O clima de incerteza paira sobre os funcionários da Cruise, a startup de carros autônomos, após o surpreendente anúncio do CEO da General Motors (GM), Marc Whitten. Em uma mensagem via Slack, Whitten informou que a empresa não irá mais financiar os esforços da Cruise, que vinha trabalhando por anos no desenvolvimento de tecnologia para veículos autônomos, e que seria remodelada para ser integrada à GM. Esta reviravolta trouxe uma onda de preocupações entre os colaboradores da Cruise, que agora se veem às voltas com a perspectiva de uma reestruturação que poderá impactar diretamente suas posições e a continuidade das iniciativas da empresa.
Durante uma reunião geral realizada para transmitir mais informações sobre a decisão, os colaboradores foram informados que a Cruise seria absorvida pela GM, e os esforços em direção ao desenvolvimento de carros autônomos seriam alinhados com os projetos já existentes da montadora. No entanto, as incertezas sobre a segurança dos empregos mantiveram os ânimos acirrados. Fontes próximas à empresa relataram que as lideranças seniores também ficaram surpresas com essa mudança repentina em um projeto que fervilhava de promessas – um sinal claro de que os planos ambiciosos de colocar os robotáxis na estrada não iam bem.
Funcionários, que falaram ao TechCrunch sob condição de anonimato, expuseram sua chateação, dizendo que se sentiram “surpreendidos” e “pegos de surpresa”. Curiosamente, muitos descobriram os planos da GM **no mesmo momento em que a imprensa foi informada**. Durante a reunião, os executivos reforçaram que os funcionários deveriam se sentir orgulhosos de suas contribuições e que, embora a tecnologia continuasse a existir, o futuro imediato da Cruise estava coberto por uma neblina de insegurança, com o aviso de que levaria meses para que a transição ocorresse.
Porém, as preocupações com possíveis demissões ainda pairam. Colaboradores da Cruise têm manifestado suas apreensões sobre cortes que possam atingir principalmente funções não relacionadas à engenharia e atividades ligadas diretamente ao funcionamento dos robotáxis, como equipes de comunicações, operações em campo, e assuntos governamentais em cidades onde a empresa estava retomando lentamente os testes, como Phoenix, Houston e Dallas.
Em meio a esses desdobramentos, um dos colaboradores relatou que a equipe seguia um cronograma para lançar um serviço de transporte autônomo em Houston em 2025, sem ter previsto a drástica mudança anunciada. Há anos, a Cruise se via sob pressão para comercializar os robotáxis e gerar receita. O otimismo foi palpável em 2021, quando a GM projetou que a Cruise teria dezenas de milhares de **robotáxis personalizados**, com a expectativa de alcançar um faturamento de US$ 50 bilhões ao final da década.
Contudo, os planos da empresa foram reavaliados várias vezes, assim como ocorreu com muitas startups de veículos autônomos. Apenas em agosto de 2023, a Cruise finalmente obteve a permissão final exigida por reguladores da Califórnia para operar comercialmente em São Francisco. Contudo, a situação tornou-se mais complicada após um incidente no dia 2 de outubro, onde um pedestre ficou preso e foi arrastado por um dos robotáxis. Incidentes como esse, ao lado das decisões da Cruise em sua resposta, resultaram na perda de licenças operacionais da empresa na Califórnia, levando ao chão a frota de veículos nos Estados Unidos e à saída de seu co-fundador e CEO, Kyle Vogt, seguidos por rodadas de cortes orçamentários.
Ainda assim, mesmo com a GM tentando conter os custos, o caminho parecia apontar para uma reinicialização. Em junho, a montadora havia concedido um aporte financeiro de **US$ 850 milhões** à Cruise para viabilizar a retomada dos testes dos robotáxis em cidades como Phoenix, Dallas e Houston, além de um acordo de parceria com a Uber para utilizar a plataforma da empresa para seus robotáxis em 2025. O futuro da Cruise, repleto de oportunidades e desafios, continua a ser uma questão em aberto, com a equipe seguindo na expectativa de novidades após este impacto inesperado.