Marvel Rivals, um novo jogo hero shooter desenvolvido pela NetEase, promete trazer à vida os heróis e vilões que conquistaram o coração de fãs de quadrinhos e cinema por décadas. Lançado há menos de uma semana, o jogo já enfrenta sua primeira crise de identidade. A direção que a NetEase escolher nos próximos meses poderá determinar se Marvel Rivals se tornará um clássico descontrolado e divertido ou se se tornará apenas mais uma opção do gênero que atende a um público muito restrito. Em tempos em que games como Overwatch têm dominado as atenções, Marvel Rivals se destaca ao abraçar a diversão em meio ao caos, ao mesmo tempo que provoca reflexões sobre seu objetivo a longo prazo.

Ao iniciar o jogo, qualquer jogador que já experimentou Overwatch imediatamente reconhecerá suas bases. As classes são divididas em três papéis: o robusto Vanguard, o causador de danos Duelista, e o estratégico e de suporte Strategist. Os três se entrelaçam como membros de um corpo em busca do mesmo objetivo: manter-se juntos em uma área por tempo suficiente para conquistar a vitória. Ao observar o cenário de combate, fica claro que Marvel Rivals retém características distintivas de seu antecessor, resultando em um jogo que, ainda que possa parecer repetitivo, fornece uma experiência divertida.

A crítica não poderia ser mais clara: Marvel Rivals pode ser considerado uma versão quase que espelhada de Overwatch. Com estruturas de objetivos parecidas e mais da metade do repertório de heróis fazendo referência direta ao famoso shooter da Blizzard, o jogo tem atraído jogadores em busca de uma experiência multiplayer recheada de ação e cooperação. Após várias horas de jogatina, amigos e eu nos pegamos utilizando termos do universo de Overwatch para descrever as mecânicas de Marvel Rivals. Não é incomum que chamemos o movimento de “payload” ao nos referirmos a uma missão de escolta ou rotulemos a habilidade “Blaster Barrage” de Star-Lord como “Reaper Ult”, dado o senso familiar das jogabilidades.

Um dos destaques do jogo é a diversidade nas habilidades de cada herói. Embora haja uma concentração maior na categoria de Duelistas, as habilidades versáteis permitem que quase todos os personagens realizem jogadas impactantes. Entre os favoritos que estão surgindo, Jeff, o Tubarão da Terra, se destaca. Seu potencial de cura é elevado, e, em um instante, ele pode devorar uma equipe adversária sem que eles consigam se defender. Iron Fist, um fighter tradicional, é capaz de seguir heróis velozes como Iron Man, interrompendo suas manobras. Personagens como Cloak e Dagger oferecem suporte alternado, sendo que um foca na sabotagem enquanto o outro proporciona cura.

No calor da batalha, é fácil perder-se em um turbilhão de cores, danos e falas engraçadas que ecoam pelo cenário. Essa dinâmica caótica de combate é verdadeiramente cativante. Algumas habilidades se destacam pela eficácia e pelo fator “uau” que proporcionam ao jogador. Jogar como Star-Lord é uma experiência de alta mobilidade e devastação estratégica. O uso de habilidades de equipe, como quando Rocket Raccoon se monta em Groot para ganhar resistência enquanto Groot se torna um curandeiro, reflete a interação em equipe que muitas vezes pode ser a chave do sucesso em uma partida.

Contudo, a proposta do jogo não escapa à esfera de escrutínio. A comunidade rapidamente começou a clamar por ajustes no equilíbrio do jogo, seguindo a tradição dos jogos competitivos, onde as demandas de balanceamento muitas vezes podem minar a diversão. O potencial de Marvel Rivals para perder seu charme devido a uma busca desenfreada por equilíbrio é uma preocupação legítima. Com a possibilidade de o jogo se tornar um mero reflexo de outras franquias, os desafios que se colocam à frente daqueles que desenvolvem o jogo podem transformar a experiência da maneira que os fãs detestariam. O sentimento de poder e de diversão que se deveria associar a um jogo de super-heróis não deve ser sacrificado na busca pelo que alguns consideram “justo”.

A reflexão que se impõe é a possibilidade de Marvel Rivals se tornar um novo clássico ou um jogo raso, dependente das opiniões de uma fração de sua comunidade. O caminho já trilhado por jogos anteriores deixa claro que não há um script que garanta o sucesso. Um potencial valioso reside na capacidade da NetEase de ouvir seus jogadores, mas, ao mesmo tempo, ter coragem de seguir um caminho que preserve o que os torna especiais. Que Marvel Rivals permaneça fiel a si mesmo, focado na diversão e na interação coletiva que trouxe tantos jogadores ao universo dos super-heróis, e que se transforme em uma bela maré de risadas e camaradagem.

Com uma jornada de aventura apenas começando, não é apenas um desejo que ressoamos aqui, mas uma súplica: que Marvel Rivals compreenda que, em última análise, o que os jogadores anseiam é uma experiência divertida, repleta de caos e maravilhas, e que se concentre na diversão, mantendo suas características e estruturas únicas. Vamos manter este novo fenômeno divertido, e que ele continue a unir amig@s em uma experiência de superpoderes e muito riso.

Leia a crítica completa no Kotaku

Marvel Rivals

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