O presidente eleito Donald Trump anunciou, na última terça-feira, uma série de importantes nomeações que prometem impactar distintas áreas da administração pública dos Estados Unidos. Entre as escolhas, destaca-se a indicação de Andrew Ferguson para assumir a presidência da Comissão Federal de Comércio (FTC), além da nomeação de Ronald Johnson como embaixador dos Estados Unidos no México. A seleção traz à tona questões relevantes sobre a postura regulatória do novo governo em relação às grandes corporações e o comércio exterior, em meio a um panorama político carregado de tensões.
Andrew Ferguson, até então um dos cinco comissários da FTC, sucederá Lina Khan, que teve um mandato controverso e polarizador, especialmente entre os gigantes de Wall Street e as empresas de tecnologia do Vale do Silício. Khan ganhou notoriedade por bloquear aquisições corporativas no valor de bilhões de dólares e processar gigantes como Amazon e Meta, levantando acusacões de práticas anticompetitivas. Em uma postagem na rede social Truth Social, Trump exaltou as habilidades de Ferguson, afirmando que ele possui um histórico comprovado de combate à censura das grandes plataformas tecnológicas e de defesa da liberdade de expressão nos Estados Unidos, compartilhando sua expectativa de que o novo presidente da FTC seja “o mais voltado para a América e pro-inovação na história do nosso país”.
A nomeação de Ronald Johnson, que não deve ser confundido com o senador republicano homônimo, é interessante, uma vez que ele já ocupou a função de embaixador em El Salvador durante o primeiro mandato de Trump. Essa nova indicação ocorre em um momento em que o presidente eleito analisa a política de comércio com o país vizinho, incluindo a possibilidade de tarifas sobre importações mexicanas e uma abordagens rigorosa em relação à imigração. Johnson traz consigo um histórico militar, tendo atuado como veterano do Exército dos EUA e na Central Intelligence Agency (CIA), o que, segundo Trump, o habilita como uma escolha respeitada e experiente para o cargo.
A outra interessante nomeação foi a de Kimberly Guilfoyle, que se destacou como ex-procuradora da Califórnia e personalidade da mídia, para o cargo de embaixadora dos EUA na Grécia. Conhecida por seu papel de liderança nas arrecadações para a campanha de Trump em 2020, Guilfoyle não apenas é uma amiga próxima do ex-presidente, mas também se engajou em questões políticas com ferocidade, tendo se tornado noiva de Donald Trump Jr. durante a mesma época. “Estou tão orgulhosa de Kimberly. Ela ama a América e sempre quis servir como embaixadora do país. Ela será uma líder incrível para a América em primeiro lugar”, afirmou Donald Trump Jr. em uma postagem nas redes sociais, ressaltando a conexão íntima entre os Trump e Guilfoyle.
É importante ressaltar que todas essas nomeações precisam ser aprovadas pelo Senado dos Estados Unidos, um processo que pode ser desafiador, dependendo das dinâmicas partidárias e da oposição à administração Trump que ainda persiste no Congresso. No entanto, se aprovadas, essas mudanças têm potencial para reverter diretrizes que foram estabelecidas sob a administração Biden, especialmente em relação ao regulamento de antitrustes que poderia beneficiar diversas corporações, incluindo as grandes do varejo.
A saída de Lina Khan da presidência da FTC pode indicar um futuro onde a comissão adota uma abordagem mais favorável aos negócios, especialmente em comparação aos últimos anos. Especialistas já alertam que acordos que foram vetados na administração Biden, como uma fusão proposta entre Kroger e Albertsons no valor de 24,6 bilhões de dólares, podem reviver com a nova liderança da FTC. Essa fusão, que foi barrada por alegações de que eliminaria concorrência, levando a preços mais altos e diminuição de salários, pode agora ter uma nova chance sob a nova administração. As duas companhias alegam que a união permitirá preços mais competitivos contra rivais de peso como o Walmart.
Enquanto as atenções se voltam para como essas nomeações impactarão a economia e a regulamentação de grandes empresas, a pressão da opinião pública por preços mais acessíveis em alimentos pode fazer com que o governo Trump não se afaste completamente das iniciativas que visam proteger o consumidor. Além disso, a FTC pode continuar a vigiar as grandes empresas de tecnologia em busca de comportamentos anticompetitivos. Políticos republicanos têm enfatizado a importância de regular as ações de gigantes como Meta, especialmente em meio a acusações de censura a visões conservadoras, destacando que a vigilância da FTC continuará a ser um tema quente mesmo sob a nova presidência de Ferguson.