A sombra legal que se abateu sobre o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece ter se dissipado um pouco com sua recente vitória nas eleições, mas para seus aliados, a batalha judicial continua firme. Apesar do ex-presidente ter conseguido desviar parte das acusações referentes às tentativas de reverter os resultados das eleições de 2020 ao conquistar novamente a presidência, pelo menos 45 de seus aliados ainda enfrentam processos criminais em nível estadual. Esses processos são conduzidos por procuradores democratas em estados como Georgia, Michigan, Arizona e Wisconsin, e, mesmo com o poder que Trump possui, esses casos são resistentes a qualquer tentativa de intervenção direta.
Desde o fim das eleições, autoridades estaduais têm avançado com suas investigações e denúncias contra aqueles que estiveram diretamente envolvidos no que ficou conhecido como o esquema dos “falsos eleitores”, uma manobra destinada a reverter a derrota de Trump nas referidas eleições. Em particular, o promotor do estado da Geórgia, Fani Willis, promete seguir em frente com seu caso, que busca responsabilizar Trump e seus associados pela tentativa de desestabilizar o processo democrático. O cenário é de intenso movimento nas cortes, com novos desenvolvimentos surgindo com frequência.
Recentemente, em Wisconsin, a acusação aumentou suas acusações contra três réus, que agora enfrentam dez novas acusações de crimes. A expectativa é que novas acusações também sejam apresentadas em Nevada, onde o procurador geral Aaron Ford já indicou sua intenção de prosseguir com a reabertura do caso relacionado aos falsos eleitores que foi anteriormente arquivado devido a questões de jurisdição. “Não tomo decisões baseadas em quem é o presidente. Tomo decisões baseadas na lei”, afirmou Ford, enfatizando a seriedade da situação em Nevada e a impossibilidade de soluções rápidas para os réus.
Trinta e cinco aliados de Trump estão atualmente enfrentando os desdobramentos legais em uma combinação de processos que incluem figuras notórias como Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Trump, Rudy Giuliani, advogado pessoal de Trump, e Boris Epshteyn, conselheiro próximo. Enquanto muitos dos réus sob os holofotes são figuras relativamente desconhecidas no cenário político, o envolvimento de nomes de destaque traz uma nova dimensão às acusações e um elevado nível de atenção midiática.
A também situação jurídica de Trump na Geórgia está indefinida. Ele e outros 14 co-reus já enfrentam acusações que permanecem inativas até que se determine o avanço do processo. A questão de se um promotor estadual pode processar um presidente em exercício permanece um ponto de controvérsia que pode ter repercussões significativas nos âmbitos jurídico e político. A dúvida que paira sobre o caso é se Willis poderá prosseguir com as acusações contra os outros associados de Trump, enquanto ele se mantém como a figura central no processo. Algumas fontes sugerem que a separação dos casos para julgamento pode ser uma alternativa considerada pelas autoridades judiciárias.
A conduta de Meadows tem atraído atenção especial, com o ex-chefe de gabinete lutando contra acusações relacionadas ao seu papel nas manobras eleitorais. O envolvimento de figuras tão proeminentes das esferas política e legal expõe a complexidade do que ocorreu durante e após as eleições de 2020.
Enquanto isso, em outras partes do país, o andamento dos casos nos estados de Wisconsin e Michigan mostra sinais de progressão. A procuradora-geral de Michigan, Dana Nessel, continua sua luta judicial, como a primeira advogada geral a processar réus relacionados aos falsos eleitores. A luta dela e a de outros procuradores exemplifica o quão diferente pode ser o cenário legal dos Estados Unidos, em um momento em que uma eleição pode inibir ou acelerar processos que têm a potencialidade de refletir a saúde de um sistema democrático.
Com o ano de 2026 se aproximando, os casos em Arizona e Nevada continuarão a desafiar não apenas os réus, mas também o próprio sistema de justiça. A possibilidade de que novas acusações surjam é uma certeza, e o cenário está longe de se acalmar, apesar das tentativas de Trump de desviar as atenções de suas questões legais. A situação nos tribunais mostra que os ecos das ações tomadas após as eleições de 2020 ainda reverberam intensamente, moldando o futuro do sistema político americano e a trajetória legal de muitos indivíduos que um dia estiveram na órbita de Trump.
Ainda assim, uma pergunta continua a pairar: até que ponto essa turbulência jurídica afetará a capacidade de Trump e de seus aliados de recuperar legitimidade política e social à luz das atuais investigações? Somente o desenrolar dos eventos nos tribunais poderá finalmente responder a essa indagação, mas um fato é certo: as repercussões dessa disputa judicial ecoarão muito além das salas de audiência.
Esta notícia foi atualizada para refletir novas prisões e acusações envolvendo aliados próximos de Trump e a instabilidade política e judicial em andamento em múltiplos estados.