A alimentação desempenha um papel crucial na saúde do ser humano, especialmente quando se trata da prevenção de doenças graves como o câncer. Um estudo recente trouxe à tona a possibilidade de que determinados alimentos possam até mesmo dificultar a luta do corpo contra as células cancerígenas, particularmente no cólon. Esta descoberta amplia ainda mais o debate acerca da importância de uma dieta equilibrada e saudável. E, se você acredita que pode comer o que quiser, a sua saúde pode estar em risco.
Os pesquisadores identificaram como potenciais vilões a presença excessiva de ácidos graxos ômega-6 na dieta, que são comumente encontrados em alimentos ultraprocessados. O estudo sugere que essas substâncias poderiam prejudicar as propriedades anti-inflamatórias e de combate a tumores de outro ácido graxo essencial, o ômega-3. O Dr. Timothy Yeatman, um dos autores do estudo, enfatiza que mutações no trato gastrointestinal ocorrem diariamente, mas normalmente são eliminadas rapidamente pelo sistema imunológico com a ajuda de moléculas derivadas do ômega-3.
Entretanto, em um ambiente rico em ômega-6, particularmente oriundos de dietas ocidentais que incluem altas quantidades de óleos vegetais, como os de milho e soja, o corpo pode ter dificuldade em conter essas mutações. O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, que representam cerca de 70% da oferta alimentar nos Estados Unidos, é uma preocupação crescente para a saúde pública. O Linoleato, um ácido graxo ômega-6 comumente presente, pode estar contribuindo para uma desregulação nos níveis de ácidos graxos essenciais no organismo.
Um estudo de 2015 ressaltou que os níveis de ácido linoleico nos tecidos adiposos de americanos aumentaram 136% nas últimas cinco décadas. Isso sugere que a população tem uma significativa desproporção na relação entre ômega-6 e ômega-3. Dr. Bill Harris, especialista em medicina interna, alertou que não se deve apenas acusar os ômega-6, mas sim a falta de ômega-3 que vem se tornando cada vez mais preocupante.
A situação se complica com o aumento dos casos de câncer colorretal, que antigamente era considerado uma doença restrita a pessoas idosas, mas que vem se tornando cada vez mais comum entre indivíduos com menos de 50 anos. Os millennials, nascidos entre 1981 e 1996, apresentam o dobro do risco de desenvolver câncer colorretal em comparação com aqueles nascidos em 1950. Para os homens jovens, esse tipo de câncer é particularmente letal, enquanto para as mulheres jovens ocupa a terceira posição entre os cânceres mais fatais, atrás do câncer de mama e do câncer de pulmão.
Fatores como a obesidade poderiam explicar essa ascensão de casos, mas muitos jovens diagnosticados como vegetarianos ou atletas ativos levantam questões sobre a verdadeira origem do problema. E assim, vai se ampliando a discussão sobre a ligação entre dietas ricas em alimentos ultraprocessados, carnes processadas e uma alimentação pobre em frutas e vegetais frescos, e o aumento do câncer colorretal em jovens.
A resolução da inflamação para a recuperação do corpo
O estudo analisou tecidos tumorais colhidos de 80 pacientes nos Estados Unidos, comparando-os com a mucosa normal do cólon do mesmo indivíduo. O foco foi entender mediadores especializados de resolução da inflamação, que são produzidos pelo corpo a partir dos ácidos graxos ômega-3, como o EPA e o DHA. Esses mediadores têm efeitos anti-inflamatórios potentes que ajudam os tecidos inflamados a voltarem ao estado normal, após a fase aguda da inflamação.
O Dr. Yeatman menciona que existem dois componentes essenciais na recuperação de uma lesão ou infecção: o sistema imunológico precisa primeiro combater a infecção com inflamação e, então, resolver essa inflamação de maneira eficiente. Contudo, os mediadores do ômega-3 entram em ação após a inflamação estar no seu auge, o que torna difícil a sua detecção logo no início do processo inflamatório, exigindo técnicas analíticas sofisticadas para sua identificação nos tumores cancerígenos.
Os resultados mostraram que o tecido normal apresenta um equilíbrio saudável entre os ômega-6 e os ômega-3, enquanto o microambiente do tumor exibe um desbalanço considerável. Os alimentos ultraprocessados, ricos em ômega-6, estavam associados à produção de moléculas pro-inflamatórias dentro do tumor, mas não no tecido normal. Isso sugere que, sem a presença suficiente de ômega-3 para moderar a resposta inflamatória, a inflamação continua a danificar o DNA celular, promovendo um ambiente favorável ao crescimento do câncer.
Por fim, os especialistas alertam que a solução não é eliminar completamente os ômega-6, mas sim aumentar a ingestão de ômega-3 através de fontes como peixes gordurosos, nozes e sementes. Uma dieta equilibrada em ácidos graxos essenciais pode ajudar a manter a saúde e, possivelmente, a prevenir diversos tipos de cânceres. Portanto, é hora de refletir sobre nossas escolhas alimentares e como elas podem impactar nossa saúde a longo prazo. Você realmente ainda acredita que o que você come não importa?
Certifique-se de que a sua dieta seja rica em ômega-3, que não apenas contribui para a sua saúde, mas pode, de fato, ser uma barreira contra o câncer. Então, que tal garantir que você está incluindo esses alimentos essenciais em sua dieta diária? Aqui estão algumas dicas: experimente incluir peixes como salmão e sardinha, que são ricos em ácidos graxos essenciais, em suas refeições semanais.