Gemma Arterton, conhecida por seu papel como Strawberry Fields no filme ‘Quantum of Solace’, expressou dúvidas sobre a possibilidade de uma James Bond feminina ser aceita pelo público. Em uma recente entrevista ao jornal The Times, a atriz disse estar incerta se a sociedade atual está pronta para tal mudança, frisando que isso poderia ser visto como “demais” para os fãs da icônica franquia de espiões.
“Um James Bond feminino é como se Mary Poppins fosse interpretada por um homem?” questionou Arterton. Essa comparação, mesmo que ousada, ilustra a resistência que mudanças assim podem enfrentar. A atriz destacou que, apesar das discussões sobre igualdade de gênero e diversidade nas telas, ainda existe o temor de que uma versão feminina do 007 não seria bem recebida. “Eles falam sobre isso, mas eu realmente acredito que as pessoas achariam isso muito ousado. Às vezes, é preciso respeitar a tradição”, completou, num tom que leva à reflexão.
Arterton interpretou a analista de petróleo Strawberry Fields em ‘Quantum of Solace’, lançado em 2008, que era o segundo filme de Daniel Craig como James Bond. A presença do personagem no filme é breve, mas marcou a franquia com sua sensualidade e carisma. No filme, a personagem trabalha para uma empresa de energia e acaba se envolvendo romanticamente com o agente secreto, levando a consequências trágicas. A pergunta que fica é: será que o mundo está pronto para um 007 que possa romper essas barreiras?
Durante a entrevista, Arterton também manifestou sua perplexidade sobre o porquê de sua breve participação em ‘Bond’ ter a acompanhado por tanto tempo. “Eu não me arrependo de ter feito um filme de Bond, mas fico perplexa sobre por que isso me seguiu”, disse ela. Essa citação revela uma verdade sobre a indústria do cinema: muitas vezes, os papéis podem assombrar os atores muito depois de terem terminado, tornando-os identidades fixas aos olhos do público.
Além disso, a atriz compartilhou que, com a idade, os papéis que lhe oferecem se tornaram mais interessantes, citando seu trabalho mais recente ao lado de Ian McKellen na peça ‘The Critic’, que fez sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Toronto em setembro de 2023.
Arterton também comentou sobre a saúde de McKellen, que sofreu uma queda durante uma apresentação de ‘Henry IV’. “Ele é tão jovem de coração, mas a queda foi um aviso”, disse a atriz, enfatizando a importância da saúde e os desafios que atores mais velhos enfrentam no cenário atual.
Embora o futuro da franquia Bond ainda seja incerto, as declarações de Gemma Arterton nos fazem questionar não apenas sobre o papel de gênero em filmes de ação, mas também sobre como a indústria é capaz de evoluir frente a pressões culturais e sociais. A dúvida persiste: uma mulher poderia assumir o manto de 007, ou essa perspectiva seria considerada muito ousada para o público atual?
Nesse contexto, a franquia Bond, que já atravessou diversas gerações, deve encontrar uma nova abordagem que considere as mudanças socioculturais, ou preservará seu legado controverso como um ícone masculino em um mundo em mudança?