Em uma conversa reveladora com o GOAL USA, Mike Dean, ex-árbitro da Premier League, compartilhou sua experiência ao longo de mais de 30 anos no mundo do apito, discutindo temas como o impacto da tecnologia no futebol, especialmente o VAR, e os desafios enfrentados por árbitros tanto em campo quanto fora dele. Dean, que se aposentou em 2022, deixou claro que mesmo com a pressão da profissão, ele não guarda arrependimentos sobre sua carreira, embora atualmente evite sair com a família, principalmente no Reino Unido.
A carreira de Dean não foi fácil. Ele enfrentou o lado obscuro da arbitragem, enfrentando abuso verbal por parte de torcedores nas ruas e até viu sua filha receber ameaças de morte nas redes sociais. Essa situação levanta um debate importante sobre a segurança dos árbitros e a cultura de abuso que ainda permeia o futebol. “Eu não saio muito agora”, comentou Dean, refletindo sobre a preocupação que sente em relação à sua segurança e da sua família, resultado de suas experiências enquanto árbitro.
Apesar dos desafios, Dean enfatiza que a experiência de apitar era gratificante. Ele acredita que muitas pessoas não compreendem o quão satisfatório pode ser o trabalho de um árbitro. “Eu realmente gostei de ser árbitro, acredite ou não, embora as pessoas pensem, ‘Como você pode gostar de ser árbitro? É o pior emprego!’, mas não é. É um bom emprego e eu simplesmente amava isso”, revelou Dean. No entanto, ele não sente falta da prática, especialmente com a introdução do VAR, que está presente na sua mente como um dos pontos mais problemáticos da sua carreira.
“Eu arbitrei na Premier League por aproximadamente 15 anos e agora tinha alguém no meu ouvido me dizendo que eu cometi um erro, o que eu achava difícil de aceitar”, declarou Dean. Ele também observou que a tecnologia nem sempre tem sido uma aliada dos árbitros, e que muitos jogadores, assim como os próprios árbitros, não se adaptaram totalmente ao sistema. Durante suas análises como comentarista da Sky Sports, Dean notou que muitos árbitros hesitam em tomar decisões cruciais, á espera de que a tecnologia “os salve”.
Contudo, Mike Dean está ciente de que o VAR e outras tecnologias como o automated offsides, que está em fase de teste, são tendências permanentes no futebol. As federações de futebol, como FIFA e UEFA, continuam a buscar formas de melhorar o jogo e incorporar novas tecnologias, o que, segundo ele, é uma realidade com a qual todos os envolvidos no futebol terão que conviver. Dean acredita que esta mudança não só modifica como a arbitragem é feita, mas também como os jogadores e torcedores percebem o esporte.
Agora, em sua nova fase, Dean se sente grato por ter a liberdade de expressar suas opiniões e criticidades quanto a aspectos da arbitragem que antes eram difíceis de discutir enquanto estava em campo. Com uma carreira repleta de experiências, boas e ruins, ele continua a contribuir para o mundo do futebol, compartilhando seu conhecimento e oferecendo insights que podem beneficiar tanto os atuais árbitros quanto os amantes do esporte. Neste ponto, ele chama atenção para a possível necessidade de se reavaliar o papel dos assistentes de arbitragem no futuro.
A conversa com Mike Dean serve como um importante lembrete sobre as realidades enfrentadas pelos árbitros, a necessidade de suporte e proteção desses profissionais, e o impacto crescente da tecnologia no futebol. É essencial que, tanto os árbitros quanto os jogadores e torcedores, encontrem uma forma de viverem em harmonia com essas novas ferramentas, tornando o futebol um espaço mais seguro e justo para todos. A reflexão de Dean sobre sua carreira e a evolução do futebol nos convida a considerar o que significa ser um árbitro em um esporte que está sempre em transformação.