Andrew Ferguson, um republicano que integra a Comissão Federal de Comércio (FTC), foi indicado por Donald Trump para assumir a presidência da agência. A nomeação foi anunciada em um momento em que a administração Trump promete continuar contestando a chamada “censura da Big Tech” e proteger a liberdade de expressão, temas que têm gerado debates acalorados nas últimas eleições.

O presidente eleito afirmou em uma declaração em sua rede social, Truth Social, que Ferguson será o “presidente da FTC mais voltado para os interesses da América e pro-inovação na história do nosso país”. Esta nomeação surge logo após a seleção por Trump de Gail Slater para o cargo principal de antitruste no Departamento de Justiça, também com o objetivo de restringir o poder das grandes empresas tecnológicas, que, segundo Trump, “tem agido sem controle há anos” e “está sufocando a concorrência em nosso setor mais inovador”.

O papel de Ferguson à frente da FTC é particularmente significativo em um cenário em que a indústria de entretenimento e mídia busca consolidar suas operações. A nomeação coincide com uma onda de fusões e aquisições que vem impactando o setor, levando a uma maior concentração de poder nas mãos de algumas grandes empresas, como Disney, Amazon e Netflix, que, segundo alguns, estão se tornando os “novos guardiões” de Hollywood.

Ferguson foi indicado para a FTC em abril e, durante seu período na comissão, já se manifestou contra iniciativas da agência que visam proibir cláusulas de não concorrência em contratos de trabalho e adotar regras que facilitem o cancelamento de assinaturas, decisões essas que estão sendo desafiadas nos tribunais.

Espera-se que Ferguson se distancie das regras estabelecidas sob a atual presidência de Lina Khan na FTC, que alguns críticos afirmam estar dificultando a negociação de fusões. Dentre as ações esperadas, está a possível revogação das novas diretrizes de fusão reveladas no ano passado, as quais oferecem um roteiro para a revisão regulatória de aquisições, considerando não apenas a estrutura de mercado, mas também o impacto nas condições de trabalho e nos salários.

A Writers Guild of America, que esteve ao lado das alterações nas diretrizes, criticou a aprovação de fusões que, de acordo com a organização, prejudicaram a indústria ao consolidar a mídia e o entretenimento. Em um relatório antitruste de 15 páginas divulgado no ano passado, a guilda identificou Disney, Amazon e Netflix como protagonistas na transformação do setor, alegando que suas práticas têm comprometido a competição e, consequentemente, os direitos dos trabalhadores.

Ferguson traz uma vasta experiência para sua nova posição. Antes de ingressar na FTC, ele atuou como procurador geral da Virgínia e foi assessor do ex-líder da minoria do Senado, Mitch McConnell. Além disso, ele também trabalhou como escrivão de um juiz da corte de apelações federal e do Justice Clarence Thomas.

Essa movimentação no cenário político e econômico representa um desdobramento interessante em um momento em que as tensões entre a liberdade de expressão e os direitos à concorrência estão mais acentuadas do que nunca, e CEOs das principais empresas de tecnologia estão sob intenso escrutínio sobre suas práticas e políticas.

Com a nomeação de Ferguson, a FTC está prestes a ter um novo líder que pode não apenas mudar a abordagem da agência em relação às fusões e aquisições, mas também redefinir completamente o papel dessa instituição em um mercado em transformação. Estaremos atentos aos próximos passos deste desenrolar, que promete impactar diretamente a maneira como a tecnologia e a inovação serão reguladas nos EUA.

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