriente Médio de Trump, atua como interlocutor do lado da nova administração.
Witkoff esteve recentemente em Israel e no Qatar, onde se reuniu com o primeiro-ministro qatari, um mediador principal nas tentativas de cessar-fogo, para discutir a situação em Gaza. Trump, por sua vez, expressou publicamente seu desejo de ver os reféns libertados até seu retorno ao cargo, alertando sobre as consequências se isso não ocorrer. Durante uma conferência de bitcoin em Abu Dhabi, Witkoff reforçou essa mensagem, afirmando que as coisas não seriam boas caso os reféns não fossem soltos.
A posição de Trump, embora inflamada, reflete um consenso nacional americano mais amplo, segundo o Secretário de Estado Antony Blinken, que enfatiza a determinação dos EUA em encontrar uma solução para a questão dos reféns e conseguir um cessar-fogo adequado. Blinken comentou que a declaração de Trump destaca o compromisso de ambos os partidos em retornar os reféns e estabelecer um cessar-fogo, o que demonstra a seriedade com que a administração atual está tratando esse assunto, mesmo com a transição de governo se aproximando.
Cooperação entre administradores atuais e futuros
Ainda que haja profundas divergências políticas entre Biden e Trump em diversas questões, os atuais funcionários da administração Biden têm acolhido o apoio do presidente eleito, vendo isso como uma oportunidade ao invés de um conflito em um esforço para uma transição suave e produtiva. Jake Sullivan, assessor de segurança nacional, enfatizou a necessidade de que as duas administrações permaneçam em contato constante para garantir uma transição eficaz. Ele também passou um tempo considerável atualizando o representante Mike Waltz, que assumirá seu cargo, sobre a crise na Síria durante o último fim de semana.
Trump, por sua vez, tem se distanciado da ideia de simplesmente colocar um fim em um conflito que já dura 14 meses. De acordo com fontes próximas a seu círculo, ele deseja aproveitar a situação a seu favor, buscando crédito por manter a paz e obter a libertação dos reféns.
Enquanto isso, um panorama complexo se desenrola. Atualmente, acredita-se que grupos como o Hamas mantêm aproximadamente 100 reféns em Gaza, com informações indicando que cerca da metade deles continua viva, de acordo com fontes ligadas aos serviços de inteligência. Um novo esboço de acordo está sendo revisto, construído sobre esforços anteriores que envolviam a administração Biden, o Catar e o Egito, incluindo uma fase “humanitária” inicial em que as mulheres, idosos e feridos seriam libertados em troca da liberação de centenas de prisioneiros palestinos.
Desafios nas negociações atuais
Ainda assim, a situação é tudo menos simples. A insistência do Hamas em obter garantias concretas de que Israel encerraria a guerra antes de um cessar-fogo foi um ponto crítico nas discussões, embora esse requerimento tenha diminuído à medida que as negociações evoluíram. Contudo, a recente eliminação do líder do Hamas, Yahya Sinwar por forças israelenses, adicionou uma nova camada de complexidade às já intricadas conversas. A troca de informações e viagens por parte dos oficiais de Biden e Trump culminará em uma visita de Sullivan a Israel nesta semana, onde ele discutirá uma variedade de questões, incluindo Gaza.
As autoridades de Trump também estão engajadas ativamente com o governo israelense. O novo conselheiro de segurança nacional, Waltz, se reuniu recentemente com o assessor mais próximo do primeiro-ministro Netanyahu em Washington. O contexto atual fala de um impasse, mas também de uma nova esperança nas negociações, com sinais de maior flexibilidade por parte do Hamas, estabelecendo um ambiente potencialmente mais positivo para um acordo que beneficie ambas as partes e, principalmente, as vidas dos reféns.
Em um panorama tão crítico e cheio de dinâmica, todos esses esforços de diplomacia podem, finalmente, sinalizar uma possibilidade de um caminhar em direção à paz na região. Afinal, o conflito no Oriente Médio tornou-se uma verdadeira tragédia que afeta milhões, e a busca por uma resolução é uma necessidade premente. À medida que a administração Trump se aproxima de sua posse, a expectativa é de que o clima de ansiedade possa dar lugar a um cenário onde os diálogos se traduzam em ações concretas e favoráveis ao bem-estar dos que mais sofrem com essa situação.
A fotografia ilustra o clima tenso na região e a relevância dos eventos que ocorrem em Gaza para o equilíbrio político do Oriente Médio.