A indústria cinematográfica frequentemente se vê dividida entre a recepção crítica e a popularidade entre o público, e o novo filme da Netflix, intitulado ‘Mary’, exemplifica perfeitamente essa dicotomia. Lançado em 6 de dezembro de 2024, a película, que explora a vida da mãe de Jesus sob a direção de D.J. Caruso, conquistou rapidamente uma posição de destaque nas paradas de visualização global, apesar de sua desanimadora nota de apenas 30% no Rotten Tomatoes. O que leva um filme criticamente mal recebido a se tornar um sucesso estrondoso? É uma pergunta que enquanto cativa, também lança luz sobre a atual dinâmica entre público e críticos no mundo dos streamings.

O filme narra a história de Maria, a mãe de Jesus, que se vê forçada a fugir de Herodes, cujos ciúmes e sede de poder o impulsionam a realizar uma perseguição mortal contra seu recém-nascido. Embora a crítica tenha apontado diversas falhas no roteiro e na execução, o público parece ter encontrado algo a mais no filme, um anseio de conexão com temas históricos e religiosos que muitas vezes são negligenciados por análises superficiais. Vale lembrar que a Netflix tem um histórico misto de lançamentos que variam entre a aclamação da crítica e o ostracismo. No entanto, a produção anterior da plataforma, como as comédias românticas natalinas e filmes de terror, frequentemente conquistaram audiências apesar das avaliações desfavoráveis.

Durante a semana de lançamento, ‘Mary’ alcançou o 4º lugar na lista dos Top 10 de Filmes Globais da Netflix, obtendo 11,4 milhões de visualizações e acumulando 21,2 milhões de horas assistidas. O filme não só conseguiu se posicionar como um favorito em dois países, Réunion e Filipinas, mas também apareceu nas listas de popularidade em impressionantes 71 países. Esse fenômeno levanta questionamentos sobre os motivos por trás do sucesso nas plataformas de streaming, onde o engajamento do público parece prevalecer sobre a crítica técnica.

Além disso, o lançamento de ‘Mary’ coincide com o período de festas e celebrações, quando o interesse por temas religiosos e familiares tende a aumentar, criando um ambiente propício para filmes que tocam esses assuntos. Os espectadores estão em busca de histórias com significado, que ressoam em um nível mais profundo do que o meramente crítico. A reação calorosa de audiências variadas pode estar, portanto, ligada ao desejo humano primordial de se conectar com narrativas que refletem valores e experiências universais.

A resposta do público e as implicações para as plataformas de streaming

A surpresa que o sucesso de ‘Mary’ trouxe para a Netflix pode refletir novas direções na sua estratégia de programação. A questão se coloca: como os serviços de streaming poderão equilibrar a criação de conteúdo bem recebido pelo público enquanto lidam com um ecossistema crítico que, muitas vezes, não é favorável? Esses dados indicam que os espectadores estão se distanciando das avaliações críticas convencionais e, ao invés disso, votando com suas visualizações, provando que em tempos de incerteza, pode ser a conexão emocional que realmente importa.

Os críticos podem ter suas opiniões formadas, mas é evidente que as audiências estão decidindo o que vale a pena assistir. Essa evolução na maneira de consumir conteúdo sugere uma mudança estrutural no modo como filmes são feitos e promovidos. Ao invés de se concentrar exclusivamente nas exterioridades da crítica, plataformas como a Netflix correm o risco de descobrir que o verdadeiro ‘ouro’ está em adentrar as preferências e os sentimentos variados de um público global.

O que o futuro pode reservar para o streaming?

Conforme a linha entre popularidade e crítica continua a se borrar, o sucesso de ‘Mary’ pode indicar uma possível tendência crescente. A partir de agora, plataformas de streaming que investirem mais em compreender o que atrai as audiências, em detrimento das revisões dos críticos, podem colher recompensas através de um engajamento mais profundo e significativo. Se ‘Mary’ é um caso isolado ou um sinal de uma nova tendência permanece incerto, mas uma coisa é clara: no mundo do streaming, as audiências estão se fazendo ouvir e o tradicional jugo da crítica pode não ser mais o fator determinante no sucesso de um filme.

Portanto, enquanto ‘Mary’ segue conquistando platéias, a indústria estará atenta às mudanças no comportamento do público, estabelecendo um novo paradigma que desafiará a forma como as histórias são contadas e consumidas no futuro.

Saiba mais sobre ‘Mary’ no Rotten Tomatoes
Cena do filme Mary

Constantemente observando a audiência, a Netflix parece disposta a moldar seu futuro de acordo com os feedbacks e anseios dos consumidores, preparando o solo fértil para um leque diverso de histórias que todos, independentemente de avaliações, podem querer contar e assistir.

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