A startup de criptomoedas Worldcoin, cofundada por Sam Altman, conhecida por desenvolver soluções de “prova de humanidade” por meio da digitalização da íris, anunciou na última quinta-feira uma mudança significativa em sua identidade corporativa: a omissão da palavra “coin” do nome, passando a se chamar simplesmente “World”. Esse movimento, segundo o cofundador e CEO Alex Blania, reflete uma nova abordagem da empresa, que visa expandir sua atuação além do âmbito das criptomoedas. Durante um evento ao vivo realizado em São Francisco, a Startup também apresentou uma nova geração de dispositivos de escaneamento de íris conhecidos como “Orb” e outras ferramentas inovadoras que reforçam seu compromisso com a tecnologia de verificação humana.

Blania esclareceu que o antigo nome da empresa já não era mais compatível com suas ambições e com a evolução de sua proposta de valor. Os fundadores afirmaram que a tecnologia de escaneamento de íris era inicialmente destinada a garantir o acesso às Worldcoins, embora essa premissa não tenha se concretizado. Em um comunicado à TechCrunch, Blania destacou que Sam Altman, que também é CEO da OpenAI, dedica uma parte considerável do seu tempo a World, o que, segundo ele, não interfere nas missões independentes de cada uma das startups, embora tenha deixado em aberto a possibilidade de a criptografia da World ser integrada ao ChatGPT no futuro.

O relacionamento entre as duas empresas é descrito por Blania como próximo, com reuniões frequentes onde decisões importantes são debatidas. No entanto, ele garantiu que o progresso da World não depende do sucesso da OpenAI. Esse anúncio vem em um momento em que as soluções de inteligência artificial estão se tornando cada vez mais relevantes e relevantes aos negócios, e a World se posiciona como um importante infraestrutura para atender a essa demanda crescente. A ideia central por trás da World é que sistemas avançados de inteligência artificial, como os que a OpenAI busca desenvolver, poderiam um dia dificultar a identificação se um usuário online é humano. Assim, a proposta da startup é fornecer serviços de verificação humana ancorados na tecnologia blockchain, além de redistribuir os benefícios da inteligência artificial entre os usuários, através das Worldcoins.

Entretanto, essa proposta não tem sido isenta de controvérsias e desafios. Investigações realizadas por governos ao redor do mundo, incluindo no Quênia e em países da União Europeia, levantaram preocupações sobre privacidade e segurança financeira, resultando na suspensão das operações da empresa em algumas regiões. A incerteza sobre o futuro da World na Europa se mantêm, uma vez que diversas dessas investigações ainda estão em andamento, deixando próximos capítulos da história da empresa em aberto.

Durante o evento em São Francisco, Altman e Blania detalharam um roteiro de quatro etapas para o avanço da empresa. Segundo Blania, as primeiras etapas, que incluem o desenvolvimento do Orb e a construção de uma rede de propriedade distribuída baseada em blockchain, já foram finalizadas. A última etapa envolve redistribuir os benefícios da inteligência artificial, mas antes disso, a empresa precisa alcançar a etapa que se refere à escalabilidade. Na busca por esse objetivo, a World apresentou várias novidades, como o lançamento de um novo blockchain e um aplicativo para ampliar sua base de usuários verificados, que atualmente conta com 7 milhões de pessoas. Para isso, a Corporativa precisará escanear mais íris ao redor do mundo e, nesse sentido, o novo Orb foi revelado como uma ferramenta promissora.

O novo Orb foi projetado para ser mais fácil de produzir, com menos componentes e um funcionamento três vezes mais rápido. Durante o evento, a World se comprometeu a enviar um Orb para todos os presentes, embora não tenham sido fornecidas informações claras sobre como os indivíduos poderiam utilizar o dispositivo em suas rotinas. Além disso, a startup anunciou uma parceria com a Rappi, o principal serviço de entrega na América Latina, o que permitirá que usuários agendem verificações de identidade com o Orb no conforto de suas residências. Outra inovação apresentada foi o Deep Face, uma ferramenta destinada a combater a desinformação provocada por deepfakes e tentativas de impostura, utilizando os serviços de verificação da empresa. Embora as aplicações do Deep Face tenham sido sugeridas para melhorar plataformas como Facetime e Zoom, não foram fornecidos detalhes sobre como isso poderia ser implementado.

Adicionalmente, a empresa lançou um beta para o World ID, uma credencial alternativa aos documentos de identificação governamentais para uso na internet. Essa nova ferramenta não tem a função de substituir identidades nacionais, mas visa permitir que os usuários verifiquem sua identidade online sem compartilhar informações pessoais excessivas, como ocorre quando se utiliza a carteira de motorista ou passaporte. Apesar das inovações anunciadas, a aceitação por parte do público pode representar um obstáculo para o futuro da World. No evento, os convidados foram solicitados a se identificarem com documentos oficiais e, para muitos, confiar uma empresa de criptomoedas para gerenciar seus dados pessoais é um grande desafio, especialmente considerando as acusações de desinformação que pesam sobre Sam Altman e a OpenAI.

Diante de um cenário de incertezas e desafios, a World busca navegar pelas águas complexas do mercado de tecnologia e criptomoedas. Com uma nova identidade, tecnologias inovadoras e um foco na verificação humana, a startup pode estar se posicionando para um futuro promissor, embora muitos questionamentos e análises sobre sua viabilidade e confiabilidade ainda permaneçam em aberto.

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