A gigante da tecnologia Google está revolucionando sua plataforma de chatbots, Gemini, com atualizações significativas que prometem aprimorar a forma como usuários realizam pesquisas na internet. A nova funcionalidade, chamada “Pesquisa Profunda”, está equipada com ferramentas de razão avançada e capacidades de contexto longo, tornando o processo de coleta de informações mais eficiente e eficaz. Essa inovação representa um verdadeiro diferencial no acesso à informação, permitindo a geração de relatórios abrangentes que poderão ser utilizados diretamente em documentos do Google Docs.
Com a introdução da Pesquisa Profunda, o Google está expandindo as fronteiras do que um assistente virtual pode fazer. A nova funcionalidade foi projetada inicialmente para a versão avançada do Gemini, que está disponível apenas para assinantes do Google One AI Premium Plan, com um custo de US$ 20 por mês. O acesso restrito a esta nova funcionalidade levanta a questão: será que o custo justifica a inovação?
Caminhando fundo na pesquisa digital
Mas como exatamente a Pesquisa Profunda funciona? A experiência do usuário começa com a formulação de uma pergunta. A funcionalidade então cria um plano de pesquisa multi-etapas que o usuário pode revisar ou aprovar. A partir daí, a Pesquisa Profunda inicia uma análise refinada em poucos minutos, vasculhando a web em busca de informações relevantes, organizando os resultados em resumos, que já vêm acompanhados de links para as fontes originais. O processo pode se repetir várias vezes até que um relatório completo seja gerado. Essa estrutura pretende facilitar o trabalho de pesquisa, economizando horas de esforço para os usuários.
Vale destacar que a Pesquisa Profunda está disponível apenas em inglês, inicialmente na versão desktop e na web móvel do Gemini, com a promessa de que as aplicações móveis chegarão até o início de 2025. Ao selecionarem a opção “Gemini 1.5 Pro com Pesquisa Profunda”, os usuários poderão experimentar as melhorias significativas trazidas por essa nova ferramenta. David Citron, diretor de produto da Gemini, destacou que este novo sistema utiliza a expertise do Google em encontrar informações relevantes na web, visando economizar o tempo dos usuários.
Desafios éticos e impactos da nova tecnologia
Entretanto, essa tecnologia também levanta questões éticas complexas. Pesquisas recentes sugerem que o uso crescente de IA, como o Gemini, pode ser prejudicial ao desenvolvimento das habilidades críticas dos estudantes. Uma coluna recente no The New York Times, escrita por Jessica Grose, discute como muitos alunos têm delegado tarefas de brainstorming e redação aos sistemas de IA, correndo o risco de perder a capacidade de pensar criticamente. Além disso, um estudo aponta que o uso excessivo da ChatGPT está associado ao aumento da procrastinação, perda de memória e, infelizmente, à diminuição das médias escolares. Isso nos leva a questionar se a facilidade que o Gemini proporciona pode, na verdade, tornar os estudantes menos preparados para os desafios acadêmicos.
Outros impactos também podem ser analisados sob o ponto de vista econômico. Ao coletar informações de diferentes sites e apresentá-las em breves resumos, a Pesquisa Profunda pode prejudicar os editores que fornecem esses dados, já que podem perder valiosas receitas publicitárias. Segundo fontes, a implementação de resumos gerados por IA em buscas, assim como a Pesquisa Profunda, resultou em quedas de tráfego de 5% a 10% nos sites de notícias, resultando em perdas estimadas de mais de US$ 2 bilhões para editores. O Google reafirma seu comprometimento com as parcerias de editoras, assegurando que respeita paywalls e permite bloqueios de scraping. No entanto, a realidade é que os editores enfrentam um dilema: permitir o scraping e manter a visibilidade nos resultados de busca do Google, ou optar por não permitir e perder essa visibilidade.
Novo modelo Gemini 2.0 Flash
A Pesquisa Profunda não é a única novidade que o Google introduziu na plataforma Gemini. Também foi lançada a versão Gemini 2.0 Flash, que promete melhorar o desempenho e a velocidade das respostas. A nova versão experimental está disponível para todos os usuários, gratuitos e pagos, desde o início deste mês. Porém, o Google alerta que algumas funcionalidades da Gemini podem não ser compatíveis com este modelo em estado experimental.
Conforme o Google continua a desenvolver tecnologias que transformam a forma como acessamos informações, a proximidade entre inovações e seus impactos sociais se torna cada vez mais evidente. A promessa de uma pesquisa mais aprofundada é atraente, mas a responsabilidade que acompanha o uso de ferramentas de IA não deve ser subestimada. O futuro do aprendizado e do jornalismo, em um mundo onde a IA é parte integral do cotidiano, ainda está a ser definido. À medida que as funcionalidades do Gemini avançam, resta saber se realmente livrará os usuários das amarras da falta de informações ou se criará uma nova camada de complexidade em nossa relação com o conhecimento. Para muitos, a questão permanece em aberto: estaremos realmente mais bem informados, ou dependentes de uma máquina que apenas reflete o que dá a ela?